ABC e Faculdade de Medicina já estão a dar apoio psicológico gratuito a refugiados

No futuro, esta clínica de apoio clínico, psicológico e emocional também irá beneficiar portugueses carenciados

O Algarve Biomedical Center (ABC) e a Faculdade de Ciências Biomédicas e de Medicina (FCBM) da Universidade do Algarve já começaram a dar consultas gratuitas de apoio psicológico e médico a refugiados vindos da Ucrânia, numa clínica solidária recentemente criada e que, no futuro, também irá beneficiar algarvios em situação vulnerável.

As consultas que estão a ser disponibilizadas visam «prestar apoio clínico, psicológico e emocional, bem como proporcionar avaliações médicas, de forma gratuita, à comunidade que chegue a Portugal refugiada da guerra com a Rússia e aos ucranianos que já estão em Portugal».

O ABC contratou, inclusivamente, a doutoranda Valeriya Boshernitsan, ucraniana radicada no Algarve há quase uma década, para servir de ponte com os refugiados e a comunidade deste país existente no Algarve.

«O que nós estamos a fazer, juntamente com a FCBM e em colaboração com o grupo de voluntários V+ e a Associação Académica, é a providenciar a criação de uma clínica que vai dar apoio psicológico e apoio médico de várias especialidades, para já começando com os refugiados que vêm da guerra da Ucrânia», revelou ao Sul Informação Nuno Marques, diretor do ABC.

«Esta clínica, para além de fazer o acompanhamento dos refugiados ao longo do tempo e de interligar com os cuidados de saúde primários, ou mesmo hospitalares, da nossa região, vai providenciar, mais tarde, este tipo de cuidados a pessoas portuguesas carenciadas, que sejam identificadas pela Segurança Social como sendo necessitadas deste tipo de apoios, de forma completamente gratuita», acrescentou.

 

 

Ou seja, este é «início de um projeto mais amplo, que tem um cariz social por trás e visa dar um apoio complementar ao nosso SNS neste âmbito. Desta forma, conseguimos, de uma forma completamente gratuita, ter especialistas de várias áreas disponíveis para dar apoio a quem mais necessita».

Este era, de resto, um projeto «que já estávamos a montar», o que explica a rapidez com que os parceiros conseguiram colocá-lo em funcionamento.

«Temos um médico que foi formado aqui na Faculdade de Medicina a montar a clínica e que já estava a tratar de toda esta articulação. Apenas apressámos o lançamento, de forma a dar esta resposta de emergência, necessária para ajudar uma população que está a sofrer com a guerra no seu país», explicou Nuno Marques.

O país dos refugiados que estão a chegar à região – alguns com o apoio do ABC, como foi o caso dos que chegaram no sábado a Loulé -, é o mesmo de Valeriya Boshernitsan.

Esta ucraniana nascida e criada em Odessa, formada em física e especializada em engenheira eletrónica e nanotecnologia, veio para o Algarve há oito anos, através do programa Erasmus, para concluir o seu primeiro doutoramento e por cá ficou, sempre ligada à Universidade do Algarve.

«Eu já conheço as pessoas aqui da Faculdade de Medicina há muitos anos. Quando soube que o centro ABC ia criar uma iniciativa de apoio aos refugiados ucranianos que venham para cá,  obviamente, fui ajudar», contou ao Sul Informação.

Valeriya acabou mesmo por ser contratada, para servir de elo de ligação com a comunidade ucraniana.

«As pessoas que chegam e queiram ter acesso às consultas ou qualquer outra informação, podem enviar-me um email [[email protected])]. Já tivemos muitos contactos. Também pus uma publicação no Facebook e contactei com comunidades diferentes. Desta forma, tenho pedidos por Facebook, chamadas telefónicas e estão sempre a cair emails», descreveu.

No que toca ao apoio clínico, psicológico e emocional, está  ser concentrado, neste primeiro momento, «nos refugiados, porque eles chegam com crianças e idosos».

 

Valeriya Boshernitsan

 

«É muito importante para apoiar as crianças, mas também os adultos que chegam, porque para eles é um choque. Vamos dar-lhes este apoio psicológico para evitar que fiquem com traumas e para que consigam ter uma vida normal aqui», explicou a Valeriya Boshernitsan.

O apoio, em muitos casos, começa logo em países como a Polónia e a Hungria, onde médicos e enfermeiros do ABC tem ido, a acompanhar missões humanitárias e de transporte de refugiados, em articulação com Câmaras, como a de Loulé e a de Olhão.

«As pessoas apresentam, por vezes, alguma sintomatologia durante a viagem e necessitam de cuidados. Com este acompanhamento, até damos outra confiança a quem vai na viagem, durante o caminho, porque são três dias até chegarem cá», ilustrou Nuno Marques.

No caminho, «são logo identificadas as situações e à chegada cá temos uma equipa, constituída por médicos, enfermeiros e psicólogos que fazem logo a primeira avaliação, para que sejam devidamente acompanhados desde que chegam cá», concluiu o diretor do ABC.

 

 

 

 

 



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