Covid-19: Posição cimeira de Portugal na vacinação permite flexibilizar medidas

Desde o final de Agosto, Portugal entrou «numa nova fase da situação epidemiológica»

O coordenador da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 da Direção-Geral da Saúde (DGS) afirmou esta quarta-feira, 8 de Setembro, que Portugal tem uma «posição cimeira» em matéria de vacinação que permite «uma evolução» para a flexibilização de medidas como o uso de máscaras.

A vacinação «é hoje uma variável que tem um impacto muito significativo na gestão da pandemia e que permite, com o gradualismo e a proporcionalidade necessárias, evoluir nesta fase que já sabemos é hoje diferente daquela que tínhamos, a todos os níveis», defendeu Válter Fonseca numa audição na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, requerida pelos PSD sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras.

Antes da intervenção de Válter Fonseca, a diretora-geral da Saúde Graça Freitas tinha já avançado que a DGS recomenda o uso de máscara em aglomerados populacionais, eventos em espaços exteriores e no recreio nas escolas.

Também presente na audição, o chefe da Divisão de Epidemiologia e Estatística da DGS Pedro Pinto Leite referiu que, desde o final de Agosto, Portugal entrou «numa nova fase da situação epidemiológica», com uma incidência cumulativa de casos de covid-19 de 276 casos por 100 mil habitantes com uma tendência decrescente nos últimos 14 dias.

«Esta tendência é verificada em todas as regiões e principalmente nos grupos etários mais novos, entre os 10 e os 30 anos», disse Pedro Pinto Leite, adiantando que esta redução da incidência é acompanhada de uma positividade de 2,7%, abaixo do limiar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (4%) e de um risco de transmissibilidade inferior a 0,92.

Relativamente à vacinação, o especialista indicou que atualmente as novas infeções ocorridas em pessoas com o esquema vacinal completo estão entre 0,4% e 0,5% do total.

Válter Fonseca acrescentou que todos os estudos têm mostrado que as pessoas com as duas doses têm «uma diminuição muito significativa da gravidade da doença em termos de hospitalização e de mortalidade».

«Isto mantém-se perante a circulação de novas variantes como a variante Delta e permitiu-nos passar por uma quarta vaga de pandemia com uma pressão completamente diferente daquelas que tínhamos assistido previamente no Serviço Nacional de Saúde e no sistema de saúde», salientou o também diretor do Departamento da Qualidade na Saúde da Direção-Geral da Saúde.

Por isso, salientou, quando Portugal tem mais de 80% das pessoas com pelo menos uma dose e quase 80% com a vacinação completa, está a diminuir a probabilidade da população desenvolver a infeção por SARS-CoV-2, o que tem impacto na pressão e na circulação do vírus na comunidade.

Ressalvou, contudo, que isto não significa que não possam existir casos entre os vacinados, uma vez que a efetividade e a eficácia das vacinas não são de 100%, «mas poucas vezes» isso acontece.

«Tudo isto permite-nos hoje ter a sustentação nas várias variáveis aqui discutidas na evolução para uma flexibilização das medidas como a utilização de máscaras», frisou Válter Fonseca.

O diploma que se encontra em vigor sobre obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos foi promulgado pelo Presidente da República a 11 de Junho, por um período de 90 dias, e deverá terminar vigência no domingo.

 



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