Faro2027 lança livro que é «exercício de honestidade» sobre candidatura a Capital Europeia da Cultura

Candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura editou um livro que aponta o que é positivo, mas também aspetos negativos do processo

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Não é, de forma alguma, «um exercício laudatório», publicado para enaltecer a candidatura de Faro a Capital da Cultura em 2027, muito menos uma obra que só fala das virtudes da capital algarvia. O livro “Faro2027, E agora?” é «um exercício de honestidade», que resulta de uma abertura «à reflexão de toda a comunidade, de todos os agentes, expondo aspetos positivos e aspetos negativos».

Quem o garantiu ao Sul Informação foi Gonçalo Duarte Gomes, que, em conjunto com Andreia Fidalgo e Tiago Prata, coordenou esta obra bilingue, na qual as versões portuguesa e inglesas formam uma espécie de livro duplo, que foi apresentada na quinta-feira, dia 24, nos Mercados de Olhão.

A própria escolha do município vizinho, juntando lado a lado Rogério Bacalhau e António Pina, presidentes das Câmaras de Faro e Olhão, respetivamente, para apresentar esta publicação, é um sinal de que os conselhos que foram sendo dados foram ouvidos, já que o aumento de escala e a cooperação regional foi uma das necessidades identificadas nas reflexões feitas.

A obra reúne duas dezenas de testemunhos de especialistas internacionais, mas também nacionais, nomeadamente algarvios, e resulta de «um diálogo estruturado sobre algumas das temáticas abordadas pela candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, designadamente interculturalidade, alterações climáticas, turismo, requalificação urbana, pobreza, entre outros».

Daqui, resultou um conjunto alargado de textos que a equipa da Faro2027 percebeu «que não podiam ficar guardados» e que teria de avançar para a edição deste livro, explicou Bruno Inácio, coordenador da candidatura algarvia a Capital Europeia da Cultura.

 

 

Neste processo, Andreia Fidalgo, Gonçalo Duarte Gomes e Tiago Prata, este último à distância, uma vez que vive em Gotemburgo, foram uma espécie de moderadores dos resultados de todo o processo, no qual não participaram.

Ou seja, o primeiro contacto que os coordenadores/autores do livro tiveram com os textos que o compõem foi numa fase em que este diálogo e a elaboração das reflexões pessoais já tinha acontecido.

Desta forma, a primeira coisa que Gonçalo Duarte Gomes e Andreia Fidalgo tentaram perceber foi se tinham «alguma coisa para acrescentar à ideia».

«Se fosse apenas para estarmos aqui a louvar a iniciativa de mais uma candidatura à Capital Europeia da Cultura, a mim, pessoalmente, e com os meus conhecimentos, não teria nada de relevante para dar», disse Gonçalo Duarte Gomes, que é arquiteto paisagista.

Mas, após a leitura dos textos, «percebemos, efetivamente, que havia ali aquilo que eu classifico como um exercício de honestidade por parte da candidatura, que é abrir-se à reflexão de toda a comunidade, de todos os agentes, expondo aspetos positivos e negativos, por parte de pessoas batidíssimas neste tipo de projetos, com muita experiência em processos de candidatura».

 

 

Afinal, entre os textos que dão corpo a esta obra estão alguns que colocam o “dedo na ferida”.

«Aquelas pessoas lançam alertas para aspetos menos positivos, não deixam de destacar os aspetos positivos, mas é um exercício de honestidade e de reflexão aberta à comunidade que eles promoveram. A partir daí, abracei com grande entusiasmo esta ideia», afirmou Gonçalo Duarte Gomes.

«No fundo, o nosso papel foi olhar para todos aqueles textos e dar-lhes uma sequência lógica, de modo a criar uma publicação que fosse interessante para qualquer pessoa, mais ou menos interessada ou familiarizada com este tema», disse, por seu lado, Andreia Fidalgo.

Com esse objetivo em mente, os textos foram «organizados de uma forma que achamos que é bastante intuitiva, o mais lógica possível».

«Obviamente que nenhum texto é igual ao outro, professam todos ideias muito diferentes e não foi fácil encontrar uma linha condutora. Mas há sempre pontos que são convergentes mesmo que tenham opiniões diferentes. Foi nesse sentido que definimos quatro temas, que agrupam todos estes textos de uma forma um bocadinho mais coerente», disse ao nosso jornal a historiadora.

 

Andreia Fidalgo

 

Apesar de, depois de paginada, acabada e editada, a obra estar toda direitinho, não foi fácil chegar à versão final.

«Quando achávamos que conhecíamos um texto e que o tínhamos lido e interpretado, depois da discussão conjunta e da tentativa de organização, para criar esta tal sequência lógica que permitisse uma reflexão, tínhamos mais dúvidas do que certezas. Então tínhamos que reler tudo e ver se realmente estava tudo bem», conta Gonçalo Gomes.

«Mudámos várias vezes o alinhamento. Num dia parecia que tudo batia certo. Mas no dia seguinte dizíamos: afinal este ficar melhor ali e este aqui. E trocávamos a ordem», reforçou Andreia Fidalgo.

Mas a versão final foi encontrada e brindada com um título que coloca a bem pertinente questão “E agora?”.

Esta edição é gratuita e os interessados poderão obter o seu exemplar na Biblioteca Municipal de Faro ou contactando a autarquia.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



Comentários

pub