Tavira lança “Semente” à terra em hortas urbanas para famílias dos bairros da cidade

Protocolo de cedência de espaço foi assinado esta quarta-feira, 24 de Novembro, com a presença da ministra da Agricultura

Hortas urbanas – foto de arquivo

A “Semente” vai ser lançada à terra em Tavira, com a criação de duas hortas urbanas comunitárias, destinadas à prática de uma agricultura biológica e sustentável, assente nos princípios da Dieta Mediterrânica, sendo estes espaços destinados à plantação e colheita de produtos pelos moradores de cinco bairros da cidade.

«Inicialmente previsto para começar em Janeiro», o projeto “Semente” arranca agora com «a criação de uma horta demonstrativa e de formação, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT)», disse Artur Gregório, presidente da Associação In Loco, parceira do projeto, durante a homologação do protocolo de cedência do espaço, que decorreu esta quarta-feira, 24 de Novembro, com a presença da ministra da Agricultura.

Denominado de “horta mãe”, este espaço com cerca de 3 mil metros quadrados, cedido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, será dividido em 50 talhões para que famílias dos cinco bairros sociais de Tavira – Atalaia, Joaquim Jara, Horta do Carmo, Porta Nova e Bela Fria – consigam ter um lugar «onde possam plantar e colher os seus próprios alimentos, de uma maneira saudável e equilibrada, de acordo com os princípios da agroecologia», explicou Artur Gregório.

 

Centro de Experimentação Agrária de Tavira

 

O projeto, que tem a duração inicial de um ano, é o resultado de uma candidatura ao programa “Bairros Saudáveis”, através de uma parceria entre a Associação In Loco e o Movimento de Cidadãos pelo Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) e Hortas Urbanas de Tavira, mas «a ideia vem já de há largos anos. Por vicissitudes várias, nunca chegou a ver a luz do dia», anunciou Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal, durante a sua intervenção na cerimónia.

A candidatura a este programa do Governo «veio alterar o papel inicial da autarquia tavirense neste projeto». É que a gestão passará a ser feita pelo grupo de parceiros, dos quais fazem parte a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, a Universidade do Algarve, a Delegação de Tavira da Cruz Vermelha, o Centro de Saúde, a Associação In Loco e o Movimento de Cidadãos pelo Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) e Hortas Urbanas de Tavira.

Esta horta comunitária no CEAT terá, para além dos talhões, «uma estufa e uma área de preparação das plantas», bem como «um espaço comum», que poderá ser usado para convívio entre as famílias tavirenses. Apesar de estar pensada ainda outra horta comunitária, que será instalada num terreno ainda a ser cedido pela Câmara Municipal de Tavira, «a “horta mãe” terá a maior parte dos equipamentos do projeto», sublinhou Artur Gregório.

 

Artur Gregório, presidente da Associação In Loco – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Os participantes que integrarão este projeto «não vão ser elementos passivos ou beneficiários de caridade», mas serão «elementos ativos, que irão fazer a cogestão dos recursos e terão também a sua responsabilidade no desenvolvimento do projeto», sendo chamados a «desenvolver, desenhar e implementar grande parte dos seus mecanismos de sustentabilidade».

Nestas hortas urbanas, os tavirenses «não vão ter apenas terra para fazer aquilo que quiserem», pois este será também um programa de autodeterminação, de educação alimentar e de capacitação pessoal e organizacional. «Pretendemos mudar comportamentos alimentares ao trabalhar com os participantes do projeto, com as suas famílias e com as suas redes de proximidade, de maneira a podermos contribuir para o reforço da cidadania e da participação da comunidade. Dessa forma pretendemos mudar atitudes».

A instalação deste projeto é «um dos primeiros passos para a recuperação do Centro de Experimentação Agrária de Tavira, algo há muito tempo ambicionado», disse Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas, e «insere-se na corrente que tem vindo a ser desenvolvida em algumas cidades europeias – trazer o campo para dentro da cidade – aqui associado à Dieta Mediterrânica».

A ministra da Agricultura recordou, por sua vez, que Tavira, que é a comunidade representativa em Portugal da Dieta Mediterrânica, tem «a obrigação de divulgar este Património Imaterial da Humanidade, para chegarmos a 2030 com mais de 20% da nossa população nacional a aderir à Dieta Mediterrânica, ao consumo local e nacional, e também ao consumo sazonal. É isto que faz todo o sentido».

Maria do Céu Antunes salientou também que esta será a oportunidade de «capacitar os cidadãos para poderem aprender a trabalhar a terra, produzindo alimentos de época e em condições de sustentabilidade», mas também «poderem melhorar a sua economia familiar, a sua saúde e bem-estar» porque, com a criação das hortas urbanas, «vão poder produzir alimentos mais saudáveis, mitigar o decurso das alterações climáticas, promover os ecossistemas e melhorar a sua autoestima».

«Este é um projeto que faz toda a diferença» e que «deverá ser alargado a outras zonas do país», garantiu a governante.

 

Assinatura do protocolo – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Neste momento, depois dos protocolos assinados, é o momento de lançar o desafio aos habitantes dos cinco bairros sociais tavirenses. Para isso, o Movimento de Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira tem promovido «ações de divulgação do projeto pela cidade, dando a conhecer aquilo que vamos fazer. Já distribuímos cerca de 2500 panfletos e iremos distribuir mais», garantiu Ângela Rosa, uma das fundadoras do movimento, presente na cerimónia, em declarações ao Sul Informação.

Artur Gregório deixou ainda o convite para que os interessados em ter um espaço nas hortas urbanas «deem um passo em frente, informem-se, inscrevam-se e venham fazer parte do grupo».

O presidente da Associação In Loco concluiu afirmando que «queremos fazer de Tavira um exemplo regional, quem sabe nacional, de cooperação e construção de novas formas de viver numa cidade, de forma mais responsável, participada, equilibrada e saudável».

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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