Reserva Natural Local da Foz do Almargem e do Trafal criada «até final do ano»

Este processo iniciou-se em Maio do ano passado

A Reserva Natural Local da Foz do Almargem e do Trafal, no litoral do concelho de Loulé, deverá estar formalizada «até final do ano», perspetiva o autarca Vítor Aleixo. 

Em declarações ao Sul Informação, o presidente da Câmara de Loulé explicou que, após a aprovação da autarquia esta segunda-feira, 7 de Fevereiro, o documento seguiu para a Assembleia Municipal.

«Depois ainda haverá um período de discussão pública, pelo que, até ao final do ano, acredito que tudo esteja terminado», disse.

Este processo iniciou-se em Maio do ano passado, com a aprovação, pela Câmara, da intenção da criação desta Reserva Natural Local, a primeira do concelho de Loulé.

Esta Reserva Local vai abranger 135 hectares, na faixa litoral da freguesia de Quarteira, e será atravessada por duas ribeiras, – a ribeira da Fonte Santa ou do Almargem e a ribeira do Carcavai. Constitui uma das importantes zonas húmidas do Algarve e nela se destaca, ao nível da biodiversidade, a existência de, pelo menos, 214 espécies de flora autóctone, 9 habitats naturais, 235 espécies de fauna, 137 espécies de avifauna, das quais 26 estão ameaçadas, e 94 espécies diferentes de insetos.

A criação da Reserva vem no seguimento da suspensão do Plano Diretor Municipal (PDM) que a Câmara de Loulé levou a cabo em Março de 2019 e que impediu a criação de um empreendimento turístico naquela zona: a Quinta do Oceano, cuja entidade promotora era o Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado — Invesfundo VII, do grupo Novo Banco.

Ainda no mesmo ano, a Associação Almargem começou um estudo sobre as duas zonas (Foz do Almargem e Trafal) que serve de «suporte técnico e científico de caracterização da riqueza de biodiversidade» destes locais.

Segundo este relatório, estas são áreas «extremamente ricas em vida selvagem, nomeadamente em espécies com estatutos de proteção elevados».

No total, foram identificadas 137 espécies, «com destaque para as aves aquáticas invernantes e migratórias, que reúnem elevadas concentrações de indivíduos nos períodos de invernada emigração, realçando-se as seguintes espécies prioritárias: zarro comum (Aythya ferina), frisada (Mareca strepera) pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), caimão (Porphyrio porphyrio) e gaivota-de-audouin (Ichthyaetus audouinii)».

A isto junta-se ainda a presença muito forte de insetos, entre os quais «três endemismos ibéricos de escaravelhos: a espécie Pterostichus ebenus, a subespécie Carabus rugosus celtibericus e a subespécie Licinus punctatulus granulatus e a grande probabilidade de ocorrência da borboleta Melitaea aetherie, uma das espécies de borboletas mais ameaçadas em Portugal e do louva-a-deus-dos-olhos-pontiagudos (Apteromantis aptera).

Ainda segundo o estudo acima referido, «esta zona tem grande valor como área de reprodução de libélulas e libelinhas do Algarve».

Em simultâneo, além da classificação como Reserva Natural, também vai arrancar o procedimento com vista à elaboração de um Regulamento de Gestão.

 

 

 



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