Covid-19: Situação «preocupa» no Algarve, mas vacinação está a aliviar pressão sobre os hospitais

Dos 35 surtos ativos na região, 20 são em escolas

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

A situação no Algarve «é preocupante porque os números são elevados», mas, em termos da capacidade hospitalar, «ainda estamos muito longe dos números da terceira vaga». Esta foi uma das ideias fortes deixadas na conferência de imprensa de balanço da pandemia que se realizou esta segunda-feira, 6 de Dezembro. 

Meses depois – e com os dados da Covid-19 a aumentar – a comunicação social voltou a ser convocada para esta conferência de imprensa que, como é habitual, juntou entidades regionais ligadas à saúde e políticos.

Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de Saúde, considerou que a situação na região «é preocupante» e a estimativa até «é de crescimento».

«As temperaturas baixas jogam a favor do vírus, bem como os encontros sociais nesta altura antes do Natal e o tempo passado em espaços fechados com muita gente, como nas compras», explicou.

Segundo esta responsável, o Algarve tem atualmente «35 surtos ativos», dos quais 20 são em escolas, como a Padre Cabanita e Duarte Pacheco (Loulé), EB 2,3 João da Rosa (Olhão) ou Lejana (Faro). Ainda assim, «a maior parte destes surtos nas escolas, são pequenos».

Há ainda dois surtos em lares – «um deles com alguma dimensão, mas já estabilizado». O outro tem, até agora, 7 casos e voltarão a ser feitos testes hoje.

Por concelhos, Portimão, Lagoa, Monchique, Loulé e Faro são aqueles que têm maior incidência de casos, enquanto, a nível regional, este indicador se cifra nos 761 casos/100 mil habitantes.

Ana Cristina Guerreiro fez ainda um retrato das infeções por grupos etários e, aí, o mais afetado tem sido «o das pessoas entre 30-39 anos, seguido de perto pelo grupo dos 40-49 anos e das crianças dos 0-9 anos que tem crescido bastante nos últimos dias».

Nesta vaga, «têm sido poupados os grupos dos mais idosos, dos 70-79 anos e dos maiores de 80 anos».

Para a responsável, este é um «efeito da vacinação nestes grupos, que já está mais avançada, nomeadamente no que diz respeito à dose de reforço».

Quanto ao perfil dos internados – atualmente estão 88 em enfermaria e 20 em cuidados intensivos – a delegada regional de saúde adiantou que são, nesta vaga, «mais novos» e que há um dado relevante: «metade não foram vacinados», o que «parece demonstrar que o vírus procura brechas na vacinação».

E é, aliás, esta nova “arma” contra a pandemia que tem impedido que, apesar do número significativo de infetados, nas últimas semanas, a pressão sobre os serviços de saúde seja tão intensa como era há um ano.

Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, explicou que, «em termos da capacidade hospitalar, ainda estamos muito longe dos números de Dezembro [2020], Janeiro e Fevereiro, que foram de grande pressão para o Serviço Nacional de Saúde».

«A situação não é comparável. No panorama atual, o CHUA tem margem muito grande de capacidade de absorção de doentes internados com Covid-19. Em Faro, o hospital não está no limite e pode ser aumentado. No Hospital de Portimão, também e o CHUA tem ainda mais duas unidades contratualizadas com privados: a antiga Clínica Santa Maria, em Faro, e o São Gonçalo de Lagos», acrescentou.

Por tudo isto, a reativação do hospital de campanha, que funcionou, no Portimão Arena, no início do ano, apesar de ser, «no limite, uma possibilidade» não deverá ser necessária», perspetivou o responsável.

Além disso, o facto de o ritmo da subida dos casos ser «um pouco mais lento» ajuda a que o CHUA esteja preparado. «Há um plano de contingência, já entrou numa fase que não é a zero, com reforço de camas e instalações. Penso que temos condições para dar resposta na região», defendeu.

António Pina, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil, explicou que, neste momento, «o Algarve tem de se preparar para os próximos seis meses. Todos teremos que ser vacinados novamente, incluindo as crianças. Só a vacinação dá proteção e trará de volta a normalidade, independentemente das variantes que possam ou não surgir».

O autarca traça o objetivo de chegar à Páscoa «como a região número um, como a região modelo» no combate à pandemia.

Para isso, é necessário abdicar de algumas coisas, como a comemoração da Passagem de Ano.

«Os municípios decidiram cancelar eventos que poderiam ser um verdadeiro desastre para a saúde pública e, posteriormente, para a economia. Estas decisões podem parecer, a curto prazo, penalizadoras para a economia, mas, a longo prazo, são as mais acertadas», concluiu.

 

 



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