Francisco Amaral exige o regresso do delegado de Saúde de Castro Marim devido ao «descontrolo da situação»

Autarca diz que «não há comparação nenhuma entre o que se fazia antes e o que se faz agora, que é muito pouco»

Testes em massa em Fevereiro passado, em Castro Marim – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Francisco Amaral voltou a insurgir-se contra o afastamento do cargo de Mariano Ayala, que era, até Julho, o delegado de Saúde de Castro Marim, numa altura em que «os casos estão aumentar no concelho» e perante «o descontrolo da situação» epidemiológica. O presidente da Câmara já deu conhecimento do assunto à ministra da Saúde e ao Presidente da República e exige que o médico seja reconduzido no cargo.

O autarca considera que a decisão da Administração Regional de Saúde do Algarve de não reconduzir Mariano Ayala no cargo «não faz sentido nenhum», tendo em conta que o médico em causa «é muito competente» e estava  realizar um «trabalho fantástico».

«Estava diariamente no terreno, fazia reuniões com a comissão distrital de proteção civil, que eram semanais. E toda a gente estava encantada com ele, porque ele preocupava-se com tudo e com todos, andava diariamente no terreno», disse Francisco Amaral ao Sul Informação.

«Qual é o nosso espanto quando, no Verão, o senhor é exonerado. Ficou a delegada de saúde de Vila Real de Santo António a dar apoio a Castro Marim. Tomara a senhora dar conta de Vila Real…», acrescentou.

O presidente da Câmara de Castro Marim vai mais longe e diz que «não há comparação nenhuma entre o que se fazia antes e o que se faz agora, que é muito pouco».

«Claro que isto gera na população um sentimento de insegurança enorme, além de que estamos no auge desta pandemia e há um descontrolo absoluto. Os casos estão a aumentar e eu apelo ao bom senso. Aliás, já escrevi várias vezes à ARS. Agora, escrevi com o conhecimento à senhora Ministra e ao Presidente da República a ver se há um bocado de bom senso, para que este senhor volte à sua atividade», afirmou.

 

Francisco Amaral

Contactada pelo Sul Informação, a ARS do Algarve salientou não se tratar de uma exoneração, mas sim da não renovação de uma comissão de serviço e que se trata «de um assunto interno»

A mesma entidade defende que a sua decisão não colocou nunca em causa a resposta à população, neste concelho.

«O concelho de Castro Marim nunca deixou de estar vigiado por uma autoridade de Saúde e tem tido um desempenho excelente», assegurou.

Francisco Amaral, ele próprio médico, discorda e dá o exemplo do que considera a «desorientação total» no que toca aos rastreios epidemiológicos no concelho.

«Há mais de um ano que o município de Castro Marim disponibilizou técnicos para colaborarem com os serviços de saúde do Sotavento no combate à pandemia Covid-19. Essa disponibilidade foi rejeitada», enquadra.

«Agora, “à pressa”, perante o descontrolo da situação, solicitam apoio dos municípios do Sotavento para cederem funcionários e técnicos», com formação feita também apressadamente, acusa o autarca numa publicação realizada no Facebook.

Tudo isto, acredita o presidente da Câmara de Castro Marim , tem a ver «com ciúmes e politiquices».

«Nós fomos pioneiros do país ao fazer a testagem em massa, algo que hoje em dia toda a gente faz. Na altura, a medida foi  muito falada, estiveram aqui as televisões todas e a restante comunicação social. Isto gera uma certa ciumeira», acredita.

Esta e outras «iniciativas pioneiras» acabaram, na visão de Francisco Amaral, por «incomodar muito a saúde pública da região». Isto porque Mariano Ayala «é muito competente, muito dedicado» e associou-se às iniciativas da Câmara «sem pedir autorização à delegada regional de Saúde».

«O delegado de saúde tinha uma boa relação com o presidente da Câmara, que é do PSD, o que, pelos vistos, é uma chatice», rematou.

 

 



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