UAlg quer formar médicos investigadores num novo doutoramento “sandwich”

Um novo programa doutoral da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve, a promover em parceria com a Fundação Champalimaud, está em fase de aprovação

Foto: Gonçalo Dourado/Sul Informação – Arquivo

Formar médicos que sejam também investigadores nas mais diversas áreas é o objetivo de um inovador curso que a Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas (FMCB) da Universidade do Algarve quer lançar já a partir do próximo ano letivo, em parceria com a Fundação Champalimaud. A academia já submeteu à aprovação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) um doutoramento “sandwich”, com uma duração total de sete anos, e espera obter autorização para o lançar em «Setembro ou Outubro de 2022».

Esta nova oferta formativa visa formar «pessoas que estejam bem posicionadas para poderem fazer medicina e investigação de translação. Ou seja, queremos criar profissionais que sejam, simultaneamente, médicos e investigadores», disse ao Sul Informação Isabel Palmerim, diretora da FMCB e do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da UAlg.

«É óbvio que, atualmente, já temos alguns médicos que são investigadores, mas, normalmente, são mais de investigação clínica. Aqui, pretendemos que o médico possa fazer a translação do básico para o clínico. Daí eles estarem cá os dois primeiros anos em Medicina, para apanharem os nossos casos PBL (Problem Based Learning), para terem as bases todas de medicina», explicou.

«Depois, vão para o doutoramento já com uma cabeça formatada para medicina e, quando acabam, vão para o hospital com uma cabeça de médico/investigador. Estamos a falar em investigação nas mais diversas áreas: Bioquímica, Neurociências, Desenvolvimento Embrionário, Farmacêutica, entre outras», precisou Isabel Palmeirim.

A intenção da UAlg em avançar com esta oferta formativa já tinha sido anunciada em Julho, numa sessão que contou com a presença de Manuel Heitor, ministro do Ensino Superior.

Na altura, Paulo águas, reitor da UAlg, explicou ao nosso jornal que o que está em causa é «um doutoramento “sandwich”».

Os estudantes que ingressarem neste doutoramento fazem os dois primeiros anos com os demais alunos do MIM. «Mas, ao chegarem ao segundo ano do nosso curso de medicina – que tem quatro anos -, não passam para o terceiro e iniciam um doutoramento».

«Após concluir o programa doutoral, regressam à Ualg para concluir o curso de medicina. Eles vão terminar o curso três anos mais tarde que os outros colegas que não seguiram este percurso, mas já têm um doutoramento. Estes alunos primeiro têm um doutoramento e depois é que se tornam médicos», resumiu Paulo Águas.

O reitor da UAlg salienta que esta oferta só é possível «porque todas as pessoas que entram no MIM já têm um grau académico, o que lhes possibilita o ingresso num programa doutoral».

Estes alunos, que serão, segundo Isabel Palmerim «oito por ano», não são estudantes «que entram no mestrado e são escolhidos por nós para este programa. São alunos que já entram para fazer este percurso. Uns serão os que entram para fazer o curso de medicina dito normal – embora o nosso seja tudo menos normal – e outros os que entram para fazer este programa sandwich», explicou.

«Teremos as vagas de medicina e esta será uma oferta formativa diferente, que, nos dois primeiros anos e nos dois últimos, cruza com a medicina», acrescentou.

Já os doutoramentos «serão feitos nas duas instituições envolvidas. Haverá programas doutorais na Fundação Champalimaud e aqui na UAlg. 50% dos alunos estarão num lado, os outros 50% no outro».

O avanço deste novo curso está dependente da aprovação da A3ES, que, a confirmar-se, deverá chegar «em Maio», concluiu Isabel Palmerim.

 

 

 

 



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