Legos já ajudam a construir futuro das pessoas sem-abrigo no Algarve

Presidente do MAPS realça que projeto «está a correr muito bem»

Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação (Arquivo)

O projeto Legos, coordenado pelo MAPS para apoiar pessoas em situação de sem-abrigo em sete concelhos algarvios, «apesar de ainda ir no início, está a correr muito bem», servindo como «resposta complementar» aos apartamentos partilhados.

Apresentado em Março de 2021, o “Legos” afirmou-se, desde início, como um projeto inovador que pretende «dar dignidade» aos sem-abrigo, «oferecendo uma resposta mais eficaz, mais presente, 365 dias por ano, 24 horas por dia», conta Fábio Simão, presidente do MAPS – Movimento de Apoio à Problemática da Sida, em conversa com o Sul Informação.

Através de um gestor de caso, ou seja, «alguém que acompanha individualmente cada uma das pessoas sinalizadas», é dada uma resposta única, com base num plano previamente realizado, para «promover a integração destes cidadãos» na sociedade.

No início, devido à pandemia, o projeto «sofreu alguns constrangimentos» que não estavam previstos, «mas agora, passado meio ano, posso dizer que temos as equipas todas no terreno a trabalhar», garante Fábio Simão.

Apesar de não ter números exatos, o presidente do MAPS garante que, neste momento, «haverá, seguramente, cerca de 500 pessoas» em situação de sem-abrigo no Algarve.

«Gosto de falar sempre em termos regionais e, quando me pedem dados, gosto de dar o total referente à região», salienta.

«Este número tem o desafio de pensarmos nesta área a nível regional e não município a município. Os números das cidades são muito voláteis, pois dependem de muitas circunstâncias», explica.

O projeto Legos, que está a ser implementado nos concelhos de Albufeira, Faro, Lagos, Loulé, Portimão, Tavira e Vila Real de Santo António (VRSA), tem, nas equipas distribuídas por estes concelhos, a missão de «seguir as pessoas em situação de sem abrigo, sinalizá-las e conhecer-lhes os hábitos».

«O Legos está a servir de suporte às equipas das várias entidades que já estavam a trabalhar no terreno, mas também tivemos de criar algumas noutros concelhos, pois não existiam respostas nesta área, como é o caso de Lagos e de VRSA», explica o presidente do MAPS.

Este projeto está a servir como uma «resposta complementar» a outra resposta social: os apartamentos partilhados, implementados nos concelhos de Vila Real de Santo António, Tavira, Lagos, Faro, Loulé e Portimão, numa parceria com a o Instituto da Segurança Social.

«O importante é que consigamos seguir estas pessoas, que estejamos cá e que tenhamos as estruturas montadas para conseguir salvaguardar o apoio que lhes possamos dar quando necessitarem», realça o presidente do MAPS.

 

 

Apesar de ainda estar no início, Fábio Simão salienta que o prazo do projeto  – dois anos – é pouco para os problemas que há para resolver.

«Temos noção de que este tempo será uma pinga no oceano para cumprir os objetivos a que nos propusemos. Se não for dada continuidade, ficará muita coisa ainda por fazer e haverá também algumas fragilidades que ficarão a descoberto. Estamos a fazer o nosso melhor, mas isso levará tempo», confessa.

«O MAPS conta já com 30 anos no terreno e, desde o início, sabemos das dificuldades que há em ajudar. Neste novo modelo de respeitar as pessoas, o seu tempo e a sua vontade, não podemos impingir nada. Se estamos a querer fazer uma abordagem diferente, temos de perceber que leva tempo», explica.

O projeto Legos está a ser desenvolvido por cinco entidades beneficiárias parceiras, sendo elas o MAPS, que assume a coordenação da parceria, GATO – Grupo de Ajuda a Toxicodependentes, CASA – Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes e APF – Associação para o Planeamento da Família.

De resto, o MAPS prepara-se também para abrir as portas do Centro de Alojamento de Emergência Social (CAES) do Algarve, que vai surgir em Faro, em Fevereiro, e começar a alojar os primeiro sem-abrigo no início de Março.

 



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