Exposição sobre arquiteto Manuel Gomes da Costa passa pelo Arquivo Distrital do Algarve

Mostra chama-se “mgc100: Moderno ao Sul”

Cooperativa Agrícola Santa Catarina da Fonte do Bispo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Uma exposição sobre a arquitetura de Manuel Gomes da Costa vai estar patente a partir das 18h00 desta terça-feira, no Arquivo Distrital do Algarve, em Faro. 

A mostra “mgc100: Moderno ao Sul”, que já esteve Sala de Atos do Cabido da Sé de Faro, foi criada  em 2009 com o intuito de, ainda em vida, celebrar a carreira do arquiteto Manuel Gomes da Costa, regressando agora.

A reposição da exposição visa celebrar o centenário do nascimento de Manuel Gomes da Costa (1921-2016) e dar a conhecer, através de 40 das suas obras, a progressão e abrangência da ação profissional do arquiteto no Algarve.

Com esta mostra, o objetivo passa igualmente por integrar esta obra na memória coletiva dos algarvios, sensibilizando a população para que atue como vigilante deste património, «agora reconhecido e em grande perigo de transformação e que, por desconhecimento, arrisca uma crescente degradação e desaparição gradual, como aconteceu muitas vezes até aqui», diz a Câmara de Faro.

«Em simultâneo, o nome de Gomes da Costa e de alguns dos seus colegas contemporâneos, como Manuel Laginha e Vicente Castro, foram catapultados para a riquíssima esfera do Moderno Português, à medida que muitas teses, estudos, artigos e livros foram sendo desenvolvidos por estudantes, arquitetos e historiadores de arquitetura em muitas Universidades de Portugal e Espanha», acrescenta.

Entretanto, o Município de Faro tem também desenvolvido várias ações de divulgação e proteção deste património, nomeadamente a recriação de casas modernistas de Faro para o ambiente do jogo Minecraft pelos alunos das escolas do concelho, através do projeto MI.MOMO.FARO – Minecraft e a Arquitetura Modernista em Faro, ou a classificação de Interesse Municipal do “Eixo de ligação entre o Mercado e a Escola Secundária João de Deus”, que define regras restritas de intervenção em edifícios Modernos.

 

Quem foi Manuel Gomes da Costa

Foi no ano de 1953 que o arquiteto Manuel Gomes da Costa chegou ao Algarve com uma bagagem fresca de novos valores linguísticos e uma nova arquitetura que rompia com os padrões do tempo do regime.

Ao longo de mais de cinco décadas de trabalho árduo, perseverante e solitário, MGC projetou e construiu centenas de obras, que, para além do programa habitacional mais corrente, teve também muita expressão no âmbito do equipamento público, dentre os quais se destacam, entre outros, a Creche de Aljezur, a Colónia de Férias de Alcantarilha, o Colégio da Nossa Senhora do Alto em Faro, a Capela de Santa Luzia ou a Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

Fácil de reconhecer, o “estilo” Gomes da Costa evoluiu ao longo do tempo. De uma linguagem próxima da “Escola do Porto” e dos mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy ou Vilanova Artigas (nos anos 50 e 60), para um estilo cada vez mais pessoal e livre no fim da sua carreira como arquiteto (2002). Em qualquer dos casos, MGC procurou uma arquitetura informada que refletisse com responsabilidade os valores do seu tempo: «leve, solta, democrática, humana, adaptada ao lugar e ao clima», ao serviço e ao alcance do maior número de pessoas.

Personagem singular, foi talvez o maior representante da Geração Moderna no Algarve pela excecional qualidade e quantidade de trabalho. A persistência e coerência do trabalho de MGC desde o princípio da sua carreira, representam esse «espírito de missão», de equipar a sociedade para o futuro com os meios técnicos e linguísticos da sua época.

Grande parte destes edifícios do Período Moderno e da sua autoria, são importantes testemunhos formais da realidade do séc. XX em Faro e no Algarve. Património único e irrepetível, é possível, através dele, estabelecer novas conjunturas, revendo-se a continuidade da História através da análise do acontecimento individual.

 



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