Hélder Martins avança contra Elidérico Viegas numas eleições para a AHETA marcadas pela polémica

Período para submissão de listas candidatas só termina na quinta-feira

Um presidente demissionário ainda em exercício e um rosto vindo de fora, que se queixa de que a sua candidatura a sócio foi propositadamente deixada na gaveta, são os dois candidatos à presidência da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), numas eleições agendadas para o dia 21 de Janeiro, que já estão a ser marcadas pela polémica.

Elidérico Viegas, que apresentou a sua demissão enquanto presidente da AHETA em Março, após entrar em choque com os demais elementos da direção, mas se manterá no cargo até às eleições, levanta a dúvida sobre a elegibilidade de Hélder Martins, que já assumiu a candidatura à presidência.

É que, diz o ainda presidente da associação, «por enquanto, só há um pseudo-candidato», tendo em conta que o seu potencial adversário – que não nomeou – não é sócio da AHETA.

Hélder Martins, dono do hotel Quinta do Marco (Tavira) e antigo presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), que vai encabeçar uma lista com o apoio «da esmagadora maioria» dos atuais membros do órgãos sociais da associação, não tem qualquer dúvida de que é elegível e garante que, se não é ainda associado, é apenas porque fez «um pedido de admissão de sócio, mas ele ficou na gaveta do presidente».

Para já, há duas abordagens antagónicas dos dois candidatos a estas eleições: Hélder Martins já há muito que assumiu a candidatura e fala publicamente sobre ela. Elidérico Viegas, por seu lado, esconde o jogo – pelo menos, até ao final desta semana.

É que ainda está aberto o período para apresentação de candidaturas, depois das eleições terem sido adiadas de 7 para 21 de Janeiro. Dizem os estatutos da AHETA que a apresentação de listas pode ser feita até 15 dias antes do escrutínio, ou seja, até quinta-feira, dia 6.

 

Elidérico Viegas

 

Elidérico Viegas, contactado pelo Sul Informação, disse não querer falar antes de serem conhecidas as listas.

Na curta conversa que manteve com o nosso jornal, e apesar de nunca admitir taxativamente que ia submeter uma lista – «em princípio serei candidato» -, Elidérico Viegas começou por dizer que não se revia «nas alternativas que se perspetivam». No entanto, acrescentou, «neste momento, é difícil falar de coisas que não existem».

É que, apesar de Hélder Martins se ter assumido como candidato há muito e até já ter a sua lista montada, o atual presidente da associação diz esperar para ver.

«A convocatória da Assembleia Geral eleitoral estipula que as listas terão de dar entrada 15 dias antes da eleição», pelo que o prazo «termina na quinta-feira às 18h00».

«A partir dessa altura, é que existirão oficialmente candidaturas».

«O que tenho ouvido e visto na comunicação social é um senhor, que não é sócio da AHETA, que diz que é candidato. Mas, para isso, tem de ser sócio da AHETA ou representante de um sócio. Mas ainda não disse de qual», defendeu.

«Na sexta-feira, será feita a abertura oficial das listas, por parte dos elementos da assembleia, para conferir se estão legais e de acordo com os estatutos. E só a partir daí é que as candidaturas se tornam formais», rematou o ainda presidente da AHETA.

 

Hélder Martins

 

Hélder Martins disse, por seu lado, que fez «o pedido de admissão como sócio por dois meios, por carta e por email», mas que ainda não obteve resposta.

Isto porque, «no momento em que se soube que ia haver uma segunda lista, o presidente fechou a AHETA e mandou os trabalhadores para casa, em teletrabalho», acusou.

No entanto, assegurou o empresário, para se ser candidato à AHETA não é preciso ser sócio. «O presidente atual também não é, ele próprio, sócio, porque não tem nenhuma empresa, nem nenhum hotel. Há 15 anos que ele representa uma empresa e eu também vou representar uma à qual tenho ligações», revelou.

«Legalmente, estou em perfeitas condições de me candidatar, como ele também está», disse, em declarações ao Sul Informação.

Quanto à razão pela qual avançou com uma lista candidata à presidência da AHETA, associação na qual não estava filiado, Hélder Martins disse que o fez na sequência de um desafio que lhe foi lançado «por um conjunto de pessoas, que são a esmagadora maioria dos membros dos atuais órgãos sociais, mais precisamente 90% dos elementos que deles fazem parte».

Esta lista surgiu da vontade de «cortar um bocadinho com o status quo», nomeadamente depois de Elidérico Viegas se ter começado a movimentar para criar uma lista candidata à direção.

Isto levou o grupo, que incluiu atuais membros da direção, a «ir à procura de um nome que reunisse o consenso de todas essas partes: grandes, pequenos, do imobiliário, da animação turística».

«Chegaram ao meu nome e convidaram-me. Eu analisei a minha situação e, como a minha vida está hoje perfeitamente organizada e o meu hotel é gerido, praticamente, pela minha filha, tenho tempo disponível e decidi aceitar», disse.

 

 

Caso venha a ser eleito, Hélder Martins pretende «dar uma nova voz à AHETA e reconquistar o peso que a associação já teve junto dos principais intervenientes».

«Para dar um exemplo, a AHETA era vice-presidente da Confederação do Turismo de Portugal e hoje já não é. A associação tinha um peso muito grande na Associação Turismo do Algarve e deixou de ter», exemplificou.

De resto, o candidato à presidência da AHETA assume querer «trabalhar em equipa, porque a minha não é uma lista de um homem só. É uma equipa com pessoas das várias áreas e zonas do Algarve, para lutar contra as grandes dificuldades que o setor atravessa hoje».

Entre elas, estão «questões como as da fiscalidade, da Via do Infante, da segurança e da saúde. Em todas elas, a AHETA tem que bater o pé, porque essas questões, sendo problemáticas, todo o Algarve sofre».

«O Algarve tem de ter vozes ativas que lutem pela defesa dos interesses da região, na área empresarial. Eu considero que tenho capacidade e experiência para isso e as pessoas que me convidaram pensam o mesmo», reforçou.

Do lado de Elidérico Viegas, houve abertura para falar da candidatura com o Sul Informação, mas só a partir do momento em que haja listas oficiais, ou seja, na sexta-feira.

Os órgãos sociais da AHETA para o próximo triénio vão ser escolhidos pelos 150 sócios desta entidade.

 

 

 



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