Festival “interMEDio” levou sete dias de world music a Loulé

Se a pandemia o permitir, o Festival MED vai voltar à zona história de Loulé no final de Junho de 2022

Quinta do Bill

O Festival interMEDio, evento variante do MED mas numa versão especial mais curta, decorreu durante a semana passada, de 23 a 29 de Agosto, sete dias de world music numa programação de 14 concertos na zona histórica da cidade de Loulé, «num balanço positivo por parte da organização e dos artistas».

«Foi decididamente uma aposta ganha. Arriscámos neste modelo adaptado aos tempos em que ainda existem muitas restrições mas, mesmo assim, o público aderiu em todos os dias deste Festival interMEDio. Por outro lado, veio reforçar a dinâmica comercial a que temos assistido em Loulé, e no Algarve em geral, ao longo das últimas semanas», referiu Carlos Carmo, vereador da Câmara de Loulé e diretor do festival.

O interMEDio apostou num cartaz assente na world music, mas em que a qualidade foi a nota dominante.

«Projetos nacionais, artistas consagrados, novas descobertas, representantes da lusofonia, algumas encomendas, estreias absolutas em Portugal e espetáculos com convidados especiais, houve espaço para um amplo leque de variantes musicais que permitiram ao espectador experienciar concertos únicos», salientou a Câmara Municipal de Loulé.

Esta é também uma das particularidades do próprio Festival MED: proporcionar ao público algo de novo em termos das vivências musicais e permitir a descoberta de artistas.

«Mesmo com esta pandemia foi possível reunir um conjunto de artistas de primeira linha dentro deste conceito que faz parte do ADN do MED. Conseguimos viajar pela América Latina, África, passando pelo Leste Europeu, assim como pela nossa vizinha Espanha, sem nunca esquecer a prata da casa, sejam eles nomes consolidados da música nacional ou projetos emergentes. Desta forma estamos a olhar para a cultura numa abordagem global», reafirmou Paulo Silva, diretor artístico do Festival MED.

As duas últimas noites do interMEDio deram também a conhecer o que de melhor se faz dentro da indústria das músicas do mundo, as fusões mais inusitadas mas que contribuem para elevar a multiculturalidade.

«Exemplo disso é a banda que abriu a noite de sábado, os franco-argelinos Tiwiza. Com um “rock berbere”, apresentaram um repertório que alia ritmos de percussão, riffs chaabi e blues do deserto, mas com o indomável espírito rock’n’roll que deu uma força à sua atuação. Com letras ora em francês, ora em argelino, ora em inglês, os Tiwiza trouxeram a profundidade das sonoridades de África, fundindo tradição e modernidade de uma forma natural», disse a autarquia louletana.

Um dos concertos mais aplaudidos do interMEDio foi o dos Quinta do Bil.

O «maior representante do folk-rock português» pôs o público a vibrar e a cantar em coro os temas intemporais da banda, mas este foi também um aperitivo para o trabalho que estão a desenvolver para assinalar os 25 anos do icónico álbum “No trilho do Sol” e, neste âmbito, contaram em palco com a participação de Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e do guitarrista Pedro de Castro e o concerto viria mesmo a terminar com uma atuação conjunta do tema “Reunir aos meus Amigos”.

Já este domingo, 29 de Agosto, «derradeiro dia do evento», as sonoridades cariocas encheram o recinto, trazidas pelo brasileiro Luca Argel. O seu “Samba de Guerrilha” é «uma voz de protesto até porque, para ele, o samba não é apenas a folia carnavalesca».

Durante o espetáculo «elogiou a democracia portuguesa e o momento histórico do 25 de Abril, falou do seu Brasil e a sua principal sonoridade, mas também da sua vivência em Portugal, em particular na “invicta” que lhe tem permitido integrar novas influências musicais no seu trabalho», realçou a Câmara Municipal de Loulé.

O interMEDio encerrou com o funaná dos Fogo Fogo: «um autêntico salão de baile para a despedida deste evento».

Se a evolução epidemiológica assim o permitir, o Festival MED vai voltar, na sua plenitude, à zona história de Loulé no final de Junho de 2022.

O presidente da autarquia de Loulé adiantou já o que pode esperar desta edição: «Queremos fazer algumas reestruturações, apostar em novas dinâmicas culturais e alargar o leque multidisciplinar, de forma a tornar o Festival ainda mais completo mas sempre mantendo a sua essência que é o seu principal fator de sucesso», conclui Vítor Aleixo.

 



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