Adelino Canário é um dos 95 signatários de apelo à COP26 na área do Oceano

A Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas – COP26 – decorre esta semana, em Glasgow

Adelino Canário, diretor do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, é um dos 95 investigadores de todo o mundo que assinaram um “Apelo Científico para Ações baseadas no Oceano para Combater a Crise Climática” lançado esta terça-feira, 2 de Novembro, na COP26 que decorre em Glasgow (Escócia).

Este apelo foi lançado durante a reunião dos Chefes de Estado e de Governos do Painel do Oceano (Ocean Panel).

Neste documento, os especialistas reconhecem a importância do oceano para a regulação do clima e para a economia mundial e salientam a capacidade do oceano para oferecer soluções para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.

Adelino Canário, diretor do Centro de Ciências do Mar e professor da Universidade do Algarve, salienta ainda que «o apelo científico enuncia várias estratégias que os governos atuais podem tomar para conservar o Oceano e para valorizar o papel do Oceano no combate às alterações climáticas».

«Tratam-se de estratégias focadas no Oceano, como assegurar a sua gestão sustentável, cumprir as metas de proteção do oceano e reconhecer a contribuição dos ecossistemas marinhos e costeiros para o balanço de carbono. Se queremos combater as alterações climáticas, estas estratégias têm de deixar de constar em relatórios e passar a ser implementadas já», diz.

A Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas – COP26 – decorre esta semana, em Glasgow.

Veja aqui todos os signatários deste apelo.

 

Apelo Científico para Ações baseadas no Oceano para Combater a Crise Climática

Somos especialistas em disciplinas relacionadas com o oceano de todas as regiões e bacias oceânicas do mundo, reunidos sob os auspícios do ‘Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sustentável’.

Estamos profundamente alarmados com as conclusões do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC e com o impacto que a alteração climática antropogénica está a ter sobre a saúde do nosso oceano e as comunidades que dele dependem.

Uma ação urgente é necessária para salvaguardar o papel crítico do oceano na regulação do clima da Terra, alimentando biliões de pessoas e impulsionando a economia mundial. Durante demasiado tempo, o oceano foi considerado vítima das alterações climáticas. Essa visão ignora a existência de uma série de soluções baseadas no oceano – tanto naturais quanto tecnológicas – que são sustentadas pela ciência e capazes de apoiar os esforços globais de mitigação e adaptação.

À medida que a compreensão científica sobre o oceano aumentou, o seu papel central para melhorar a saúde, riqueza e bem-estar das pessoas tornou-se mais claro. A Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável pode ser um catalisador para identificar e atender às necessidades mais urgentes de conhecimento do oceano para desbloquear ainda mais inovação e oportunidades para responder à crise climática.

A crise climática é demasiado urgente para continuar a desconsiderar as medidas e inovações encontradas no oceano e na economia azul. Devemos utilizar cada parte da nossa economia para enfrentar as alterações climáticas.

Apelamos a todas as Partes da “United Nations Framework Convention on Climate Change” que:
• Incorporem medidas baseadas no oceano nas estratégias, planos e políticas de mitigação e adaptação, levando em consideração a melhor ciência disponível e garantindo a sustentabilidade.
• Contabilizem todas as fontes e sumidouros oceânicos nos inventários nacionais de acordo com a orientação do IPCC, incluindo o Suplemento de Zonas Húmidas de 2013 do IPCC.
• Comprometam-se a gerir de forma sustentável 100% da área oceânica sob jurisdição nacional e proteger 30% do oceano até 2030 para construir a resiliência do nosso oceano e das comunidades que dele dependem e ainda aproveitar as oportunidades de mitigação baseadas no oceano.
• Aumentem o investimento na capacidade da ciência do oceano para preencher lacunas de dados e digitalizar informação sobre fontes e sumidouros oceânicos, incluindo ecossistemas costeiros e marinhos como os mangais, ervas marinhas, recifes de coral, sapais e algas marinhas.

 



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