Vila Real de Santo António abre portas do «maior presépio que se faz no país»

Presépio poderá ser visitado no Centro Cultural António Aleixo até dia 9 de Janeiro

São cerca de 5 600 as figuras que dão vida ao maior presépio que se faz no país e que, depois de 40 dias a ser montado, abriu as portas do Centro Cultural António Aleixo, em Vila Real de Santo António, para contar a história do nascimento de Jesus aos milhares de visitantes esperados até 9 de Janeiro.

Pelas mãos de Teresa Marques e de Augusto Rosa, dois funcionários da Câmara Municipal, nasce, todos os anos, o conhecido presépio de Vila Real de Santo António. A tradicional história do nascimento do Menino Jesus é sempre cumprida, mas a disposição de algumas das figuras é mudada a cada novo ano, com peças a serem adicionadas ou retiradas.

Desde que começou, em 2002, «o presépio tem vindo a crescer» e agora, com o espaço a ser cada vez mais limitado, os 230 metros quadrados têm-se mantido. «Não temos aumentado em dimensão, mas em qualidade, com a incorporação de novas figuras e adereços», diz Teresa Marques, enquanto apresenta o seu trabalho ao Sul Informação, na inauguração do presépio que decorreu na terça-feira passada.

«Este é um trabalho bastante desafiante, sai tudo da minha cabeça, sem planos nenhuns». Só que, este ano, «foi ainda mais duro de ser feito» devido a um problema no pé, que obrigou Teresa Marques a construir o presépio «de joelhos».

Envolvidas na construção, estiveram cerca de 20 toneladas de areia, quatro toneladas de pó de pedra, três toneladas de cortiça e quilómetros de cabos e fios elétricos, num trabalho que contou ainda com a colaboração de Joaquim Soares e António Bartolomeu.

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Teresa Marques explica que o presépio «conta a história tradicional do nascimento de Jesus Cristo», mas há também espaço para perto de 80 peças em movimento, que «retratam profissões que já não existem ou que estão quase a acabar».

«São muitas as profissões que estão aqui representadas, desde sapateiros, a lavadeiras de roupa, passando pelas fiadoras de lã ou oleiros». Para as escolas que visitam o presépio, isso «poderá ser uma maneira de mostrar essas profissões aos mais jovens, principalmente às crianças, que nunca as conheceram», realça Teresa Marques.

Mas ali pode também ver-se a representação de símbolos característicos do Algarve, como as salinas, a nora ou as antigas cabanas da praia de Monte Gordo, bem como um pelourinho, «um pouco em homenagem à Praça Marquês de Pombal, de Vila Real de Santo António».

Devido ao elevado custo das figuras, a maioria destas peças, principalmente as que estão em movimento, têm sido construídas, nos últimos anos, por Augusto Rosa e Joaquim Soares, o que «ainda dá uma maior beleza ao presépio e faz com que haja coisas diferentes».

Teresa Marques conta ainda que, «das cerca de 5 600 peças que temos contabilizadas, mas estou convencida de que há mais», a figura que mais gosta é «a da mulher a tingir lãs». Não sabe se «pelas cores ou se por ter tido a ideia de a fazer, apesar de nunca ter visto esta profissão». O certo é que, «depois de termos feito a peça, muitas pessoas já manifestaram o seu agrado, pois é algo que ainda é feito, por exemplo, em Marrocos».

 

Funcionários da Câmara responsáveis pelo presépio – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Uma das particularidades deste presépio é que, se o visitar em dois dias diferentes, e se tiver atenção aos seus detalhes, reparará que algumas das figuras irão sendo movimentadas. «Há peças que vou mudando, acrescentando ou retirando com o aproximar do Dia de Natal ou do Dia de Reis», salienta Teresa Marques, contando que «o desafio que muitas pessoas têm é o de visitarem o presépio e irem acompanhando estas várias mudanças que faço».

Nos primeiros dias de Dezembro, «coloco Maria e José a encontrarem-se e, depois, retiro essas peças e meto Maria em cima do burro a caminho». No dia 24, «Maria e José chegam à gruta» e, só na manhã de 25, é que Teresa Marques coloca o Menino na manjedoura. Nesse mesmo dia, «ponho os Reis Magos no deserto, a caminho da gruta, e só lá vão chegar no dia 6 de Janeiro».

Este ano, com o presépio a poder ser visitado até mais tarde, irá ser retratada mais uma cena: a fuga de Maria para o Egito. «Depois dos Reis Magos chegarem à gruta, é tempo de Maria fugir, no dia seguinte, para o Egito, escapando aos romanos a matarem os bebés na aldeia dela».

Para Álvaro Araújo, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, este presépio é «um marco muito importante para o turismo do nosso território, nesta época natalícia», já que «acaba por atrair muita gente que vem para o visitar e depois desfruta do nosso comércio, restaurantes e hotéis, fazendo com que a economia mexa por causa deste evento».

«Temos conseguido transformar este que é o maior presépio que se faz neste país numa grande atração natalícia e queremos continuar a fazer com que este seja um evento marcante que traga cada vez mais visitantes ao nosso concelho», realçou o autarca, em declarações ao Sul Informação.

Teresa Marques espera «milhares de visitantes de todo o lado, não como noutros anos em que tivemos 30 a 35 mil visitas num mês», mas que «todos os que nos visitem, que possam disfrutar deste presépio».

«Ainda hoje, quando olho para todo este trabalho, penso para mim mesma: fui eu que fiz? Está tão bonito…», conclui, com orgulho.

O presépio pode ser visitado todos os dias, no Centro Cultural António Aleixo, até dia 9 de Janeiro, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00. A entrada tem o valor simbólico de 1 euro (0,50  euros para menores de dez anos).

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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