Parece que está a nascer um mundo de Meta

Enquanto o planeta Terra se destrói mesmo à nossa frente perante a indiferença da maioria e a cumplicidade da ganância, outro mundo vai criando forma

O FACEBOOK INC mudou de nome para METAVERSO em outubro 2021, o mesmo mês em que se iniciou a Cimeira do Clima, em Glasgow.

As medidas tomadas na COP26, a cimeira do clima da ONU, ficaram aquém do esperado, mas não precisamos de nos preocupar: com o METAVERSO, está previsto ser possível teletransportar-nos para outros locais da Terra com o nosso avatar, encontrarmo-nos virtualmente com os nossos amigos, e para isso, de nada interessará o estado real do planeta.

Proibir o uso de carvão era a «última esperança» para limitar o aquecimento global, afirmava Alok Sharma, presidente da COP26, em maio de 2021. Infelizmente, essa esperança não se materializou.

Não houve acordo e a Índia quis, à última hora, substituir o fim progressivo (phase-out) por uma redução progressiva (phase down), o que acabou sendo aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça, e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas. «Eliminação» foi substituída por uma «redução progressiva». Alok Sharma considera ainda assim, que o pacto assinado permite «manter ao alcance» o objetivo de limitar a 1,5 graus o aumento da temperatura do planeta neste século. A ver vamos.

Na verdade, esta é uma questão mais do que semântica, e que faz com que o carvão continue a contribuir para as alterações climáticas por mais anos que o nosso planeta possa suportar.

No mundo de Meta, será possível trabalhar num escritório virtual, reunir-se com colegas, analisar projetos, tudo, sem sair de casa. Que importará se as temperaturas estiverem insuportáveis? Desde que tenhamos água e comida, as outras espécies poderão ser somente hologramas. Haja Internet e o resto não interessa! A expetativa é que, em cinco anos, a interligação entre mundos virtuais e realidade física seja banal, tal como aconteceu com a comunicação usando o vídeo através dos smartphones.

Entretanto, boas notícias. Portugal deixou de utilizar carvão na produção de eletricidade, a 24 de novembro passado.

Inicialmente, o país previa deixar de utilizar carvão para a produção de eletricidade apenas em 2030. A Central Termoelétrica do Pego esgotou o stock e a produção terminou. Esperamos que outros países também sigam brevemente este caminho. Observação pertinente: a Alemanha inaugurou uma nova central em 2020…

Mas, afinal, o que é o METAVERSO?

O METAVERSO é o novo sonho do programador e empresário norte-americano Mark Zuckerberg (é assim que o Wikipedia o apresenta), e será uma nova forma de experienciarmos a interação social nas redes sociais e a interligamos com a realidade física.

METAVERSO é o passaporte para o acesso à realidade virtual 3D que possibilitará uma experiência de conexão online imersiva. Está já a ser construída uma nova plataforma intitulada Horizon, o ponto de partida para interagirmos no METAVERSO.

Não acessível a todos, claro. Não será gratuito como o Facebook ou o Instagram. Quer entrar? Terá de pagar. Aí poderá criar o seu avatar, a casa, workrooms para colaboração e mundos virtuai,s como por exemplo, um local para realizar uma festa virtual com amigos e familiares.

Enquanto o planeta Terra se destrói mesmo à nossa frente perante a indiferença da maioria e a cumplicidade da ganância, outro mundo vai criando forma. Um mundo virtual, onde seremos apenas mãos e cérebros conectados, desligados do que mais importa; de nós, do Outro, dos seres vivos com quem partilhamos este planeta.

Parece que está a nascer um mundo de Meta.

 


Autora: Analita Alves dos Santos é uma Mãe preocupada com questões ambientais… e não só

 

 

 



Comentários

pub