Novembro é mês de chuva de meteoros das Leónidas e eclipse parcial da Lua

Agora que as noites estão a aumentar, há sempre muitos pontos de interesse a observar no céu noturno

Logo no início do mês, tentem procurar o planeta Mercúrio, antes do amanhecer. Nos primeiros dias de Novembro, este planeta chega a estar 10 graus acima do horizonte, virado a Este, antes do brilho do nascer do Sol o ofuscar.

No dia 3, podem procurá-lo a 5 graus de uma finíssima Lua, que, no dia seguinte, atinge a lua nova. No entanto, de dia para dia, Mercúrio vai-se aproximando do Sol, no céu, e lá para o meio do mês deixa mesmo de se ver.

Com a mudança da hora e com o aproximar do Inverno, a noite chega mais cedo e dura mais tempo. No início de Novembro, o Sol põe-se por volta das 17h30, enquanto no final do mês já passa abaixo do horizonte lá para as 17h15.

Nos dias 7 e 8, o nosso satélite, já em quarto crescente, estará visível ao anoitecer, a cerca de 5 graus do planeta Vénus, “atrás” deste planeta no dia 7 e “à frente” no dia 8. Vénus parece uma “super-estrela” que se vê na direção do pôr-do-Sol.

 

O céu virado a Sul, às 18h30 dos dias 10 e 11 de novembro de 2021, com a posição da Lua junto aos planetas Júpiter e Saturno. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)

 

Nos dias 10 e 11, a Lua vai formar um triângulo retângulo com os planetas Júpiter (mais brilhante) e Saturno (um pouco menos brilhante). No dia 10, a Lua estará a cerca de 5 graus de Saturno e, no dia 11, altura em que atinge a fase de quarto crescente, estará a cerca de 5 graus de Júpiter.

Os planetas Vénus, Júpiter e Saturno estarão visíveis logo ao anoitecer durante todo o mês, aproximadamente virados a Sul. Vénus é o que se põe mais cedo, passando abaixo do horizonte por volta das 19h45. Já Saturno e Júpiter põem-se, respetivamente, às 23h00 e 00h00 no início de Novembro, mas, no dia 30, já se põem, respetivamente, às 21h30 e 23h00.

 

O céu do zénite (indicado com uma cruz), às 21h00 do dia 15 novembro de 2021, com indicação da localização da galáxia de Andrómeda. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)

 

No dia 17, ocorre o pico da chuva de meteoros das Leónidas, mas, com a lua cheia a ocorrer apenas dois dias depois, este ano a observação desta chuva não será muito propícia.

Se quiserem arriscar, o radiante (ponto de onde parecem emanar os meteoros) fica na constelação do Leão, que nasce por volta da uma da manhã.

Dia 19, é dia de lua cheia e também de eclipse da Lua. Infelizmente, em Portugal, o eclipse parcial começa ao nascer do Sol, praticamente à mesma hora que a Lua se está a pôr.

Ainda assim, têm aqui o desafio de observação do mês: tentar observar a sombra da Terra a começar a tapar a Lua, durante cerca de 10 minutos antes da Lua se pôr. Para o fazer, é essencial ter o horizonte completamente desimpedido a Oeste, e recomenda-se usar uns bons binóculos.

Quase a acabar o mês, no dia 27, a Lua atinge a fase de quarto minguante.

Quase no zénite (o ponto por cima das nossas cabeças), ao início da noite, encontram as constelações de Andrómeda, Pégaso, Cassiopeia e Perseu. Na mitologia grega, Andrómeda era a filha do rei Cefeu e da rainha Cassiopeia. A princesa foi sacrificada ao monstro Cetus (a baleia), mas acabou por ser salva pelo herói Perseu, que usando a cabeça da Medusa, transformou Cetus numa ilha. Uma gota de sangue da cabeça da Medusa, ao cair no oceano, deu vida ao Pégaso, o cavalo alado.

A constelação de Andrómeda parece um dente, que parte da constelação do Pégaso. Nesta constelação, pode observar-se a galáxia de Andrómeda, visível a olho nu em céus escuros, ou com binóculos em céus mais iluminados.

Boas observações!

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

 

 



Comentários

pub