Comité das Regiões: Isilda Gomes defende diversificação nas regiões turísticas e medidas de combate à seca

Autarca de Portimão foi igualmente eleita membro do Bureau do Comité das Regiões

Isilda Gomes, membro efetiva da Delegação de Portugal no Comité das Regiões (CdR) da União Europeia, foi ontem eleita pelo Plenário deste órgão, membro do “Bureau” do CdR, que tem como principal missão a coordenação da gestão política deste órgão consultivo das principais instituições europeias.

Com esta eleição o Algarve passa a ter uma voz ativa num importante e restrito fórum de intervenção e influência política ao nível da União Europeia.

Aliás, a presidente da Câmara de Portimão participou de uma forma dinâmica na ordem de trabalhos da 148ª reunião plenária do Comité das Regiões da União Europeia, que decorreu online entre 27 e 28 de janeiro, tendo mesmo feito uma intervenção sobre a problemática da diversificação do setor turístico no rescaldo da crise sanitária, alertando ainda para a falta de água que afeta os países da Bacia Mediterrânica e em particular o Algarve.

Sob o tema “Regiões dependentes do setor do turismo: necessidade de diversificar a economia no rescaldo da crise sanitária e à luz dos desafios climáticos”, a autarca defendeu que a diversificação económica “é fundamental para que possamos construir ou reconstruir uma economia mais saudável, mais abrangente e mais resiliente a crises como a que estamos a viver”, considerando que, no caso das regiões predominantemente turísticas, essa diversidade “deverá passar por produtos diferentes do clássico sol e mar.”

Ao assumir-se como “presidente há oito anos de uma autarquia cuja economia depende quase exclusivamente do turismo, numa região onde este setor é o alicerce de toda a estrutura económica e empresarial”, Isilda Gomes disse que “os efeitos da pandemia foram, são e serão marcantes”, elencando a seguir uma vasta lista de consequências nefastas relacionados direta ou indiretamente com a Covid-19 e que atingiram particularmente os postos de trabalho dos jovens.

 

Apostar na diversidade sustentável

“Temos de ver mais além e apostar na transição digital e na agenda verde. Queremos e devemos investir em mais, melhores e mais sustentáveis redes de transporte que permitam o uso cada vez mais limitado de viaturas próprias com vista a libertar as nossas ruas e as nossas cidades para os transeuntes, devolver as cidades às pessoas e libertar a nossa atmosfera de gases de efeito de estufa”, afirmou a responsável, para quem “os desafios são enormes, mas é nossa obrigação primarmos pelo cumprimento de uma agenda ecológica, se queremos ser competitivos e dar a volta após esta pandemia”.

Do seu ponto de vista, “também é urgente identificar áreas específicas de cada região onde possa haver investimento, como – por exemplo – a criação e investimento em polos tecnológicos que, numa íntima parceria público-privada, possam potencializar as características das nossas cidades e regiões, e gerar um maior espectro na área da investigação, assim como desenvolver maior produção de conhecimento e inovação.”

A este propósito, citou o exemplo do Autódromo Internacional do Algarve, onde está infraestruturado um polo para fixação de empresas na área da construção automóvel, “que poderá vir a gerar conhecimento, formação, emprego e um desenvolvimento socioeconómico que perdurará por mais de uma geração”.

 

Seca no Algarve – Foto: Flávio Costa|Sul Informação

 

 

 

“Sem água, a paralisia não se limitará ao turismo”

A autarca, que integra a Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões, onde detém as pastas da saúde pública, proteção civil, turismo, pescas, economia do mar e agricultura, alertou na oportunidade para “um problema gravíssimo, com o qual temos absolutamente de lidar, e que é endémico e não pandémico: o abastecimento de água.”

“Tal como noutras regiões da Bacia Mediterrânica, as alterações climáticas estão a fustigar o Algarve mais do que a média, pelo que, sem água, a paralisia não se limitará ao sector do turismo”, com sérias implicações como a ameaça do racionamento de água e o eventual colapso da agricultura, “que pode e deve desempenhar um papel importantíssimo na diversificação económica.”

Nesse sentido, a presidente da Câmara de Portimão defendeu que as regiões semiáridas do sul da Europa “precisam de apoios claros e efetivos no sentido de reforçar a sua resiliência contra a seca”, visando “desenvolver estratégias com vista a mitigar os impactos mortíferos que a falta de água tem numa economia local e regional”, as quais passarão pela construção de centrais de dessalinização e pela criação de bacias de retenção, de redes de transvases ou de inovações tecnológicas, que “envolvem recursos financeiros por vezes demasiadamente grandes” para serem suportados apenas pelos governos dos países afetados.

“O alerta que vos deixo é no sentido de, em conjunto, neste Comité, que, mais do que qualquer outra estrutura europeia tem uma sensibilidade particular para os problemas das regiões, reforçarmos, nos nossos debates e nas nossas conclusões, a necessidade premente de apoiarmos as regiões na sua diversificação económica, bem como na sua luta constante contra a falta de água”, concluiu Isilda Gomes.

 



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