Arménio, o homem das «sete vidas», lança livro sobre Paderne

Nova obra traça uma cronologia de 800 anos da história de Paderne, até aos dias de hoje

Armenio Aleluia Martins na sessão de autógrafos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Este livro é mais uma das minhas idiotices», garantiu, bem disposto, Arménio Aleluia Martins, no sábado, durante o lançamento, com casa cheia de amigos e admiradores, do seu mais recente livro, «De Badirna e Paderne – Longa viagem no Tempo».

Ao longo das 240 páginas do livro, lançado pela editora Arandis, o autor faz algo que, como ele próprio salientou, «não é muito habitual»: uma «cronologia histórica com uma envolvência de 800 anos, desde o dia em que D. Paio Peres Correia conquistou o castelo de Paderne» até aos tempos atuais. Figuras históricas nacionais ou apenas locais, instituições, acontecimentos que marcaram a terra, tudo ilustrado com fotografias ou desenhos, de tudo um pouco se pode encontrar na obra, uma cronologia histórica e social.

Com dez livros publicados, seis dos quais sobre Paderne, sua terra natal, Arménio Aleluia Martins, de 81 anos, decano dos jornalistas algarvios, sempre ligado ao movimento associativo e cultural padernense, homem dos jornais, da rádio, da música, considerou que, também a esse nível, tem «cumprido a missão».

«Os livros surgiram da apresentação de muitos espetáculos das galas do acordeão. Um dia foi-me feito o desafio de fazer um livro sobre o acordeão no Algarve, mas eu comecei por recusar, porque estava embrenhado no trabalho do jornal», «A Avezinha», do qual foi diretor. Mas, como “mais faz quem quer do que quem pode”, como diz o ditado popular, Arménio acabou mesmo por escrever «Os Anos do Acordeão». Seguiu-se depois um livro sobre a história da Banda Filarmónica Padernense…e outras obras, até esta cronologia de 800 anos.

«Este trabalho foi feito com amor e dedicação», acrescentou, dizendo que o facto de o salão da Caixa Agrícola em Paderne estar cheio de amigos e admiradores serviria para «atenuar o esforço e o cansaço de fazer mais um livro» sobre a aldeia.

 

O presidente da Câmara com Arménio Aleluia Martins – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, presente na sessão de lançamento, fez questão de deixar «uma palavra de reconhecimento» pelo muito que Arménio Aleluia Martins «tem feito por Albufeira, pelo Algarve, pelo país».

Fazendo alusão ao frágil estado de saúde do autor, que recentemente foi sujeito a mais uma intervenção cirúrgica por causa dos seus problemas cardíacos e circulatórios, o autarca sublinhou que Arménio «tem sete vidas como os gatos».

«Um dia, todos nós vamos embora, mas um livro como este fica para os vindouros», concluiu José Carlos Rolo.

Nuno Campos Inácio, um dos responsáveis pela editora Arandis, classificou o autor como um «imortal ao nível da memória que nos deixa».

David Alves, CEO da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Albufeira, sublinhou o valor deste «padernense que, ao longo da sua vida, tem sido um mensageiro da história da terra que o viu nascer».

Por seu lado, Isabel do Vale, atual diretora da biblioteca do jornal A Avezinha, a única biblioteca pública de Paderne, sublinhou a honra e a responsabilidade de ter sido convidada recentemente para substituir Arménio Aleluia Martins nessas funções.

João Cabrita Guerreiro, presidente da Junta de Freguesia de Paderne, recordou todas as diversas facetas da vida do autor, que foi seu «treinador de futebol do Grupo Desportivo da Cacial, dirigente e sócio de várias associações e clubes da terra, jornalista, fotógrafo, orador e escritor».

Falando sobre este seu décimo livro, prefaciado pelo historiador algarvio José António Martins, o autor permitiu-se «a ousadia de contar duas pequenas histórias, que não estão no livro, porque não tenho a data segura de quando aconteceram».

A primeira, deu-se quando Arménio tinha 11 anos e pertencia à JAC (Juventude Agrária Católica), no âmbito da qual deu os seus primeiros passos no jornalismo, já que era o correspondente do jornal da JAC, o «Grão de Bico».

«Um dos meus primeiros trabalhos foi sobre uma peregrinação inédita ao Castelo de Paderne, que nessa altura não tinha acessos, eram só umas veredas, as pessoas ficavam todas arranhadas e sofriam para lá chegar. O Bispo esteve presente, a banda de música abrilhantou, houve beberete. Descendo, sentado numa pedra debaixo de uma alfarrobeira no sopé do monte, peguei no bloco que o meu pai me dera e escrevi a notícia do que aconteceu».

A segunda história, «que também não publiquei», aconteceu «cinco ou seis anos mais tarde, era eu colaborador da Casa do Povo de Paderne, onde tinha a responsabilidade de apresentar os livros e os escritores portugueses. Uma vez, recebemos uma visita de um grupo, com umas 50 pessoas, da Sociedade de Geografia de Lisboa e incumbiram-me de fazer a receção, aqui no local onde era a esplanada do cinema. Na minha intervenção, disse que o Castelo de Paderne tinha grande importância no contexto de Portugal porque, onde estivesse a bandeira portuguesa, estaria Paderne, uma vez que é um dos sete castelos que lá estão representados. Um dos membros da Sociedade de Geografia voltou-se para os outros e disse: o miúdo tem razão!».

Com uma história de muitos séculos, dos quais oito estão cronologicamente retratados no livro, Arménio só lamenta que Paderne não tenha «hoje o dinamismo que deveria ter». Ainda assim, elogiou a Câmara de Albufeira por ter decidido «a construção de um bairro para atrair gente para aqui».

No final, antes da longa sessão de autógrafos, falaram ainda alguns amigos do autor, como o poeta Manuel Neto dos Santos ou o jornalista Neto Gomes, que rematou, com o seu proverbial bom humor: «Arménio, não te esqueças que és uma permanente Aleluia!».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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