Nova orquestra quer mostrar que há jovens músicos «de excelente qualidade» no Algarve

Primeiros concertos da Orquestra Sinfónica do Algarve são hoje e amanhã

É nova em tudo: em idade, uma vez que está agora a nascer, e nos músicos que são jovens, querendo trazer para o Algarve uma oferta diferente, que só uma formação sinfónica pode proporcionar.

A recém-criada Orquestra Sinfónica do Algarve vai dar os seus dois primeiros concertos de sempre hoje, sexta-feira, e amanhã, sábado, às 21h00, em Faro e Albufeira, respetivamente, e «provar que existem jovens músicos algarvios de excelente qualidade que nunca tiveram a oportunidade de tocar na sua região».

«Quero provar que os algarvios e os outros jovens que estarão em palco conseguem dar concertos de qualidade na região, tocando música de que as pessoas gostam», reforçou o maestro Armando Mota, o “pai” desta orquestra, que contou ao Sul Informação como nasceu e o que é este projeto.

«A orquestra surgiu porque acabou o 365Algarve. Este programa era a coluna dorsal de uma atividade cultural que se estava a estabilizar no Algarve, que tinha coisas más, mas que também tinha coisas muito boas e que era preciso preservar. O Algarve tem de ter uma atividade cultural regular de qualidade», defendeu o maestro titular e diretor artístico desta nova formação musical algarvia, cuja designação oficial é “SOA – Associação Orquestra Sinfónica do Algarve”.

Foi a pensar nisso que o maestro radicado no Algarve lançou as sementes para esta nova orquestra, cujo «propósito é alargar a oferta que a região tem».

«Contrariamente ao que muitos possam vir a pensar, isto não é concorrência a ninguém. Todos temos o nosso lugar na região. O que pretendemos é enriquecer a oferta e ter algo que, neste momento, não é possível: apresentar outro repertório, de grande orquestra, de grandes obras sinfónicas, algo que é raro acontecer», resumiu.

 

 

É precisamente isso que irá acontecer esta noite, no espetáculo inaugural desta orquestra, marcado para o Teatro das Figuras, em Faro, em que será apresentado o Concerto para piano e orquestra nº1 de Tchaikovsky. O maestro será Armando Mota e o solista será o pianista Ido Zeev.

No dia seguinte, sábado, no Palácio de Congressos dos Salgados, em Albufeira, Armando Mota volta a dirigir a Orquestra Sinfónica do Algarve, desta feita tendo como solista o algarvio Gonçalo Pescada, no acordeão.

Neste concerto, serão apresentados diversos temas bem conhecidos do público, nomeadamente os temas dos filmes Super Homem, Indiana Jones (“Raiders March”) e Lista de Schindler, de John Williams, e Cinema Paradiso  (Tema de Amor) , A Missão (Tema Principal) e Era uma vez na América (“Tema da Deborah”), de Ennio Morricone, entre outros.

O programa inclui ainda o “Concerto de Acordeão e Orquestra”, da autoria de Armando Mota, e irá terminar com “Danzon”, de Arturo Márquez.

No entanto, mais do que o repertório destes primeiros espetáculos e mesmo do que os solistas convidados, nesta hora do nascimento da SOA, Armando Mota prefere salientar a oportunidade que esta nova orquestra significa para os jovens músicos do Algarve.

«Quando eu vim para o Algarve, havia dois ou três conservatórios. Hoje há alguns 12. Ou seja, devagar, devagarinho, já há alunos que saem do Algarve e que vão estudar para universidades de outras regiões e até para o estrangeiro e que, quando acabam os cursos, não conseguem arranjar trabalho, apesar de serem músicos altamente qualificados», ilustrou o maestro.

Assim, a Orquestra Sinfónica do Algarve tem, desde logo, elementos que, «maioritariamente, são jovens. Depois, a nossa orquestra tem a virtude de um terço dos seus membros serem naturais ou residentes no Algarve».

«Há outro núcleo que está ligado a uma orquestra do Norte e os restantes músicos são contratados consoante o repertório que formos executar», explicou Armando Mota.

 

 

Para já, e porque a orquestra não tem apoio do Estado, uma vez que «em Portugal o processo é muito complicado», a formação não tem funcionários e trabalha «à peça. Quando queremos apresentar determinada obra, ela precisa de X elementos e nós contratamos».

«Nos espetáculos do fim-de-semana, vamos ter 73 elementos. Mas, por vezes, podem ser 60, outras vezes, só 50, outras 70 ou 75», disse.

Não há apoio do Estado, mas este surgiu, logo de início, de três Câmaras da região: Portimão, Albufeira e Faro.

Além do «apoio incondicional» que receberam, «desde o início, da Câmara de Portimão», a orquestra está sediada em Alvor, no Centro Paroquial, «que tem uma sala espetacular que a igreja nos cede para ser a nossa sala de ensaio».

Quanto à Orquestra Clássica do Sul, «não há qualquer ligação, nem qualquer concorrência, nem inimizade, nem amizade».

O dinamizador da nova orquestra algarvia admite, no futuro, trabalhar tanto com Rui Pinheiro, maestro e diretor artístico da OCS, como com os músicos desta formação, pelos quais tem «o maior respeito», mas não mostra abertura para trabalhar com os dirigentes da associação que administra a orquestra.

 

 

 

 



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