DRAP Algarve organizou sessão para fazer ponto de situação da praga Trioza erytreae

Sessão decorreu na passada segunda-feira, dia 6 de Dezembro, no auditório da DRAP Algarve

A Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve organizou, no seu auditório, o seminário “Trioza erytreae”, na passada segunda-feira, 6 de Dezembro, com o objetivo de «divulgar informação sobre a evolução da situação, estratégia nacional e luta biológica relacionada com esta importante praga que afeta a cultura dos citrinos».

Este seminário, organizado em conjunto com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), contou com cerca de uma centena de participantes de todo o país, quer de forma presencial, quer por vídeo-conferência.

A sessão foi iniciada por Pedro Valadas Monteiro e Susana Pombo, diretores da DRAP Algarve e da DGAV, respetivamente, que «relevaram a importância da partilha de informação e do trabalho em rede como forma de melhorar a capacidade de atuação e de prevenção perante as ameaças fitossanitárias, cuja severidade e impacto é potenciado pela crescente mobilidade de pessoas e mercadorias, bem como pelas alterações climáticas», explica a DRAP Algarve.

Da sessão, tiraram-se várias conclusões, sendo as principais que «a praga Trioza erytreae, vulgarmente conhecida por Psila Africana dos citrinos foi assinalada pela primeira vez na Península Ibérica, na Galiza em 2014». Expandiu-se para Sul, por toda a zona costeira de Portugal continental, tendo sido assinalada em Setembro de 2021 na região do Algarve, nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo. Já a Norte encontra-se assinalada nas regiões autónomas espanholas da costa Norte da Península até muito próximo de França.

Esta é considerada «uma praga de quarentena no território da União Europeia, obrigando à aplicação de medidas fitossanitárias necessárias para a sua erradicação e evitar a sua dispersão», realça a DRAP Algarve.

A praga tem como principais hospedeiros, «espécies vegetais da família das rutáceas, onde se incluem os citrinos e algumas espécies ornamentais de fraca implantação na região do Algarve, sendo «relativamente fácil de identificar pelos sintomas característicos “galhas” que provoca na rebentação da cultura dos citrinos». É na cultura dos limoeiros «que encontra condições mais favoráveis para se instalar, pelo facto desta espécie apresentar diversas rebentações anuais».

 

 

«Esta praga por si só não é considerada problemática, uma vez que é de luta relativamente fácil, conjugando-se facilmente no combate a outros inimigos da cultura dos citrinos, como é o caso dos afídeos e da mineira dos citrinos».

O maior problema consiste no facto da Trioza erytreae «poder transmitir a doença denominada Huanglongbing (HLB ou Citrus greening) causada pela bactéria Candidatus Liberibacter, considerada a doença mais grave dos citrinos a nível mundial, podendo comprometer seriamente a produção citrícola da Europa. Embora nunca tenha sido detetado nenhum caso desta doença na União Europeia, existindo o inseto vetor, a probabilidade de dispersão é mais elevada», realça a DRAP Algarve.

Para o seu combate tem vindo a ser aplicado, desde 2019, em articulação com os Serviços Agrícolas Espanhóis, um plano de luta biológico que consiste na realização de largadas sistemáticas de insetos parasitoides da espécie Tamarixia dryi. Este auxiliar «apresenta uma elevada especificidade para esta praga e tem-se revelado extremamente eficaz no seu controlo, revelando taxas de parasitismo muito elevadas».

No Algarve, logo após a deteção da praga, foi de imediato articulado com a autoridade fitossanitária nacional, a DGAV, possibilitando que se tivessem realizado diversas largadas do referido parasitoide em plantas de citrinos nos concelhos afetados por esta praga. A comunidade científica é unanime em considerar que este parasitoide é «uma mais valia no combate a esta praga».

Foi ainda concluído nesta sessão que é importante «manter e reforçar a colaboração entre os principais agentes do setor, de modo a congregar esforços para a obtenção de êxito na aplicação das medidas fitossanitárias necessárias para a erradicação e evitar a dispersão desta praga», sublinha a DRAP Algarve.

Na sessão participaram diversos oradores nacionais, entre eles Paula Cruz Garcia, da DGAV, José Carlos Franco, do Instituto Superior de Agronomia, José Alberto Pereira, do Instituto Politécnico de Bragança, Ana Aguiar da Faculdade de Ciência do Porto e Amílcar Duarte, da Universidade do Algarve.

Contou ainda com a participação de José Maria Cobos, da dirección general de Sanidad de la Producción Agraria, ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación de Espanha.

As apresentações de todos os oradores serão disponibilizados brevemente ao publico em geral, no site da DRAP Algarve e da DGAV, podendo assistir em breve também à gravação do evento.



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