Pedro Pinto (Chega): No Algarve, existe «um problema com a subsidiodependência»

«A regionalização, da maneira como querem fazer os socialistas, não!»

Pedro Pinto é secretário-geral do Chega e empresário em Portalegre, onde já foi dirigente do CDS. Foi diretor da revista “Ruedo Ibérico”, ligada à tauromaquia.

É agora o cabeça-de-lista do Chega às Eleições Legislativas de 30 de Janeiro, pelo círculo eleitoral do Algarve.

Com Pedro Pinto, prossegue a série de entrevistas que o Sul Informação está a publicar, com todos os cabeças-de-lista de todas as forças políticas que se candidatam pelo círculo eleitoral do distrito de Faro.

A todos, e numa lógica de igualdade de oportunidades, foi enviado, atempadamente, um mesmo questionário com 12 perguntas.

As respostas são, naturalmente, diversas, como ficará claro ao longo dos próximos dias, com a publicação de todas as entrevistas.

 

Sul Informação – Quais são as prioridades da sua força política para a próxima legislatura para o Algarve?

Pedro Pinto – O Algarve precisa de desenvolvimento, não pode parar quando termina o Verão e retomar no ano seguinte.
Repare que o desemprego aumenta em meses sucessivos no Algarve, em relação ao resto do país, o que prova que as políticas dos governos esquecem os algarvios.
Precisamos de uma política de desenvolvimento. Para isso, já temos um gabinete de estudos no Algarve, para tratar de temas que interessam e melhorem a vida das pessoas, para que os possamos levar à Assembleia da República.
Daremos prioridade também à saúde e às vias de comunicação. Não pode haver desenvolvimento com estradas e linhas férreas com poucas condições, por isso vamos propor a requalificação das estradas EN124 e EN125, bem como da linha férrea.
Precisamos igualmente de ter hospitais bem equipados, com profissionais de saúde à altura.

SI – O que levou a que aceitasse ser cabeça de lista pelo partido ou força política que representa?

PP – Sempre fui um homem de desafios. Não podia recusar o convite de André Ventura para mais esta missão.
Portugal vive há décadas envolvido em esquemas de corrupção, onde a justiça não funciona e onde as desigualdades aumentam a cada dia que passa.
Temos, finalmente, um homem que fala sem medo o que os portugueses comuns pensam e sentem na pele; temos de mudar Portugal e este é o momento, não haverá outra oportunidade!

SI – Quais são as expetativas e objetivos da sua força política em relação a estas Eleições Legislativas?

PP – Os objetivos foram bem definidos por André Ventura: ser terceira força política, ter o máximo de votos e deputados, para que possa ter força para ajudar a tirar António Costa do poder.
Não é votando no PS ou no PSD que se muda, pois são partidos iguais, que têm já uma larga história de corrupção, desde Sócrates a Armando Vara, passando por Duarte Lima, entre tantos outros.
Aqui mesmo, no Algarve, em Vila Real de Santo António, uma autarca social democrata foi detida à porta de casa, por causa de negócios com um deputado do PS… Querem mais promiscuidade?

SI – O que falta fazer no Algarve?

PP – O Algarve tem tudo para ser uma das regiões de Portugal mais desenvolvidas… Nem o turismo está a ser aproveitado como deve ser. Tem serra, praias maravilhosas, sectores como a pesca ou a agricultura, um clima fantástico.
Falta fazer muita coisa, ajudar as pessoas a criarem e a terem emprego, através de um programa que chamamos “Algarve 365”, que visa que a região funcione todos os dias no ano.
Atrair empresas, temos uma ligação fantástica com Espanha, temos produtos maravilhosos que podem ser exportados para a Europa. Tanta, tanta coisa para fazer e aproveitar.

SI – A Saúde é um setor deficitário no Algarve e no país. Que medidas preconiza para resolver os problemas da Saúde no Algarve?

PP – É sim deficitário! Quando António Costa bate no peito e escreve no seu programa eleitoral que entraram 128.000 novos profissionais de saúde, as pessoas que estão mais de 1.000 dias à espera de uma consulta ou estão horas e horas nas urgências dos hospitais ou têm de se levantar às 5 da manhã para conseguir uma consulta de recurso no centro de saúde, sabem que está a mentir.
A saúde dos portugueses é extremamente importante e, no Algarve, nos meses de Verão, a população tem um acréscimo brutal e as unidades hospitalares não dão resposta.
Mas não é só no Verão, desde há alguns meses que, por exemplo, a Urgência Pediátrica do Hospital de Faro está em risco de encerrar à noite…
Isto não se vê nem em países do terceiro mundo.
Os nossos profissionais de saúde estão obviamente cansados, depois ainda lhes vendem o “país das maravilhas”.

SI – E quanto ao Hospital Central do Algarve? Quando deve avançar e porquê?

