Foca resgatada em Quarteira morre por ingestão de lixo humano

Foca foi submetida a tratamentos e a uma operação para remoção do lixo, mas acabou por não resistir ao pós-operatório

Foto: Facebook Zoomarine

Selkie, a foca resgatada numa praia de Quarteira, morreu, este sábado, 15 de Janeiro, por ter demasiado lixo humano no seu organismo, anunciou o Zoomarine. Ainda foi submetida a tratamentos e a uma operação para remoção do lixo, mas acabou por não resistir ao pós-operatório.

Segundo um comunicado do Centro de Reabilitação Porto D’Abrigo, do Zoomarine, a foca Selkie «não resistiu à contínua degradação da sua condição clínica e faleceu».

Ao longo de um percurso «que se arrastou por mais de um ano e meio e passou por vários países», a foca «afastou-se milhares de quilómetros» do seu habitat natural. «Foi sofrendo e acumulando vários ferimentos, uma infeção bacteriana, uma forte infestação por nematodes e uma parcial obstrução gastro-intestinal, que levou à progressiva degradação do seu comportamento e condição clínica».

 

Foto: Facebook Zoomarine

 

Selkie foi resgatada no dia 12 de Dezembro, numa praia em Quarteira, por funcionários do Zoomarine, em articulação com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, e permaneceu 30 dias em reabilitação, sob o olhar atento de quase 20 especialistas.

No passado dia 13 de Janeiro, a foca das águas frias do Atlântico Norte foi submetida a um procedimento clínico, liderado por José Sampayo, um «especialista internacional em endoscopias, com vista à remoção de um anzol, objetos de plástico e restos de artes-de-pesca que se haviam acumulado no seu trato gastro-intestinal».

«Do estômago da Selkie, foi removido tudo o que nunca lá deveria ter entrado: lixo humano. Demasiado lixo humano. Lixo que não deveria chegar à boca de animais marinhos, mas que todos os dias é ingerido por espécimes incautos, como esta foca cinzenta», conta o Centro de Reabilitação.

 

Foto: Facebook Zoomarine

 

«No selvagem, quando ingeridos, estes objetos tendem a impor uma morte lenta, dolorosa, ingrata, injusta e desumana. E a Selkie foi, infeliz e injustamente, apenas mais uma das vítimas da incúria e insensibilidade humana», sublinha o Centro de Reabilitação daquele parque aquático.

Agora, «ficam as lições e ficam as memórias. E fica a determinação de lutar pelas “outras Selkies” que, diariamente, um pouco por todo o mundo, continuam a precisar da nossa ajuda e que, muitas delas, morrem, todos os dias, nos mares».

«Houve muitas vezes em que a nossa equipa chegou a tempo – esta, muito infelizmente, não foi uma dessas vezes. Lutámos durante cinco semanas, mas a ajuda humana deveria ter começado mais cedo. No entanto, a nossa determinação continuará a mesma. A disponibilidade também. Porque há outras “Selkies” a precisar de nós», conclui o Centro de Reabilitação.

 



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