Não há filas à porta, mas não é por falta de procura. Naquele dia, uma terça-feira, estavam dentro do Centro de Vacinação Municipal de Olhão várias dezenas de pessoas, algumas a aguardar vez para serem inoculadas, outras a cumprir a meia hora de recobro. E o que saltava à vista era a ordem e organização.
À porta do pavilhão do Clube Desportivo “Os Olhanenses”, na zona industrial de Olhão, onde foi instalado há meses e continua a funcionar, sem nunca ter sido encerrado, o centro de vacinação deste concelho, quem chega é recebido por elementos dos bombeiros e da Polícia Municipal.
São eles que fazem a primeira triagem: quem for elegível para ser vacinado é mandado entrar para dentro da infraestrutura. Os que não podem, por alguma razão, ser inoculados, não perdem mais tempo à espera.
Já dentro do pavilhão, há duas filas distintas: uma para o autoagendamento, outra para a casa aberta. E quem espera não tem de o fazer de pé, já que há a grande bancada, com centenas de lugares, onde se sentar.
Sempre que há uma vaga num dos guichés, uma sorridente funcionária chama quem está a aguardar, para tratar do processo e passar à sala de espera da vacinação propriamente dita.
Este cenário contrasta com relatos que se vão ouvindo sobre as dificuldades vividas em vários centros de vacinação do país. E a “culpa” é da aposta feita pelo executivo camarário olhanense, que não só decidiu manter esta grande estrutura montada, mesmo quando o esforço de vacinação abrandou, como investiu na melhoria do serviço prestado à população.
Os frutos não demoraram a surgir: «Recebemos uma notícia muito interessante da parte da ARS Algarve, a de que Olhão está na frente da vacinação. Dos 16 municípios do Algarve, nós somos aquele que tem a vacinação mais avançada. Isso deixa-nos muito felizes, é sinal de que estes investimentos estão a surtir efeito», disse ao Sul Informação Ricardo Calé, o vereador da Câmara de Olhão com o pelouro da saúde.
O nosso jornal esteve à conversa com o membro do executivo camarário olhanense, recentemente empossado pela primeira vez como vereador, que explicou a que se deve esta liderança.
«Olhão tem feito um grande investimento neste projeto de vacinação. E o senhor presidente da Câmara foi uma pessoa que sempre esteve muito sensível e percebeu rapidamente que a vacinação iria continuar e que iria ser necessário um reforço para os mais idosos da terceira dose da vacinação, além de que esse esforço iria sendo estendido para as faixas etárias mais jovens».
Por outro lado, está em curso a vacinação contra a gripe, que também está a ser administrada nesta infraestrutura.
«Ou seja, estar a desativar um centro de vacinação que estava com a logística toda montada e que estava a dar um grande apoio à saúde pública, apesar desta não estar sob a nossa alçada, ia ser um desinvestimento que não faria sentido. E isso provou-se», acredita o autarca.
Recentemente, a Câmara promoveu alterações, de modo a melhorar o serviço prestado e resolver vários problemas que foram identificados.
«Fizemos uma reorganização das entradas, por forma a aproveitarmos o facto de estarmos num pavilhão e termos estas bancadas. As filas, em vez de serem exteriores, fazem-se cá dentro. Ao mesmo tempo, aumentámos a comunicação. A task force da vacinação traz-nos informações novas quase todos os dias. Ou seja, as pessoas não sabiam bem se podiam ter casa aberta, se essa casa aberta era para mais de 65… Havia uma entropia muito grande na comunicação e nós começámos a comunicar de forma muito clara», conta.
O centro também era procurado «por estrangeiros não residentes e eles não são elegíveis para a vacinação», pelo que foi afixada informação clara e avisos no exterior do pavilhão.
«Isto aconteceu graças a dois elementos muito importantes que temos aqui a comandar, que são o senhor comandante dos Bombeiros e o professor Paulo Farinho, que desde sempre criaram aqui esta dinamização. Depois, com a implantação de duas ou três soluções, que entre os três encontrámos, foi fantástico», resumiu Ricardo Calé.
Uma delas foi a criação de «duas filas completamente distintas para a casa aberta e para o agendamento. Há aqui um grande investimento da Câmara Municipal para que todo o processo corra de forma ágil, simples».
Paralelamente à aposta feita no Centro de Vacinação, a autarquia avançou com outros três investimentos, também na área da vacinação.
A Câmara de Olhão investiu na criação de um call center, «porque, no primeiro momento em que começaram as casas abertas para a 3ª dose da vacinação, percebemos que a adesão estava muito baixa».
«Desta forma, e em articulação com a saúde pública, criámos um call center dedicado a fazer o agendamento. Fizemo-lo porque as pessoas que iam levar a terceira dose eram de uma faixa etária mais alta, pessoas mais idosas que não tinham facilidade em receber os SMS e fazer as marcações. E nós, a partir do momento que percebemos isto, investimos neste centro», explicou Ricardo Calé.
Outro investimento foi «a integração no protocolo do SNS local, onde nós disponibilizamos as vacinas da gripe nas farmácias, aproveitando a rede de farmácias de proximidade que existe no concelho. Dessa forma, os nossos munícipes têm acesso às vacinas da gripe gratuitas, que são administradas pelas próprias farmácias».
A quarta aposta «é um investimento não tão monetário, mas mais humano e de contacto com as pessoas», que visa a sensibilização da população.
«Com o nosso departamento de comunicação, estamos a fazer vídeos, através da articulação com vários elementos da comunidade olhanense, como desportistas, a proteção civil, os bombeiros e a comunidade escolar, onde apelamos à vacinação», explicou o vereador da Câmara de Olhão.
Estes vídeos, o mais recente dos quais foi publicado na quinta-feira, «têm sido muito bem acolhidos».
«Nós acreditamos que estes quatro investimentos deram frutos e que é graças a eles que nós estamos agora na frente da vacinação», disse.
Entretanto, começou a vacinação das crianças menores de 12 anos, com o fim-de-semana que ontem terminou a ser dedicado a esse desígnio.
Também aqui a Câmara decidiu fazer um investimento, neste caso, «na contratação de dois artistas locais, um mágico e o homem aranha de Olhão, que é muito conhecido», para «fazer as maravilhas dos mais jovens, se estiverem com medo ou nervosos».
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
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