PP – Deve avançar o mais rapidamente possível, pois os algarvios já esperam há 20 anos por essa obra.
Já passaram governos de PS e PSD, com avanços e recuos, o que prova que PSD e PS são uma vez mais iguais.
Os socialistas vieram agora dizer que a obra avançaria em 2021/2022, mas nem estava contemplada na proposta de Orçamento de Estado, nem está prevista no Programa de Estabilidade e Crescimento entregue a Bruxelas.
Ou seja, o dinheiro da famosa “bazuca” ou não virá ou passará ao lado do Algarve.
É uma obra extremamente importante, para que haja condições dignas de assistência num hospital, e tem de haver melhores condições e mais incentivos para os profissionais de saúde.
Um governo que gasta 24 milhões para a construção de um museu em Lisboa e não investe na saúde…
Neste tema, vemos também a construção urgente do Hospital de Lagos como uma obra fundamental para o Barlavento algarvio.

SI – O Governo anterior avançou com a Descentralização de Competências para os Municípios. Que balanço faz desse processo?

PP – Pergunte aos algarvios que diferenças sentiram e que benefícios trouxe à região. Foi mais uma medida de propaganda socialista, em que o único objetivo é o governo lavar as mãos de alguns problemas e passá-los às autarquias, sabendo que a maior parte tem dificuldades financeiras e que o dinheiro que veio não chega para o investimento necessário.
Que investimento houve por exemplo na saúde, nas forças de segurança ou na habitação? Muito pouco ou nada…

SI – Um futuro Governo deverá avançar com a Regionalização? Porquê ou porque não?

PP – A regionalização, da maneira como querem fazer os socialistas, não! Porque o que pretendem é arranjar mais governos locais, mais cargos políticos, mais tachos para os amigos e o contribuinte a pagar.
Concordamos que sim, se deve debater o tema e vermos os diversos pontos de vista, para existir uma solução mais abrangente, mas que não seja a criação de mais cargos políticos.

SI – Na Assembleia da República têm-se sucedido as resoluções para acabar com as portagens na Via do Infante ou, pelo menos, para introduzir descontos significativos. O que pensa deste tema e que soluções preconiza?

PP – É mais uma promessa não cumprida do PS. Em 2015, António Costa veio ao Algarve e prometeu acabar com as portagens na Via do Infante, passado uns meses não era acabar, mas sim ter descontos e depois foi-se esquecendo do tema e os algarvios e as empresas a pagar.
Já chega de falsas promessas e os deputados socialistas eleitos pelo Algarve ficam em silêncio, com medo de perder o lugar.
É assim que o socialismo trabalha. Como “prémio”, no início deste ano, houve aumentos das portagens e a A2, de Lisboa para o Algarve, aumentou o dobro da A1 de Lisboa para o Porto, repito, o dobro!
Querem meter-nos cada vez mais longe de Lisboa!

SI – No início da atual crise da pandemia, o Governo anunciou um plano específico para o Algarve, que nunca chegou a ser concretizado. O que precisa o Turismo do Algarve para recuperar da pandemia?

PP – Mais um anúncio e uma promessa não cumprida. O Algarve precisa de ajuda, os empresários da hotelaria, restauração e comércio precisam de medidas que possam aguentar os seus negócios, porque, infelizmente, centenas deles tiveram de fechar portas e o desemprego aumentou.
A ajuda passará também por linhas de crédito, com menos burocracia, que não complique, mas sim facilite o acesso às verbas que possam ser disponibilizadas em virtude da pandemia.

SI – No caso de questões mais fraturantes, como a regionalização, as portagens na Via do Infante e a saúde, entre outras, se for eleito, votará na AR de acordo com a sua convicção, mesmo que vá contra as orientações do seu partido?

PP – O Chega nunca irá contra os temas que sejam importantes para o Algarve, porque, primeiro que tudo, para nós, estão as pessoas.
Somos sensíveis aos temas importantes para a região, os Algarvios sabem que, no Chega, terão um porto de abrigo, gente que sabe o que é preciso e que estará sempre ao lado dos portugueses comuns. O Algarve nunca nos falhou, nós não falharemos ao Algarve!

SI – Quer acrescentar mais algum tema ou questão?

PP – É importante dizer que na nossa região existe também um problema com a subsidiodependência, não podem estar uns a trabalhar, para os outros estarem nos cafés, sem fazerem nada e ainda a gozar com quem vai trabalhar.
As pessoas que tiverem condições para trabalhar terão de o fazer, nem que seja em prol da comunidade.
Os deputados do Chega na Assembleia da República serão a voz dos Algarvios comuns, dos que trabalham, dos pescadores, dos agricultores, dos motoristas, dos comerciantes, dos professores, das forças de segurança, dos bombeiros, dos profissionais de saúde e de todos os que contribuem para engrandecer esta região.

 

 



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