Os camaleões vão ser as estrelas de um novo espaço a ser criado na Quinta de Marim, a sede do Parque Natural da Ria Formosa, em Olhão, graças a um protocolo assinado na quarta-feira, dia 2 de Fevereiro, entre o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a associação algarvia Vita Nativa.
O Centro de Interpretação do Camaleão vai ser criado no antigo canil de cães-de-água portugueses, «que está abandonado há muitos anos. Esta será uma forma de rentabilizar o espaço e de trazer mais gente curiosa aqui ao parque natural», explicou Fábia Azevedo, dirigente da Vita Nativa.
Uma ideia que é reforçada por Castelão Rodrigues, diretor regional do ICNF, entidade parceira do Projeto Camaleão desde o seu início e que vai não só ceder o espaço para o centro, como colaborar com a Vita Nativa «na exposição que irá ser pensada para esse espaço».
«Este será mais um local onde os nossos visitantes poderão ir. É um espaço que atualmente está degradado e poderá ser valorizado com a criação do centro, tornando a Quinta de Marim muito mais apelativa para quem cá vem», disse o diretor do ICNF no Algarve.
O acordo que foi celebrado permitirá dar continuidade ao Projeto Camaleão, uma das ideias vencedoras do Orçamento Participativo Jovem Portugal de 2019, que terminou no final de 2021.

«Depois de um ano de trabalho, nós achámos que tínhamos toda a força para continuar. Então surgiu esta oportunidade de se criar aqui, na Quinta de Marim, um espaço dedicado à espécie, que congregue todas as atividades relacionadas com o camaleão e o seu habitat», enquadrou Fábia Azevedo.
«E é isso que nós pretendemos: ter um espaço que receba visitantes, onde se faça sensibilização ambiental, onde se traga as escolas, para que aprendam sobre os camaleões. Queremos que essa seja a bandeira para que se consiga preservar todos os habitats que a espécie utiliza», beneficiando todo o ecossistema, disse.
«É esse o objetivo principal, ter um espaço expositivo, mas também de sensibilização, e onde também se possa desenvolver trabalho científico, trabalho académico», acrescentou.
A criação deste centro era, de resto, um dos objetivos iniciais do projeto. «Só que, no primeiro ano, não conseguimos avançar com o processo burocrático, não só devido à Covid, mas também à existência de eleições – várias eleições. Toda esta conjuntura política não permitiu que se avançasse com o centro».

Tirando isso, o Projeto Camaleão foi um sucesso, daí que haja esta vontade de o prolongar indefinidamente.
«Conseguimos sensibilizar, diretamente, mais de 1500 pessoas, apesar da pandemia. Fizemos ações presenciais de sensibilização e uma campanha de ciência cidadã, que ainda está a decorrer e não tem fim previsto, na qual pedimos à população, à comunidade, para se tornar cientista e colaborar, enviando registos de camaleões e de observação de exemplares desta espécie», segundo Fábia Azevedo.
O apelo foi ouvido e foram enviados por cidadãos «700 registos durante o ano passado», o que «permitiu comprovar a existência da espécie em algumas localizações onde ainda não estavam registados».
«Os estudos científicos apontavam para que a espécie se distribuísse mais pela zona litoral, pelas dunas. No entanto, nós já temos muitos registos na zona do Barrocal e na zona do interior, como por exemplo em São Brás de Alportel, em Silves e na península de Sagres. Tudo isso foi ciência que se produziu através da contribuição das pessoas, dos cidadãos», salientou Fábia Azevedo.
Além da Vita Nativa e do ICNF, são parceiros deste projeto o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), a Universidade do Algarve, as Câmaras de Loulé, Faro, Olhão, Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António, bem como o RIAS.
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