Duas centenas de alunos de escolas do Algarve celebraram 17 500 dias em Democracia

Foi uma sessão plena de artes e de emoções partilhadas

Duas centenas de alunos do 12º ano de seis escolas secundárias do Algarve, bem como diversos convidados, participaram esta quinta-feira, 24 de Março, na iniciativa “17 500 dias em Democracia”, na na Escola Secundária João de Deus, em Faro.

Promovida pela Direção Regional de Cultura do Algarve, com o apoio da DGEstE-DSR Algarve e várias escolas da região, a sessão celebrou o dia em que se assinala mais um dia do que os vividos em ditadura durante o Estado Novo, e recordar o que custou a liberdade.

A canção “Os Homens que vão à Guerra”, de Fernando Lopes Graça, interpretada pelo coro dos alunos do Agrupamento de Escolas da Bemposta, de Portimão, deu início a uma sessão recheada de momentos culturais e de partilha de testemunhos de quem viveu e lutou pela liberdade.

Os alunos do curso profissional de intérprete de dança contemporânea, da Escola Tomás Cabreira, apresentaram uma coreografia criada para este dia. Na ocasião, foi também exibido um filme realizado no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

O painel de convidados, moderado pela diretora regional de Cultura do Algarve Adriana Freire Nogueira, partilhou com as duas centenas de alunos presentes, memórias da vivência durante a Ditadura.

Assim, Luís Villas-Boas falou sobre a sua intervenção na Guerra Colonial e, já enquanto capitão, no Movimento das Forças Armadas; Carlos Albino, o jornalista que preparou a emissão onde foi divulgada a senha que deu início ao 25 de Abril, falou do contexto que antecedeu a necessidade da revolução; Liliana Palhinha realçou as diferenças na sociedade que a liberdade nos trouxe e contou como, aos 19 anos, em Lisboa, quando estava a distribuir folhetos contra o regime, foi presa e só foi libertada no dia 26 de Abril de 1974; o cantautor Afonso Dias, que foi deputado à Assembleia Constituinte, destacou o artigo 13º, o princípio da igualdade, como o coração da Constituição.

Por fim, a jornalista Elisabete Rodrigues falou da censura, apresentando o caso Jornal do Fundão, caso paradigmático da ação censória do regime e de como a imprensa tentava contornar essa falta de liberdade.

As intervenções foram intercaladas com leitura de textos alusivos à resistência à ditadura, pelos alunos do Curso Profissional de Intérprete de Teatro

A sessão encerrou com a apresentação de fotografias, de Diogo Margarido, de murais do período revolucionário, e com a canção, também, de Fernando Lopes Graça “Acordai”.

No final da sessão, a emoção fazia-se sentir.

Sobre a sua participação nesta celebração, Luís Vilas Boas referiu que esta “é uma experiência que ajuda os mais novos a perceberam e ouvirem sobre situações que, porventura, não aparecem nos livros: pormenores da nossa luta como capitães de Abril para acabar com o regime, acabar com a guerra, acabar com as mortes”.

Liliana Palhinha afirmou que tinha sido “um dia emocionante”, estando mesmo mais emocionada do que havia previsto: “Mais do que nunca, há muito que o digo, mas agora está mais à vista. Nada está garantido. Nós temos de continuar a lutar pela liberdade”.

Carlos Albino declarou: “O meu sentimento é de grande emoção, por ser importante para todos nós, porque se fosse só para alguns era muito mau. Oxalá continue a ser para todos nós”.

Para Afonso Dias, o “balanço é positivo, logo pelo facto de termos mais um dia de liberdade do que de ditadura. A sessão foi maravilhosa pela riqueza cultural que apresentaram, com excelentes elementos. Liberdade antes de mais e sempre”.

Elisabete Rodrigues disse que “esta foi uma sessão que me deixou muitas vezes emocionada, de lágrimas nos olhos mesmo, porque estavam lá pessoas que tiveram um papel na história, mas estavam sobretudo jovens que mostram que, 48 anos depois, o 25 de Abril ainda tem grande significado, e traduziram-no na maneira como reagiram nas atuações, a cantar, a declamar e a representar. Podermo-nos exprimir em liberdade não tem preço”.

Por seu lado, Adriana Freire Nogueira, diretora regional de Cultura, fez um balanço extremamente positivo da sessão: “A adesão dos alunos e professores ao desafio que lhes foi lançado e o resultado que nos apresentaram foi de alta qualidade”.

“Além da emoção que nos fizeram sentir, a excelência das suas apresentações é de louvar. Todos eles. Houve momentos em que as lágrimas me vieram aos olhos. Por outro lado, poder ouvir quem é ‘história viva’, quem participou naquele momento histórico que nos permite viver em democracia e liberdade, foi outra grande emoção. Obrigada!”, acrescentou.

No exterior, durante o tempo em que decorreu a sessão, os alunos de oficina de multimédia da Escola Secundária Tomás Cabreira construíram um mural, no qual, depois, houve intervenções espontâneas, pelos participantes.

Os alunos de comunicação da Escola Secundária João de Deus apoiaram e registaram o evento.

A finalizar, os alunos do curso de Cozinha e Pastelaria, do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa, apresentaram uma refeição de excelência aos convidados.

Na sessão estiveram presentes a vereadora da Câmara Municipal de Faro, Teresa Santos, o diretor regional do IPDJ, Custódio Moreno, o delegado regional da DGEstE, Alexandre Lima, o diretor do Agrupamento de Escolas João de Deus, Carlos Luís, a diretora do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, Ana Paula Marques, o diretor do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa, Francisco Santos, a diretora do Agrupamento de Escolas da Bemposta, Sandra Tenil, e os alunos das escolas secundárias João de Deus (Faro), Tomás Cabreira (Faro), Bemposta (Portimão), Pinheiro e Rosa (Faro), Francisco Fernandes Lopes (Olhão) e José Belchior Viegas (S. Brás de Alportel).

 

Créditos Fotográficos: DRCAlg e Sul Informação

 

 
 

 



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