Paulo Águas garante um «mandato de continuidade» com nova equipa reitoral

Cerimónia de investidura do reitor foi integrada nas comemorações do 42º aniversário da Universidade do Algarve

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

«Hoje é, simultaneamente, um ponto de chegada e um de partida. Este será um mandato de continuidade, com uma nova equipa reitoral», disse Paulo Águas, no seu discurso de tomada de posse para um segundo mandato como reitor da Universidade do Algarve, na cerimónia que teve lugar esta quarta-feira, 15 de Dezembro.

A nova equipa reitoral passa agora a ser constituída pelos vice-reitores Alexandra Teodósio, Ana de Freitas, Nuno Bicho e João Rodrigues. Sai da equipa, Saúl Neves de Jesus, enquanto João Rodrigues, que era antes pró-reitor, sobe agora a vice-reitor. Por outro lado, a equipa de pró-reitores é totalmente renovada, já que essas funções passam a ser desempenhadas por Ana Isabel Guerra e Eduardo Oliveira Esteves (sai Maribela Pestana).

«O plano de ação para 2021-25, a submeter ao Conselho Geral, tem já as grandes linhas orientadoras definidas. A nova visão continuará a ser a promoção da sustentabilidade através da inovação e da inclusão, no ensino e na investigação, num clima de proximidade», acrescentou.

A cerimónia de investidura do reitor Paulo Águas para o próximo quadriénio, 2021-25, foi integrada nas comemorações do 42º aniversário da Universidade do Algarve (UAlg), que decorreram no Grande Auditório, no campus de Gambelas.

«Será um privilégio renovado servir a UAlg. Tal como nos últimos quatro anos, procurarei fazer o melhor possível, com total dedicação, colocando sempre o interesse da instituição acima de interesses individuais. Não podemos querer parecer o que não somos. Mas não basta sermos o que somos. Temos que conseguir parecer aquilo que somos», sublinhou Paulo Águas.

Para este mandato que agora inicia, o reitor afirmou, durante o seu discurso, que o plano de ação terá quatro grandes objetivos estratégicos, ao nível do Ensino, da Investigação e Transferência, da Comunidade e ainda da Governança.

Ao nível do Ensino, o objetivo é «aumentar o número de estudantes e a eficiência formativa, com reforço das áreas STEAM, atingindo os 10 mil em 2025/26».

Já quanto à Investigação e Transferência, centra-se em «aumentar a atividade, atingindo uma receita média anual de 10 milhões de euros até 2025/26, 25% acima do registado nos últimos quatro anos».

No que refere à Comunidade, espera «aumentar o impacto da UAlg, alcançando uma execução de despesa anual de 60 milhões de euros até 2025/26, 10% acima do registado nos últimos quatro anos».

Finalmente, no que toca à Governança, pretende-se «melhorar o clima organizacional e a satisfação pessoal dos trabalhadores da UAlg, aferido através dos resultados de inquéritos».

«Não queremos fazer o caminho sozinhos. A cooperação é fundamental», salientou Paulo Águas.

 

Nova equipa reitoral – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

O reitor anunciou ainda que, em termos europeus, a UAlg irá integrar a aliança “European University of the Seas”, coordenada pela Universidade de Cádiz, contando ainda com instituições universitárias da Alemanha, Croácia, França, Malta e Polónia.

A nível nacional, acrescentou, «temos vindo a trabalhar com maior proximidade com a Universidade de Évora e com a Nova de Lisboa», naquilo que é a Campus Sul – Associação Interuniversitária do Sul.

Em termos regionais, afirmou que a UAlg estará disponível para colaborar com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve na concretização da Estratégia Regional.

«Iremos continuar a desenvolver projetos com o território e os municípios sabem que uma Universidade do Algarve mais forte será sinónimo de um Algarve mais forte, mais inovador, mais diversificado, mais resiliente, mais coeso e mais inclusivo. O mesmo é reconhecido pelos agentes económicos e sociais», salientou Paulo Águas.

«Iremos trabalhar para chegarmos a 2025/26 com mais estudantes e diplomados, com boa integração no mercado de trabalho, maior orçamento para a investigação, maiores níveis de internacionalização, mais alojamento para estudantes, melhores instalações, melhores serviços, com progressão nas carreiras e a rejuvenescer o pessoal» e, acima de tudo, «com solidez financeira, indispensável para o cumprimento da nossa missão», resumiu.

