Em Olhão há seis pretendentes a “roubar” uma Câmara que é do PS desde sempre

Ao todo, há sete forças políticas a apresentar-se a eleições, neste concelho

Um carteiro que já representou Portugal nos Jogos Olímpicos, três empresários, uma contabilista e um engenheiro são os candidatos que seis forças políticas vão apresentar à Câmara de Olhão, nas Autárquicas de dia 26, para tentar impedir a reeleição do atual presidente da Câmara e quebrar a hegemonia do PS, que governa este município desde as primeiras eleições democráticas, em 1976.

António Pina, que preside à Câmara desde 2013, procura ser reeleito para um terceiro e último mandato.

O economista de formação, apesar de ainda ser jovem, é um político de carreira. Tinha apenas 30 anos, quando foi eleito vereador, na lista de Francisco Leal, do qual foi vice-presidente, no mandato seguinte (2009/13).

Em 2013, e já depois de ter ganho uma disputa interna no PS Olhão com Custódio Moreno (atual diretor regional do IPDJ, que vinha de vários mandatos consecutivos enquanto presidente da Junta de Pechão), António Pina concorreu e venceu as eleições Autárquicas, mas não conseguiu a maioria absoluta.

No decorrer de um mandato em que, por força das circunstâncias, foi necessária muita diplomacia e algumas concessões, António Pina voltou a ser contestado, a nível interno, desta feita por Luciano Jesus, à data presidente da Junta de Olhão, eleito pelo PS. A batalha foi ganha pelo presidente da Câmara, com o apoio da federação regional do partido.

Luciano Jesus saiu do PS e aceitou o apoio do PSD e do CDS-PP, bem como de outros partidos, para se candidatar ao município, em 2017, contra o seu antigo camarada.

E se, durante a campanha, houve grandes expetativas sobre qual seria a capacidade do candidato agora social-democrata em disputar o município, nas urnas, a vitória de António Pina foi esmagadora, com o PS a garantir mais de metade dos votos e 5 dos 7 lugares de vereação.

Quatro anos depois, o PSD, que com o MPT e o PPM forma a coligação Olhão para Todos, propõe Álvaro Viegas, conhecido empresário e antigo presidente da ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve, para tentar conseguir mais do que os dois vereadores que garantiu em 2017.

Com Álvaro Viegas, uma figura consensual e respeitada na sua área,  os social-democratas e seus aliados – que ao contrário do que aconteceu há quatro anos, não incluem o CDS-PP – querem tentar algo que nunca conseguiram nem sequer estiveram perto de conseguir: conquistar a presidência deste bastião socialista.

Na realidade, a história das eleições autárquicas neste concelho diz-nos que o PS, quando perde votos, perde-os para os partidos de esquerda, nomeadamente a CDU e, mais recentemente, para o Bloco de Esquerda. Basta dizer que, desde o 25 de Abril, o PSD nunca conseguiu mais do que 30% dos votos.

Em 2017, a terceira força mais votada foi o Bloco de Esquerda, que, ainda assim, não conseguiu manter o vereador que elegera nas duas anteriores autárquicas.

Este ano, o candidato escolhido é Roberto Silva, empresário no ramo do material de escritório e da informática e licenciado em Línguas e Comunicação pela Universidade do Algarve.

Já a CDU, que ficou em 4º, mas bem próximo do BE, escolheu um antigo atleta olímpico como candidato. Jorge Costa, marchador que representou as cores nacionais nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, é o rosto dos comunistas, no assalto à Câmara de Olhão.

Carteiro de profissão, o candidato da CDU é também dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações e membro da Comissão Concelhia de Olhão do PCP. Em 2014, integrou o executivo da Junta de Quelfes, para cuja Assembleia de Freguesia foi eleito.

Nas eleições deste ano, o CDS-PP apresenta-se a votos sozinho e tem como candidata Ana Paula Artur, contabilista formada em gestão pela Universidade do Algarve.

Há ainda duas forças políticas que se vão estrear, o PAN e o CHEGA.

O PAN tem como candidato o engenheiro de Ambiente Alexandre Pereira.

O CHEGA apresenta a votos António Moreira, empresário com negócios no setor da animação turística e alojamento, licenciado em Turismo pela Universidade do Algarve.

Na disputa pela Assembleia Municipal, ainda há mais candidatos, oito ao todo.

O atual presidente deste órgão, o advogado António Cabrita, volta a encabeçar a lista do PS, que também conquistou a maioria neste órgão em 2017.

A coligação Olhão para Todos tem como cabeça de lista Eduardo Abúndio de Sousa, que foi o candidato do PSD à Câmara em 2009, o Bloco de Esquerda Marco Rojo Matos e a CDU Florbela Gonçalves.

Também encabeçam listas candidatas à Assembleia Municipal de Olhão Victor Brito (CDS-PP), Alexandre Pereira (PAN), Vítor da Ponte (CHEGA) e António Brito Pina (Iniciativa Liberal).

Nas freguesias, destaque para a luta na de Olhão, onde o atual presidente João Evaristo não se recandidata, para integrar a lista do PS à Câmara, em lugar elegível.

Os socialistas optaram por candidatar Rui Gabriel, que irá enfrentar nas urnas Cláudia Sofia de Sousa (Olhão para Todos), Ricardo Martins (CDU), João da Marta (CHEGA), Verónica Moreira (BE), Manuel Vitório (CDS-PP) e Alexandra Rosa (PAN).

Em Pechão, Paulo Salero, do PS, recandidata-se ao cargo que agora ocupa. Carlos do Carmo (CDU), Cláudia Silva (BE), Fábio Faria (CHEGA) e Miguel Serra (Olhão para Todos) também são candidatos a esta autarquia.

Também em Quelfes há um presidente socialista que se recandidata, neste caso, Miguel Dimas. Pela frente terá Gabriela da Silva (CDS-PP), Fernando dos Santos (PAN), Dário Pereira (Iniciativa Liberal), Ivo Conceição (BE), Eduardo Palminha (Olhão para Todos), José do Vale (CDU) e Mohammed Fayese Bayzid (CHEGA).

No concelho de Olhão, a única “mancha” do mapa que não é “rosa”, é mesmo a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta, onde o presidente é Manuel Carlos, eleito por uma coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM e que volta a candidatar-se com o apoio da Olhão para Todos.

Nas urnas, vai enfrentar Roberto Marques (BE), José Marto (CDS-PP), Feliciano Raposo (CDU), Ana Machado (CHEGA) e João Eusébio (PS).

Em 2017, o PS venceu a corrida à Câmara com 51,75% dos votos (5 mandatos), seguido pela coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM, com 26,05% (2 mandatos). Há quatro anos também foram a votos o BE (7,95%), a CDU (7,89%) e o movimento independente Olhão pelo Cidadão, liderado por Rui Santos (1,97%).

Há quatro anos, votaram no concelho de Olhão 16.505 pessoas, num universo de 37.558 inscritos, o que corresponde a 43,95% do total (a abstenção foi de 56,05%).

 


 



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