Pediatras pedem mais profissionais para evitar fecho da urgência em Faro

Conselho de Administração garantiu que «tem vindo a envidar todos os esforços para colmatar as carências»

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

O serviço de urgência de Pediatria do Hospital de Faro pode estar em risco de fechar devido à falta de profissionais, que está a dificultar o preenchimento das escalas. O alerta foi feito numa carta assinada por 23 pediatras e internos deste serviço que foi enviada, a 14 de Setembro, tanto ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), como ao Governo e onde se pede a contratação de mais profissionais.

Ouvido pelo Sul Informação, o Conselho de Administração admite o problema, mas diz que «tem vindo a envidar todos os esforços para colmatar as carências», estando «empenhado em encontrar soluções, nem só pontuais, mas, essencialmente, de fundo».

Esse é mesmo o grande pedido dos pediatras que, nesta missiva, que é acompanhada de cartas de escusa de responsabilidade, apelam a «soluções rápidas» para colmatar a falta de médicos.

Só dessa forma se poderá «proteger a população do Algarve do eventual encerramento do Serviço de Urgência», dizem.

Nos últimos meses, queixam-se, têm existido «problemas graves» no preenchimento das escalas, com um «desfasamento muito evidente entre o número de profissionais, os turnos a preencher e o volume de utentes» que acorrem às urgências.

Este serviço recebe em média anualmente 41253 episódios de urgência e 748 internamentos em unidade de internamento de curta duração, além dos 940 internamentos em enfermaria.

Atualmente, trabalham na Urgência de Pediatria do Hospital de Faro 13 médicos (6 dos quais com mais de 55 anos, o que significa que podem pedir dispensa à urgência). Dos restantes, três estão de atestado médico.

Segundo os pediatras, «as escalas do Serviço de Urgência têm sido preenchidas com recurso a profissionais tarefeiros, alguns especialistas em Medicina Geral e Familiar, outros médicos indiferenciados (sem especialidade) e até mesmo a internos do ano comum: isto é, sem autonomia médica».

Na sua resposta ao nosso jornal, o Conselho de Administração do CHUA garante que tentará que a escala de Outubro, «já divulgada, mas ainda provisória, fique suficientemente dotada com médicos especialistas de pediatria».

Quanto à contratação de mais profissionais, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve responde que «está empenhado» em encontrar as tais «soluções de fundo para suprir a carência de recursos médicos», intervindo «a todos os níveis», seja com a Administração Regional de Saúde, seja com o Ministério da Saúde.

A isto junta-se uma procura «junto dos Conselhos de Administração dos principais centros hospitalares do País, no intuito de obter reforços» e a colocação de «anúncios na imprensa com o mesmo objetivo».

Da parte dos atuais pediatras, o cansaço faz-se sentir.

«Tendo em conta que, devido à pandemia se tornou necessário assegurar dois Serviços de Urgência em paralelo (respiratórios e não respiratórios), além do apoio a doentes emergentes e doentes internados, torna-se humanamente impossível e ultrapassa todos os níveis de desgaste humano o atendimento médico nesta situação, colocando em risco a população que necessita de cuidados médicos (tendo em conta que nos encontramos a mais de 300 quilómetros de distância dos hospitais centrais de Lisboa) e os profissionais que lá trabalham», concluem.

 

 



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