Catálogo de estrelas único no mundo disponibilizado pelo Instituto de Astrofísica e Ciência do Espaço

O catálogo SWEET-Cat permite à comunidade consultar parâmetros homogéneos e de alta precisão de mais de novecentas estrelas com exoplanetas

Mapa de todo o céu (hemisférios Norte e Sul) com a posição das estrelas com planetas no catálogo SWEET-Cat. As bolas amarelas representam parâmetros não homogéneos, enquanto as azuis são parâmetros homogéneos. (Crédito: Sérgio Sousa (IA & UPorto))

Caracterizar com precisão as estrelas é crucial para a descoberta e a caracterização dos exoplanetas que as orbitam. Parâmetros estelares de alta precisão podem ajudar, por exemplo, na distinção entre a descoberta de planetas semelhantes a Neptuno ou planetas semelhantes à nossa própria Terra. Foi com essa intenção que os investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IAstro) criaram o catálogo SWEET-Cat.

Sérgio Sousa (IAstro & Universidade do Porto), o primeiro autor do artigo que apresenta o catálogo SWEET-Cat 2.0, explica que “os catálogos de exoplanetas mais usados pela comunidade científica reúnem parâmetros estelares que provêm de várias fontes e derivados por métodos diferentes, perdendo assim alguma consistência na comparação entre sistemas planetários diferentes”.

O SWEET-Cat é, neste sentido, um catálogo único no mundo, pois contém, para uma lista de estrelas com planetas que é constantemente atualizada, parâmetros estelares que foram derivados sempre com o mesmo método.

Vardan Adibekyan (IAstro & Dep. Física e AstronomiaFaculdade de Ciências da Universidade do Porto) acrescenta que, “apesar dos grandes avanços na área dos exoplanetas, a precisão com que conseguimos caracterizar exoplanetas continua dependente da nossa capacidade de determinar as propriedades das estrelas-mãe. O SWEET-Cat dá um passo decisivo na direção da caracterização precisa das populações de exoplanetas, ao fornecer parâmetros estelares precisos e homogéneos das estrelas com planetas em órbita, que. Certamente que, um dia, nestas populações estará uma ‘Terra 2.0’, que o nosso grupo e a comunidade de investigação em exoplanetas há muito que procura”.

O catálogo SWEET-Cat foi originalmente apresentado em 2013 e recebe agora uma atualização importante, contando também com o uso de paralaxes da missão espacial GAIA, da Agência Espacial Europeia (ESA).

Isto permitiu à equipa aumentar em mais de 40% o número de estrelas, e determinar, com maior precisão, as suas massas e raios. Esta atualização foi publicada recentemente na revista Astronomy & Astrophysics, com o catálogo a ser mantido em Portugal, no IAstro.

“O catálogo SWEET-Cat ilustra de forma muito clara o trabalho de longo prazo feito pela equipa do IA para desenvolver estudos da relação entre as propriedades das estrelas e os seus planetas.” acrescenta Nuno Santos (IAstro & DFA-FCUP), o investigador principal da equipa de Sistemas Planetários do IAstro.

 

Imagem artística que ilustra quão comuns são os sistemas planetários na nossa galáxia, a Via Láctea. Nesta representação, o tamanho dos planetas, das suas órbitas e o tamanho das estrelas foram bastante exagerados. (Crédito: ESO/M. Kornmesser)

 

Notas:

  • A equipa é constituída por: S. G. Sousa, V. Adibekyan, E. Delgado-Mena, N. C. Santos, B. Rojas-Ayala, B. M. T. B. Soares, H. Legoinha, S. Ulmer-Moll, J. D. Camacho, S. C. C. Barros, O. D. S. Demangeon, S. Hoyer, G. Israelian, A. Mortier, M. Tsantaki e M. A. Monteiro.
  • O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a instituição de referência na área em Portugal, integrando investigadores da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e Universidade do Porto, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação de unidades de investigação e desenvolvimento organizada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela FCT/MCES (UIDB/04434/2020 e UIDP/04434/2020).
  • O artigo “SWEET-Cat 2.0: The Cat just got SWEETer – Higher quality spectra and precise parallaxes from GAIA eDR3”, foi hoje publicado na revista Astronomy & Astrophysics, Vol. 656 (A53) (DOI: 10.1051/0004-6361/202141584).

 

 

 



Comentários

pub