Caminhantes internacionais descobriram o Ameixial e até já lá deixam presentes

É algarvio o único clube português associado da IVV, uma federação internacional de associações de caminhadas

Charles Pauwels, como o seu nome aponta, não é algarvio de nascença, nem de criação, nem se mudou para a região por ter vindo para cá trabalhar. Este cidadão luxemburguês escolheu o Algarve para investir e comprar uma casa por gostar do clima, mas também devido às caminhadas, uma das suas grandes paixões.

Os pés de Charles não são “esquisitos” e andam por todo o Algarve e em várias partes do mundo. Mas há um local que é especial para ele e para outros caminhantes com quem se costuma fazer aos trilhos: a aldeia do Ameixial, em Loulé, bem perto da fronteira entre o Algarve e o Alentejo.

Foi aqui que o Sul Informação o encontrou, numa tarde de sábado de Outono, em que o sol brilhava forte, elevando a temperatura a valores superiores aos habituais para a época.

Nada que incomodasse os elementos do grupo de experimentados caminhantes, boa parte deles estrangeiros, que estava sentado na esplanada do Café Central, a desfrutar do bom tempo.

Noutros tempos, a presença de um grupo tão heterogéneo e notoriamente multinacional poderia causar estranheza aos habitantes do Ameixial. Mas, nos tempos que correm, a presença de gente de fora já não é motivo de surpresa para quem vive nesta aldeia da Serra do Caldeirão.

Isso deve-se, em grande medida, ao Walking Festival do Ameixial (WFA), mas também, mais recentemente, ao trabalho que tem sido feito pela Associação de Caminhadas do Algarve, uma entidade que, apesar do nome bem português, tem um forte componente internacional – incluindo o seu presidente, que é Charles Pauwels.

 

Tanja Muller e Charles Pauwels

 

Mas esta internacionalidade não se deve só aos membros. É também devido ao facto de este ser o único associado português da IVV – International Federation of Popular Sports, uma federação internacional de clubes de caminhadas e de outros desportos que nasceu há mais de 50 anos na Europa central, mais precisamente na Alemanha, Áustria, Suíça e Liechtenstein, mas já se espalhou para quase três dezenas de países em todo o mundo.

O facto de ter um clube local membro desta federação, cujo grande enfoque são as caminhadas, já está a  dar frutos e a trazer visitantes à região. E entre eles contam-se os elementos da direção do IVV, que visitaram o Algarve em Novembro. De resto, também eles estavam à volta daquela mesa, no Ameixial.

Nesse dia, Tanja Muller, a vice-presidente da IVV e porta-voz do grupo – o presidente também veio ao Algarve, mas não subiu a serra nesse dia, porque se sentiu mal -, acompanhada por outros dois membros da direção, participaram na entrega de material para exercício físico geriátrico no lar de idosos da Casa do Povo do Ameixial, uma dádiva do clube e da IVV Portugal.

Da comitiva também constavam membros da associação de caminhadas, incluindo Charles Pauwels, João Ministro e Pedro Barros, da organização do Festival de Caminhadas do Ameixial, bem como José Carrusca, presidente da junta de freguesia local.

Este foi o segundo ano consecutivo em que a associação presenteou esta instituição. Em 2020, a oferta foi uma cadeira de rodas.

Esta componente solidária para com instituições dos locais que acolhem as suas caminhadas é uma prática comum da IVV e dos clubes seus associados.

Neste caso, a ideia da IVV Portugal e do clube algarvio é retribuir a hospitalidade e a simpatia das gentes do Ameixial, aldeia com a qual a Associação de Caminhadas do Algarve, criada em 2018, tem uma relação muito próxima.

 

 

«Há vários anos, um clube em Portugal juntou-se à IVV, o que muito nos orgulha. Temos esperança de que seja possível crescer em Portugal e ter mais clubes associados. Quantos mais, melhor», enquadrou a porta-voz da IVV.

«O nosso associado português tem promovido iniciativas maravilhosas. Neste momento, há aqui cinco trilhos permanentes com o símbolo da IVV. Qualquer caminhante, seja de que país for, pode vir aqui caminhar de forma independente», acrescentou Tanja Muller.

No que depender da federação, serão «muitas centenas de caminhantes a vir cá».

«A federação recebe as datas dos clubes e dos países e divulgamos as iniciativas que realizam. Temos dois sites, um dos quais dedicado aos eventos, onde colocamos todas as datas. Depois, os nossos caminhantes, que são como uma grande família, acedem ao site para poder agendar as suas caminhadas e as férias para o ano seguinte, de modo a decidir para onde querem ir», explicou Tanja Muller ao Sul Informação.

Ao todo, a IVV tem 27 países membros e representantes em 40.

«Alemanha, Áustria e Bélgica, por exemplo, têm organizações com 100 a 800 clubes, apenas num país. Por outro lado, há 15 países, como é o caso de Portugal, em que temos apenas membros diretos, que não estão organizados numa federação nacional. Temos um, dois ou três membros. É o caso português, mas também da Rússia e da Espanha, onde temos dois membros, que são apoiados diretamente pela IVV e pelo seu escritório central», descreveu.

 

 

E como é que surge um clube de caminhadas no Algarve?

«Esta associação nasce da vontade de pessoas que gostam muito de caminhar. Como não gostamos de caminhar sozinhos, decidimos criar este clube cá em Portugal», disse Charles Pauwels ao nosso jornal.

«Hoje em dia temos 55 membros. Só este ano, ganhámos mais 22. São de muitas nacionalidades, mas cerca de metade são portugueses. Queremos crescer mais, toda a gente é bem vinda», contou.

A associação tem vindo a participar, desde o ano em que foi criada, no Walking Festival, promovendo caminhadas com o selo IVV

«O que é mais importante, neste momento, é que as pessoas saibam o que é o IVV e que possamos dar a conhecer o Algarve a quem vem do estrangeiro», concluiu o presidente da Associação de Caminhadas do Algarve.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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