Covid-19: Estudo do ABC revela baixa «abrupta» de anticorpos em vacinados com mais de 70 anos

Estudo foi realizado em mais de cinco mil pessoas vacinadas em lares das regiões do Algarve e Alentejo

Um estudo do Algarve Biomedical Center (ABC) e da Fundação Champalimaud, realizado em mais de cinco mil pessoas vacinadas de lares de idosos nas regiões do Algarve e Alentejo, foi apresentado hoje, 16 de Setembro, em Viseu, tendo concluído que, passados quatro meses após duas doses de vacina contra a Covid-19, há uma «diminuição abrupta» dos anticorpos.

«Há uma diminuição abrupta dos anticorpos em pessoas com mais de 70 anos que tenham tido duas doses de vacina e quatro meses após a vacinação completa. Contrariamente, as pessoas que tiveram Covid-19 e que receberam uma dose de vacina mantêm níveis altos de anticorpos ao longo de todo o tempo», anunciou o responsável do estudo do Algarve Biomedical Center.

Nuno Marques concluiu assim a apresentação do estudo denominado “Protetor Covid-19”, realizado, em parceria com a fundação Champalimaud, com o apoio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social, durante 15 dias do mês de Agosto nas regiões do Alentejo e Algarve, em 5 174 residentes e trabalhadores em lares de idosos.

Do total de pessoas analisadas, 2 303 foram funcionários de lares e 2 871 foram utentes residentes.

A população do estudo foi maioritariamente feminina, e entre os funcionários a idade média foi de 47 anos enquanto nos utentes foi de 85 anos. Destes, 2.277 têm mais de 80 anos e mais de mil têm mais de 90 anos.

Nuno Marques explicou que os objetivos do estudo, «o maior do género», era perceber qual a percentagem de utentes e funcionários de lares que possuem anticorpos para a Covid-19, durante quanto tempo utentes e funcionários mantêm anticorpos após a vacinação, se a presença de anticorpos varia com a idade e se haveria diferenças na presença de anticorpos entre as pessoas vacinadas com duas doses e as que tiveram Covid-19 e receberam uma dose de vacina.

«O estudo mostrou que nos funcionários temos anticorpos presentes em 79% deles e nos utentes em 46% deles. É uma diferença estatisticamente significativa e altamente considerável entre os dois, mas este dado precisava de ser trabalhado de outra forma para se compreender melhor», avisou.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, assistiu à apresentação do estudo e, no final, disse que iria levar o documento para a reunião de peritos hoje no Infarmed, porque “a informação ajuda na decisão” a tomar para o futuro.

«Fica evidente neste estudo que não podemos baixar a guarda, do ponto de vista de manter as medidas de proteção, naturalmente com uma capacidade de irmos evoluindo, como fomos evoluindo», disse Ana Mendes Godinho.

A governante alertou que «há muitas outras características deste isolamento que depois também têm efeitos nefastos nas pessoas» e apelou para que se cuide «dos outros lados da pandemia, nomeadamente do isolamento dos idosos».

Ana Mendes Godinho disse que uma das medidas preventivas para proteger os idosos é «a testagem aos funcionários à entrada dos lares que vai manter-se» no programa de Outono e Inverno que está a ser preparado e pediu «a abertura para as visitas, sempre com medidas de prevenção, para retomar a vida de forma tranquila» também nos lares.

Nuno Marques anunciou que o estudo vai ser enviado para instituições europeias.

 



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