Natal e Ano Novo ficaram «bastante aquém» e hoteleiros pedem apoios ao Governo

Há expetativas para que, em Março, regresse a retoma do turismo

O período das festas de Natal e Ano Novo ficou «bastante aquém» do que era esperado na hotelaria algarvia, o que leva a que o setor defenda o «urgente apoio» às empresas, mais uma vez afetadas pela Covid-19. 

Ao Sul Informação, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), assumiu que, no início de Dezembro, havia a «expetativa» de este ser um «período de festas já normal», mas a pandemia voltou a trocar as voltas.

«Vínhamos a recuperar, mas a verdade é que, depois, as sucessivas restrições, seja nos mercados emissores, seja nas viagens ou na oferta, provocaram uma retração da tendência e não tivemos um desempenho próximo daquele que tínhamos esperança», considerou.

 

João Fernandes

 

Segundo este responsável, apesar de ter havido hotéis com ocupações «perto dos 90%», noutros os números não foram além «dos 30%».

No caso do D. José Beach Hotel, em Quarteira, o Natal contou com uma ocupação de cerca de 30% e o Ano Novo com 50%, números abaixo do que era esperado por João Soares, o diretor desta unidade hoteleira.

«Tivemos muitos cancelamentos, poucas reservas de última hora, essencialmente devido à mudança das regras e à decisão da Comunidade Intermunicipal do Algarve, tomada sem falar com o setor privado, de cancelar qualquer festejo de Ano Novo», disse ao Sul Informação.

Na opinião de João Soares, teria sido possível fazer essas celebrações, «de uma forma segura», ajudando, dessa forma, a própria hotelaria.

De acordo com João Fernandes, «cerca de 40% dos hotéis estiveram, como é hábito, fechados, mas não tivemos, como já chegou a acontecer, aqueles fenómenos de unidades que só abriam para a passagem do ano», acrescentou.

O setor da hotelaria vive, por isso, mais um período complicado – pese embora as melhorias face a 2020. A Associação da Hotelaria de Portugal já veio alertar «para a grave situação que os hotéis estão a atravessar», antevendo, «com pessimismo, os próximos tempos».

Para esta entidade, é fulcral – «urgente» mesmo – a existência de «apoios específicos por parte do Governo».

«Depois de um Verão que deu sinais de retoma e de os hotéis se prepararem para o arranque, este volte-face na pandemia e as medidas restritivas anunciadas – aliás, confusas, erráticas e de última hora- , significaram um terrível abanão nas nossas empresas», diz Raul Martins, presidente da AHP.

«Infelizmente», lamentou o dirigente, «os apoios públicos são imprescindíveis para ultrapassarmos as consequências económicas da quinta vaga e prepararmos a retoma futura».

 

Raul Martins

 

João Soares, que, além de diretor do Hotel D. José, é o delegado regional da AHP no Algarve, também vincou a necessidade de «haver apoios para capitalizar as empresas, algo que é essencial».

«Depois dos anúncios feitos e do Banco de Fomento fazer publicidade à linha de apoio ao turismo de 150 milhões de euros, através da qual se pretende apoiar a retoma sustentável do turismo, nomeadamente através ​do reforço de fundo de maneio das empresas viáveis e da dinamização dos investimentos relevantes para o setor, nada aconteceu», acusa, por sua vez, Raul Martins.

Nas suas declarações ao nosso jornal, João Fernandes assumiu que «em algumas linhas», como é o caso da Apoiar, «não tem havido rapidez» na chegada do financiamento às empresas», mas, noutras, isso tem acontecido.

Para o presidente da Região de Turismo, há outra questão importante que se relaciona com a pandemia. Esta quarta-feira, há reunião de especialistas com o Governo e, na quinta-feira, espera-se um anúncio de medidas para as semanas vindouras.

Na hotelaria, disse João Fernandes, é «fundamental» que haja «estabilidade e clareza» nessas mesmas medidas, até porque existe a perspetiva de, a partir de Março, haver uma «retoma mais estável do turismo».

«É o mês que se aponta como o fim desta vaga, há a proximidade com a Páscoa e temos a expetativa que o Algarve retome não só a procura nacional, como a externa», disse.

Da parte da AHP, também há a esperança de uma retoma o mais rapidamente possível.

«Tudo estamos a fazer para sobreviver a esta tempestade. A incerteza é grande e os momentos que atravessamos exigem disponibilidade e concretização dos apoios públicos o quanto antes. Só assim estaremos de pé para a retoma, que esperamos e desejamos possa acontecer no segundo semestre de 2022», conclui Raul Martins.

 

 

 

 



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