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Paulo Águas recordou também «os muitos desafios que tivemos de enfrentar» nos últimos quatro anos, entre eles «a fragilidade da situação financeira, o processo de regularização dos trabalhadores precários e o dossiê do emprego científico», sem esquecer «o mais impactante: a pandemia de Covid-19».

Apesar de todas estas adversidades, o reitor enumerou 10 destaques como balanço dos resultados alcançados no último mandato.

O primeiro destaque vai para o aumento do número de estudantes e de diplomados. «Temos vindo a crescer acima da média do país, recuperando as perdas registadas entre 2010/11 e 2015/16. Este ano letivo, voltamos a ter mais de nove mil estudantes de grau, algo que não se verificava desde 2010/11, num aumento de dois mil face a 2015/16», realçou.

Quanto ao segundo destaque, centrou-se no facto de «a UAlg estar entre as Instituições de Ensino Superior (IES) com maior percentagem de estudantes de nacionalidade estrangeira, com 19%, cinco pontos percentuais acima média nacional».

O terceiro diz respeito ao ranking da Times Higher Education, em que «somamos cinco participações e só uma vez não fomos a IES portuguesa com melhor resultado no pilar do International Outlook, registando a posição cimeira nas três últimas edições».

Também o início e conclusão do UAlg Tec Health, constituído por um Centro de Simulação Clínica, no campus de Gambelas, e da aceleradora de empresas tecnológicas UAlg Tec Campus, na Penha, mereceram destaque no discurso de Paulo Águas.

Outro dos destaques foi para «o número total de projetos em execução, que aumentou mais de 50%, situando-se bem acima dos 300 nos últimos dois anos. A tipologia predominante é, naturalmente, investigação e desenvolvimento, tanto em número como em obtenção de receita», sublinhou.

O sexto destaque de Paulo Águas foi «o aumento do envolvimento com a comunidade e com os parceiros, que pode ser ilustrado pelo singular contrato programa estabelecido com todos os municípios do Algarve para apoio financeiro ao reforço das vagas do Mestrado Integrado em Medicina, que já aumentaram 50%, de 48 para 72 vagas».

Sublinhou igualmente o «aumento da satisfação da comunidade académica (estudantes e não estudantes), obtido através dos inquéritos de monitorização do processo ensino-aprendizagem, «um dos elementos estruturantes do Sistema Integrado de Garantia e Qualidade, acreditado pela A3ES», e do inquérito ao Clima Organizacional e Satisfação Profissional, bem como da transformação digital que está em curso na UAlg, com «a crescente integração das diferentes plataformas: a académica, a financeira, os recursos humanos, os projetos, entre outras, para não ser exaustivo».

Paulo Águas salientou ainda «o aumento superior a 10% das receitas totais em relação ao período de 2013 a 2017, associado a um rigoroso controlo da despesa, que permitiu uma significativa melhoria da situação financeira, que era particularmente frágil no final de 2017».

O último destaque recaiu no facto de «termos voltado a abrir concursos para recrutamento de pessoal docente e não docente, para além de concursos para progressão das carreiras do pessoal docente».

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

No âmbito das comemorações do 42º aniversário da Universidade do Algarve, a ex-ministra da Saúde Ana Jorge, presidente do Conselho Geral da UAlg, salientou que uma das primeiras missões que este organismo teve de cumprir foi a eleição do reitor.

«Estamos certos de ter feito um bom trabalho, porque, efetivamente, confiamos inteiramente no Magnífico Reitor que acaba de ser empossado e estamos convictos de que continuará a ascensão, nacional e internacional, desta instituição, cuja história remonta já ao ano de 1979 e resulta da luta de toda uma região, que se mobilizou para que, também no Ensino Superior, o Algarve fosse uma referência além-fronteiras», salientou a presidente do Conselho Geral.

Durante o seu discurso, Ana Jorge destacou o facto de a Universidade do Algarve ser hoje «um motor de grande desenvolvimento, que tem crescido de forma sustentável, com a abertura de novos cursos de forma faseada».

Evocou o curso de Medicina para exemplificar aquele que tem sido o caminho seguido por esta instituição, que deixa já a sua pegada numa série de profissionais, das mais variadas áreas, que são constantemente reconhecidos em Portugal e no mundo.

