Há 6 candidatos à Câmara de Faro numas eleições que, como sempre, se adivinham renhidas

Rogério Bacalhau tenta uma inédita eleição para um terceiro mandato como presidente da Câmara de Faro

Em Faro, diz-nos a história das eleições em democracia, não há vitórias fáceis nem certezas que o presidente em funções é reeleito. Rogério Bacalhau conseguiu este feito, há quatro anos, mas terá, a 26 de Setembro, de disputar eleições, onde enfrentará novos – e mais jovens – protagonistas, nomeadamente no que toca ao PS e à CDU, partidos que conseguiram eleger vereadores em autárquicas recentes.

A luta pela Câmara da capital algarvia, não se fará, ainda assim, apenas a três. O BE e o PAN voltam a apresentar candidatos e há um estreante, o CHEGA. O que não há, como vinha a ser hábito, são propostas “fora do baralho”, independentes, como o Candidato do Amor, que animou a campanha de 2017.

Mas, como em todas as eleições, só conta quem está.

Rogério Bacalhau, o presidente em exercício, quis estar e vai recandidatar-se ao cargo, apoiado pela coligação Unidos por Faro (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/IL), a mesma que o apoiou nas eleições de 2013 e 2017, que venceu, mas com um upgrade, a entrada da recém-criada Iniciativa Liberal.

O antigo professor de matemática vai tentar conseguir um feito nunca antes conseguido por qualquer dos seus antecessores, desde o 25 de Abril, na capital algarvia: ser eleito para um terceiro mandato como presidente da Câmara.

Um dos trunfos de que o ainda presidente da Câmara de Faro se tem valido – e que já havia ajudado a eleger, em 2009, Macário Correia, do qual Rogério Bacalhau foi vice-presidente – é a coligação alargada e que junta (quase) todos os partidos mais à direita do espectro político.

E se em 2013, ano em que José Vitorino, antigo presidente eleito pelo PSD, avançou como independente, esta coligação não conseguiu a maioria, em 2017 Rogério Bacalhau garantiu os cinco mandatos em nove que aspirava, com mais de 1500 votos de diferença para os socialistas, uma margem bem superior à de 2013.

Desta forma, além da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM, só o PS (4) é que elegeu vereadores, nas últimas autárquicas.

Os socialistas, que já estiveram no poder por diversas vezes, em Faro, vão à luta com João Marques, empresário do setor dos seguros e figura muito conhecida no concelho.

Afinal, este candidato à Câmara foi vereador com pasta de 2005 a 2009, num executivo liderado pelo socialista José Apolinário.

João Marques, que também é o presidente do Ginásio Clube Naval de Faro, foi ainda vereador da oposição, nos mandatos de José Vitorino (2003-2005) e Macário Correia (2009 a 2012).

O candidato escolhido pelos socialistas para disputar a Câmara a 26 de Setembro passou alguns anos afastado das luzes da ribalta, focando-se no seu negócio, mas vai agora a jogo.

Também a CDU, a terceira força mais votada em 2017, apostou numa nova e mais jovem candidata, ao escolher Catarina Marques, professora de Educação Especial no Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira e dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul, como candidata à Câmara.

Catarina Marques é uma ativa militante da CDU, no Algarve, e mereceu a confiança do partido para tentar voltar a conquistar lugares de vereação nesta Câmara para os comunistas.

O BE, 4º em 2017, vai à luta com o médico Aníbal Coutinho, clínico do Hospital de Faro, onde já desempenhou, por exemplo, o cargo de diretor do serviço de Urologia.

Outro partido que apresentou candidatura há quatro anos em Faro foi o PAN, que volta a apresentar-se a votos, desta feita com Elza Cunha, também ela médica e que se notabiliza pelo trabalho que tem desenvolvido na área da doença aditiva e das dependências.

Em estreia, até porque não existia em 2017, está o CHEGA, que candidata à Câmara Custódio Guerreiro, empresário do setor da restauração.

Na Assembleia Municipal de Faro também se espera uma luta renhida, à luz do que têm sido os resultados ao longo dos anos.

Em 2017, a lista mais votada foi a do PSD/CDS-PP/MPT/PPM, encabeçada por Cristóvão Norte, que volta a ser o primeiro candidato da Unidos por Faro a este órgão.

O também deputado à Assembleia da República do PSD, eleito pelo Círculo de Faro, não foi, ainda assim, eleito como presidente deste órgão, há quatro anos, devido a um autêntico golpe de teatro, protagonizado por um dos eleitos pela coligação, que não votou a favor de Cristóvão Norte (teve 13 votos, apesar de ter garantido 14 lugares).

Desta forma, foi Luís Graça, também ele deputado na AR, mas do PS, que assumiu a presidência.

Luís Graça não se recandidata, mas o seu homónimo Luís Coelho, que já foi presidente tanto da Câmara, como da Assembleia Municipal, garante que a proposta socialista é encabeçada por alguém bem conhecido pelos farenses.

A lista da CDU a este órgão é encabeçada por António Mendonça, que foi vereador da Câmara entre 2013 e 2017, a do Bloco de Esquerda por Célia Gonçalves e a do PAN por Paulo Baptista, que já tinha sido eleito para este órgão há quatro anos. O cabeça-de-lista do CHEGA é António da Luz.

Nas freguesias, há uma mudança de ciclo no Montenegro, onde Steven Piedade, que já não se podia recandidatar, passou o testemunho a Virgínia Alpestana, que é a atual presidente da autarquia. A professora aposentada é a candidata da coligação Unidos por Faro e terá a oposição de Fernando Domingos (PS), Isa Martins (CDU), Abílio Guerreiro (PAN), José Moreira, antigo deputado municipal (BE) e José Gonçalves (CHEGA).

Na freguesia mais populosa do concelho, a da Sé e São Pedro (União de Freguesias de Faro), Bruno Lage, atual presidente, recandidata-se pela Unidos por Faro.

Este é um dos grandes pontos de interesse da disputa eleitoral em Faro, uma vez que foi uma freguesia ganha pela coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM ao PS em 2017 por uns escassos 47 votos.

Desta feita, o PS vai a jogo com o atual vereador da Câmara de Faro Carlos Gordinho, na tentativa de recuperar esta freguesia. As demais listas são encabeçadas por Nuno Viana (BE), Carlos Gonçalves (PAN), Filipe Relego (CHEGA) e Ricardo Catarro (CDU).

Em Santa Bárbara de Nexe, um bastião comunista, Sérgio Martins, presidente da Junta eleito pela CDU, recandidata-se para o seu terceiro e último mandato. Na luta estão, igualmente, Miguel Rodrigues (CHEGA), Osvaldo Serro (Unidos por Faro), Eduardo Sousa (PS) e Paulo Baptista (PAN), que além de candidato à AM, também concorre a esta freguesia.

Na freguesia de Conceição e Estoi, o socialista José Jerónimo volta a candidatar-se pelo PS. Nas urnas, irá enfrentar Sara Vítor (CDU), José Oliveira (CHEGA) e Patrícia Cadete (Unidos por Faro)

Em 2017, votaram no concelho de Faro 26.747 pessoas, num universo de 56.524 inscritos, o que corresponde a 47,32% do total (a abstenção foi de 52,68%).

A coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM recebeu 43,94% dos votos (5 mandatos), o PS 38,06% (4 mandatos), a CDU 7,38%, o Bloco 3,06%, o PAN 2,32% e o Candidato do Amor 1,83%.

 

 

 

 



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