Bruno Ribeiro (Volt): Regionalização traria «mais e melhor investimento público» para o Algarve

«Faz falta uma unidade hospitalar no Sotavento, ajudaria a aliviar o Hospital de Faro»

Bruno Ribeiro, de 41 anos, natural de Tavira, mas residente em Loulé, montador de móveis e estreante nas lides da política, é o cabeça-de-lista do também estreante partido Volt Portugal às Eleições Legislativas de 30 de Janeiro, pelo círculo do Algarve.

Com esta entrevista, prossegue a série de entrevistas que o Sul Informação está a publicar, com todos os cabeças-de-lista de todas as forças políticas que se candidatam pelo círculo eleitoral do distrito de Faro.

A todos, e numa lógica de igualdade de oportunidades, foi enviado, atempadamente, um mesmo questionário com 12 perguntas.

As respostas são, naturalmente, diversas, como ficará claro ao longo dos próximos dias, com a publicação de todas as entrevistas.

Sul Informação – Quais são as prioridades da sua força política para a próxima legislatura para o Algarve?

Bruno Ribeiro – Apelar à melhoria dos transportes públicos, tomar medidas urgentes para que se minimizem os efeitos da seca, promover o acesso rápido a um serviço de saúde de qualidade e o direito à habitação, para que os algarvios possam morar onde nasceram, para não acontecer o mesmo que se vê hoje em dia em Lisboa.

SI – O que levou a que aceitasse ser cabeça de lista pelo partido ou força política que representa?

BR – Sou um cidadão comum, como tantos outros, tenho a minha vida, levanto-me, vou trabalhar e regresso a casa ao fim do dia.
A falta de visão dos nossos governantes e estar tantos anos a ver este ping-pong, agora governo eu, agora governas tu, sem nada de substancial mudar, foi, sem dúvida, o principal motivo.

SI – Quais são as expetativas e objetivos da sua força política em relação a estas Eleições Legislativas?

BR – Como novo partido, queremos dar-nos a conhecer ao público em geral. Comunicar a nossa mensagem, que acreditamos vai alinhar com parte do eleitorado. Gostaríamos de eleger um ou dois deputados.

SI – O que falta fazer no Algarve?

BR – Melhorar os transportes públicos, facilitar o acesso à saúde, tomar medidas para minimizar a questão da seca, tornar o direito à habitação uma prioridade, tanta coisa, podia continuar…

SI – A Saúde é um setor deficitário no Algarve e no país. Que medidas preconiza para resolver os problemas da Saúde no Algarve?

BR – Aumentar o investimento nas infraestruturas, criar condições para a fixação de novos profissionais de saúde na região e valorizar os que já temos, que fazem muito com o pouco que lhes dão.

SI – E quanto ao Hospital Central do Algarve? Quando deve avançar e porquê?

BR – Não acho que seja a melhor opção. Acredito que a região ficaria muito mais bem servida com unidades hospitalares mais pequenas. O Hospital de Faro e o Hospital de Portimão teriam que ser reorganizados, seria preciso investir nas infraestruturas, sem dúvida, mas acho que faz falta uma unidade hospitalar no Sotavento, ajudaria a aliviar o Hospital de Faro e seria muito melhor e muito mais próxima para as populações.

SI – O Governo anterior avançou com a Descentralização de Competências para os Municípios. Que balanço faz desse processo?

BR – Sinceramente, qualquer processo que sirva para descentralizar e aproximar os serviços públicos das populações, é benéfico e bem-vindo, mas, no fundo, nada mudou. Tudo continua a ser feito como antes, sem inovação, sem progresso e sem visão.

SI – Um futuro Governo deverá avançar com a Regionalização? Porquê ou porque não?

BR – Sem dúvida! Convém relembrar que a Regionalização está prevista na nossa Constituição.
Teria benefícios óbvios para as regiões, e uma coisa que é bem presente no Algarve, é a falta de investimento estrutural por parte dos sucessivos governos, independentemente da cor política.
O Algarve enquanto Região autónoma, teria mais e melhor investimento público, mais ajustado à realidade das populações, haveria uma maior proximidade entre cidadão e governante, uma maior responsabilização política e seria mais fácil assumir medidas que favorecessem a prosperidade e desenvolvimento económico, ajustadas à nossa realidade.

SI – Na Assembleia da República, têm-se sucedido as resoluções para acabar com as portagens na Via do Infante ou, pelo menos, para introduzir descontos significativos. O que pensa deste tema e que soluções preconiza?

BR – Eu acredito no princípio do utilizador-pagador, mas também acredito que deve haver alternativas.
A maior parte dos cidadãos algarvios desloca-se usando a EN125, essencialmente uma estrada urbana, cuja requalificação está, há muito, atrasada, e os transportes públicos estão desajustados da realidade e precisam de investimento.
A própria Via do Infante precisa de atenção séria em alguns troços.
Até estas questões estarem resolvidas, acho que as portagens deviam ser suspensas.

SI – No início da atual crise da pandemia, o Governo anunciou um plano específico para o Algarve, que nunca chegou a ser concretizado. O que precisa o Turismo do Algarve para recuperar da pandemia?

BR – Para uma região que vive tanto do turismo, foi catastrófico. As medidas do governo central estavam muito desfasadas da realidade algarvia.
É preciso autonomia para adequar as medidas às necessidades da região, é preciso apoiar o ramo da hotelaria que emprega tantos algarvios e é preciso promover o Algarve como um destino seguro lá fora, agora, mais do que nunca.

SI – No caso de questões mais fraturantes, como a regionalização, as portagens na Via do Infante e a saúde, entre outras, se for eleito, votará na AR de acordo com a sua convicção, mesmo que vá contra as orientações do seu partido?

BR – Neste caso, a questão nem se põe, as minhas convicções alinham perfeitamente com as orientações do partido.

SI – Quer acrescentar mais algum tema ou questão?

BR – Gostaria de apelar aos algarvios, sublinhando que, no próximo dia 30, é importante ir votar.
Sei que muitos algarvios estão insatisfeitos e perderam a fé na política. Eu, enquanto cidadão, vi-me nessa mesma situação.
Muita conversa, muitas promessas e, no fim, nada ou pouco se concretiza.
É preciso mudar isso, todos nós, enquanto cidadãos individuais, temos o poder de escolher o que se faz neste país. Não ir votar é estar a deixar essa escolha a outros.
Nós, cidadãos, podemos mudar Portugal e o Algarve, mas para isso é preciso refletir sobre as escolhas feitas no passado e pensar no futuro. O futuro está na mão de todos.

 

 



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