«Hoje contamos com a Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas. Esta foi, sem dúvida, uma grande aposta que cumpriu e cumpre dois grandes objetivos: formar mais médicos em Portugal, numa zona particularmente carente e com grande dificuldade em alocar recursos humanos; e fixar profissionais numa fase de carreira profissional que permitisse serem os formadores dos novos médicos e desenvolver as estruturas hospitalares que permitissem também ser reconhecidos para o ensino médico».

No que diz respeito ao papel das universidades, Ana Jorge alertou para o facto de «ser necessário refletir e repensar a sua função face aos grandes problemas societais, tendo à cabeça as alterações climáticas e o seu impacto em matéria de saúde pública, mas também ao nível social e económico».

«É hoje claro que os temas – e este tema, em particular – não podem ser tratados de forma isolada, porque tudo implica com tudo e esta visão de interdisciplinaridade tem de ser assumida, em primeira instância, pelas universidades, que são quem, por excelência, olha o futuro de frente», sublinhou.

A presidente do Conselho Geral referiu ainda que «a realidade cultural, social e económica do Algarve e de Portugal têm beneficiado, inequivocamente, da atividade da UAlg em todas as suas áreas de intervenção, sejam elas de formação, de investigação e de transferência ou de interação com a comunidade».

 

Ana Jorge, presidente do Conselho Geral da UAlg – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Em representação dos funcionários não docentes, Amadeu Cardoso, funcionário aposentado que exerceu a função de diretor dos Serviços de Ação Social durante 30 anos, recordou a instituição nos anos 80. «Sou do tempo em que tudo era de todos e por isso fizemos acontecer. Sim, não se julgue que o que existe nesta instituição caiu do céu. Não, o que existe foi feito com muito trabalho e dedicação de todos: docentes, investigadores, trabalhadores não docentes e estudantes, estes a razão da nossa existência, e que devemos saber apoiar e respeitar».

Durante o seu discurso, Amadeu Cardoso deixou um apelo ao reitor da UAlg para que, na sua caminhada, «não se esqueça que a universidade é um todo e, nesse todo, o corpo dos trabalhadores não docentes merece a sua melhor atenção».

Já Vítor Pereira, em representação dos estudantes, referiu-se aos principais objetivos da Associação Académica da qual é presidente, «que se baseiam na defesa dos valores e dos interesses dos estudantes da Academia, assim como na resposta às mais variadas necessidades de cada um deles».

«Cada um dos estudantes da UAlg faz desta instituição a sua casa», sendo, na sua opinião, importante investir no «melhoramento infraestrutural dos seus edifícios, assim como a melhoria e expansão das suas residências».

O presidente da AAUAlg apelou também «ao desenvolvimento na área desportiva, pois a representação desta instituição passa também pelos nossos atletas. O melhoramento das infraestruturas desportivas deve ser um ponto chave nos anos vindouros».

Já Fernanda Matias, da Escola Superior de Gestão e Turismo (ESGHT), em representação dos docentes, assegurou, no seu discurso, que «os docentes estão cientes da sua nobre missão e da sua responsabilidade social, disponíveis para fazer o seu melhor nas condições de que dispõem, reconhecem a fragilidade financeira vivida há anos, em demasia, pela Universidade e pela maioria das Instituições de Ensino Superior em Portugal e o esforço que a reitoria tem despendido para acomodar um orçamento dificilmente gerível».

«Contudo, visando a melhoria da satisfação profissional dos docentes, gostaria de sublinhar a premência de dar continuidade aos procedimentos concursais para progressão nas carreiras e de simplificação dos procedimentos administrativos, além da atenção a dispensar ao rejuvenescimento do pessoal docente», frisou.

Na cerimónia, foram ainda homenageados, com a entrega da medalha de agradecimento da UAlg, João Botelheiro, antigo provedor do Estudante, e Vítor Neto, antigo presidente do Conselho Geral. Foi também atribuído o título de professor emérito aos docentes João Albino Silva, João Guerreiro, Ludgero Sequeira e Pedro Ferré.

Foram igualmente entregues, durante a cerimónia, as medalhas da Universidade aos funcionários que completaram 25 anos de serviço, bem como os prémios aos diplomados com mérito, no ano letivo de 2019/2020.

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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