A antiga cadeia, situada no centro da cidade, vai passar a ser, a partir de Setembro do próximo ano, a nova Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão. No meio das obras, que já começaram, teve lugar esta quarta-feira, dia 28, uma cerimónia simbólica de lançamento dos trabalhos.
Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, fez questão de sublinhar que «para Portimão este é um dia marcante e, para a minha equipa, é o concretizar de um sonho».
Depois de aludir ao «trabalho que não passa pela cabeça de ninguém [para conseguir concretizar a utilização do edifício do antigo Estabelecimento Prisional como escola], porque este é mais um dos processos complicados que herdámos do anterior executivo», a autarca acrescentou que «foi um namoro muito grande para chegarmos a este casamento».
As farpas de Isilda Gomes pela morosidade do processo eram sobretudo dirigidas a Alexandre Santos, presidente executivo da ESTAMO – Participações Imobiliárias, SA, empresa proprietária do antigo Estabelecimento Prisional de Portimão, cujo capital é inteiramente detido pela Parpública.
Alexandre Santos salientou que a ESTAMO, que no fundo é uma empresa de capitais públicos, é dona de uma série de imóveis do Estado para os quais tem tentado encontrar «novas utilizações», muitas vezes «muito diferentes da original». Foi o caso aqui, onde um Estabelecimento Prisional vai agora dar lugar à Escola de Hotelaria e Turismo.
Como diria Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, rimando e tudo, «passar da prisão à formação, há aqui uma libertação».
O presidente da ESTAMO, por seu lado, comentou que «este é o tipo de projeto que nos realiza».
Segundo o calendário da obra, os trabalhos de adaptação do edifício às suas novas funções deverão estar concluídos, em termos de construção, em Julho do próximo ano. Tudo para que o mês de Agosto seja tempo para equipar o edifício, de modo a que as portas se possam abrir, para os primeiros alunos, em Setembro, no início do novo ano letivo. Ao todo, prevê-se o investimento de 2,3 milhões de euros.
«No próximo Dia Mundial do Turismo [27 de Setembro], cá estaremos para ver os alunos a entrar», sublinhou Luís Araújo.
Depois de anos a funcionar em instalações que já se tornaram pequenas, na Pedra Mourinha, um bairro periférico de Portimão, a adaptação do edifício da antiga cadeia, situado em pleno centro da cidade, ao lado do Estádio do Portimonense, poderá ser importante até para captar novos alunos, por ser um local com melhores acessibilidades.
Isilda Gomes disse que «esta escola representa um passo importantíssimo para o Algarve e para Portimão». É que, sublinhou a edil, «só com recursos humanos de qualidade poderemos competir no mercado do turismo. Quanto mais investirmos na qualificação dos nossos recursos humanos, mais nos distinguiremos num mercado altamente competitivo».
Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, disse que o setor «deve mudar o chip», para, além de «sermos o melhor destino turístico do mundo», «sermos também o melhor destino do mundo a capacitar as pessoas».
A aposta nestas estruturas «inovadoras» de formação na área do turismo poderá mesmo contribuir para atrair a Portugal jovens de outros países, para que aqui façam a sua qualificação e depois, eventualmente, até fiquem a trabalhar por cá.
A secretária de Estado salientou também a importância de «encontrar soluções, no âmbito do turismo, para a utilização de outros ativos que estão abandonados». Além do caso da antiga cadeia de Portimão, que agora vai acolher as novas instalações da escola da rede do Turismo de Portugal, Rita Marques referiu-se ao Alentejo, onde seis antigas estações ferroviárias vão agora ter outro uso.
Os concursos para a reabilitação e exploração dessas antigas estações ferroviárias, inseridas no Fundo Revive Natureza, foram lançados esta terça-feira, com candidaturas até 26 de Janeiro próximo.
A governante referiu-se ainda ao lançamento recente do programa REATIVAR Turismo, com linhas de financiamento disponíveis. O objetivo, salientou, é «regenerar e reconstruir o setor», para «dar boas notícias à economia e à sociedade, dizendo que o turismo está a atingir os níveis de 2019».
A sessão, à sombra de um imenso pinheiro situado no pátio de entrada da antiga cadeia, foi animada por música dos alunos do Ensino Artístico Especializado da Música, ministrado na Escola da Bemposta. Quanto ao beberete, foi preparado por alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão. Uma forma de mostrar que o ensino profissional está bem e recomenda-se, em vários setores.
Equipamentos topo de gama para a nova EHT
A Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão é atualmente frequentada por 163 alunos, a esmagadora maioria dos quais oriundos do barlavento algarvio e do Baixo Alentejo, tendo ainda estudantes do Brasil, Cabo Verde, Ucrânia, Moldávia e Roménia.
Os cursos mais procurados são os da área de Cozinha, tanto nos de dupla certificação (10ª a 12º ano), como nos de Especialização Tecnológica (pós-secundário), estando previsto que sejam ministrados no novo estabelecimento de ensino os cursos de Técnico de Restaurante e Bar, Técnico de Cozinha e Pastelaria, Gestão de Restauração e Bebidas, e ainda Gestão e Produção de Cozinha.
A intervenção a decorrer, e que deverá estar concluída no início do próximo Verão, contempla a criação de oito salas de aula equipadas com a mais recente tecnologia, duas cozinhas de aplicação com equipamentos topo de gama, auditório com capacidade para 140 pessoas e laboratório com cozinhas individuais, além de bar e restaurante de aplicação.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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