PIB do Algarve sofreu quebra histórica de -16,7% em 2020, o dobro do descréscimo nacional

Que impacto teve a crise na economia regional? Como evoluiu o contributo do Algarve para o PIB nacional? Qual foi o desempenho regional em comparação ao de outras NUTS II?

O Produto Interno Bruto (PIB) do Algarve foi de 8.706 milhões de euros em 2020, o que representou uma quebra histórica de -16,7% em relação ao ano anterior, praticamente o dobro do descréscimo que se registou a nível nacional (-8,4%).

Os dados foram divulgados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, que disponibilizou mais uma edição do “Números em Destaque”, desta vez dedicado às Contas Regionais de 2020.

Este boletim surge na sequência da disponibilização, no dia 15 de Dezembro, dos dados consolidados de 2019 e dos provisórios de 2020 das Contas Regionais pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apresentando uma análise sintética e a evolução de um conjunto de indicadores que traduzem globalmente o panorama macroeconómico da região.

A CCDR Algarve salienta que, «como se aguardava, as contas regionais refletem o fortíssimo impacto da pandemia com uma diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) regional em 16,7 por cento, em termos homólogos, e diminuindo o peso relativo do PIB da região em relação ao País de 4,8 para 4,4 por cento, confirmando as consequências do choque externo causado pela pandemia, que abalou a economia mundial e, em diferentes intensidades, os países e as regiões, com especial reflexo no Algarve por ter uma base económica quase exclusivamente dependente do Turismo».

 

Para a contração real do PIB no Algarve, «contribuiu significativamente o decréscimo do Valor Acrescentado Bruto (VAB) dos ramos do comércio, transportes e alojamento e restauração, atividades com relevância fundamental na estrutura produtiva da Região e muito afetadas pela diminuição da atividade turística associada às restrições impostas pela pandemia da COVID-19».

Em 2019, o Produto Interno Bruto do Algarve (PIB) atingiu 10.240 milhões de euros. Os dados definitivos agora publicados traduzem uma revisão em alta do crescimento real do PIB em seis das sete NUTS II, incluindo o Algarve, que apresentou uma taxa de variação homóloga de 3,2%, acima dos 2,7% registados no país.

O ano de 2020 foi marcado pelo forte impacto do surto pandémico, que se expressou a diferentes escalas, com particular intensidade nas regiões mais dependentes dos fluxos turísticos. «As consequências ao nível do crescimento e do emprego foram sentidas de imediato, refletindo-se no rendimento e nas condições de vida das famílias. A região algarvia, que apresenta normalmente uma resposta mais intensa aos ciclos económicos, reagindo de forma mais negativa do que o país em momentos de retração, foi fortemente abalada», explica a CCDR.

Esta evolução contrasta com seis anos de crescimento económico, de 2014 a 2019, em que se se chegou a assistir a um aumento superior a 5% em dois períodos consecutivos.

O Algarve foi mesmo a NUTS II portuguesa com a maior contração do PIB, à semelhança do que já havia ocorrido em 2009 e 2011, apesar de, então, a variação máxima ter sido bastante inferior (-6,5%). No universo das regiões portuguesas não há registo de uma contração desta dimensão desde 1996.

 

O contributo do Algarve para o PIB nacional, que aumentou de forma constante nos últimos anos, atingindo 4,78% em 2019, baixou para 4,35% em 2020.

O PIB per capita diminuiu para 19,9 mil euros, 15% abaixo do ano anterior. Se, em 2019, o PIB per capita da região equivalia a 112% da média nacional, em 2020 essa proporção caiu para 102%, valor igual ao registado em 2009 e em 2014. Apesar disso, o Algarve manteve o segundo PIB per capita mais elevado do país.

 

 



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