Quem quer participar na discussão da classificação da Lagoa dos Salgados?

Movimento Participativo, Câmara de Silves e ICNF vão organizar sessão pública de esclarecimento e dia de atividades

A proposta de classificação da Lagoa dos Salgados como Reserva Natural já conta com 212 participações no portal Participa.pt, apenas quatro dias depois da abertura do período de discussão pública.

Mas esta participação massiva deverá ainda aumentar nas próximas semanas, quando o Movimento Participativo, que engloba diversas associações de defesa do ambiente, pessoas privadas (nomeadamente investigadores e ornitólogos) e empresas de animação turística do setor de ecoturismo, disponibilizar uma minuta para o envio de uma posição mais fundamentada e ainda um guião «para que qualquer pessoa possa simplesmente dizer: concordo!».

O Movimento Participativo Lagoa dos Salgados, que se apresenta como «movimento cívico para a participação pública na criação da Reserva Natural da Lagos dos Salgados», já criou uma página no Facebook. Engloba as organizações não governamentais de ambiente Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Almargem, A Rocha, Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Zero, Sociedade Portuguesa de Botânica e Quercus, bem como cidadãos individuais e empresas de ecoturismo.

Anabela Santos, dirigente da Almargem, disse ao Sul Informação que, em conjunto com a Câmara Municipal de Silves e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), será ainda promovida, em Janeiro, uma «sessão pública para esclarecimento da população», bem como «um dia aberto na Lagoa dos Salgados, com atividades para todos».

«Já enviámos para a Câmara e para o ICNF um email a solicitar a marcação da sessão pública, mas ainda não temos uma data. Tendo em conta o período de festas e depois aquela semana de confinamento e teletrabalho, estamos a apontar para a semana após o dia 10 de Janeiro», acrescentou aquela ambientalista.

«O que nós queremos, de facto, é que quem mora cá não entenda que a reserva vai ser uma limitação, mas que entenda a mais valia que isto pode ser, nomeadamente para um turismo mais sustentável, e o que é que está aqui em causa, porque é uma área bastante grande e com habitats muito diferentes, mas que se complementam», explicou.

 

 

O período de discussão pública da proposta de criação da reserva natural, que vai ainda abranger os sapais de Pêra/Alcantarilha e os terrenos agrícolas entre ambas as zonas húmidas, começou a 9 de Dezembro e termina no dia 20 de Janeiro próximo.

«Qualquer pessoa pode participar nesta discussão pública e fazemos mesmo um apelo à participação. Para ajudar quem não está tão à vontade com o portal Participa.pt, que é até bastante simples de usar, vamos fazer uma espécie de guião, sobre como entrar e dizer «concordo, sou a favor da reserva natural!», explicou Anabela Santos.

Tanto esse guião, como a minuta, que está já a ser preparada, serão depois disponibilizados na página de Facebook do Movimento Participativo e enviada aos sócios das diversas ONGA.

A plataforma do Movimento Participativo está também a preparar a sua posição conjunta, estando agora na fase de analisar toda a documentação que acompanha o processo.

«Termos 212 participações ao fim de apenas quatro dias já é muito bom, mas teremos de ter muitas mais. Por isso, fica aqui um apelo à participação de todos nesta discussão pública», concluiu a dirigente da Almargem.

A área a classificar como Reserva Natural localiza-se entre a Ribeira de Alcantarilha, a oeste, e a Ribeira de Espiche, a este, na fronteira com o concelho de Albufeira, a Praia Grande, a sul, e a a estrada municipal M526, a norte.

Com uma extensão de mais de 400 hectares, a área é composta por duas zonas húmidas, a Ribeira e Sapal de Alcantarilha, a poente, e pela ribeira de Espiche e Lagoa dos Salgados, a nascente, bem como pelos campos agrícolas, pomares de sequeiro e prados secos que medeiam entre as duas zonas húmidas, e ainda pelo próprio cordão dunar.

Este complexo de zonas húmidas e o seu entorno reúne valores naturais de relevância especial, como o endemismo lusitano Linaria algarviana Chav., outras 12 espécies RELAPE ((plantas raras, endémicas, localizadas, ameaçadas ou em perigo de extinção), várias espécies de artrópodes com valor de conservação, duas espécies de répteis de interesse comunitário, sendo ainda local de nidificação, paragem e invernada de uma elevada diversidade de espécies de aves.

Estes são, em resumo, os motivos que levaram o ICNF a propor a classificação desta área de 400 hectares como reserva natural.

O próprio ministro do Ambiente esteve há uma semana no Algarve para apresentar esta proposta.

Esta será a primeira criação de uma área protegida em território nacional nos últimos 21 anos, desde que foi criada a Reserva Natural da Lagoa de Santo André e da Sancha, nos municípios de Sines e Santiago do Cacém.

 

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