Autárquicas2021: Presidente atual contra ex presidente e os outros à espera em Lagoa

Um ex presidente que quer voltar à cadeira do poder pode baralhar as contas

Há sete candidaturas à Câmara de Lagoa, nas Eleições Autárquicas do próximo dia 26 de Setembro, com a particularidade de até haver dois cabeças de lista que provêm da mesma área política e poderão roubar votos um ao outro, abrindo a porta a eventuais surpresas.

Assim, o PS candidata Luís Encarnação, bancário de profissão, que, apesar de ser o presidente da Câmara lagoense, é a primeira vez que se apresenta como cabeça de lista nas Autárquicas.

É que Luís Encarnação era o vice-presidente da autarquia, quando o enfermeiro Francisco Malveiro Martins, então presidente, renunciou ao cargo, alegando razões de saúde (mas já lá voltaremos). Fazendo jus à regra dos socialistas de candidatar os presidentes em exercício, Encarnação enfrenta pela primeira vez as urnas como cabeça de lista.

Como principal opositor tem…o antigo presidente da Câmara Francisco Martins, que se tinha demitido do cargo em Julho de 2019.

Martins surge agora como líder de um movimento dito independente, que junta nas suas fileiras muitos antigos socialistas. O primeiro candidato à Assembleia Municipal, por exemplo, é Alves Pinto, engenheiro, antigo professor e que, pelo PS, foi cabeça de lista derrotado em anteriores eleições autárquicas.

Quando renunciou à presidência da autarquia, Francisco Martins alegou razões de saúde, mas veio a saber-se que, por trás dessa decisão, estava sobretudo o facto de querer ser candidato a deputado pelo Algarve, em lugar elegível, o que não conseguiu.

Mais tarde, seria compensado com um lugar como assessor da então secretária de Estado da Saúde, a algarvia Jamila Madeira.

Quando esta saiu do Governo, em Agosto do ano passado, Francisco Martins foi nomeado vogal do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, cargo que ainda hoje mantém.

No ano passado, quando começaram as movimentações para a escolha dos candidatos às Autárquicas, Martins tentou voltar a ser o cabeça de lista pelos socialistas, mas essa sua pretensão foi recusada, por ser regra recandidatar os presidentes em exercício.

Face a isso, Francisco Malveiro Martins acabou por candidatar-se num movimento sem apoio partidário. Curioso é que não é a primeira vez que muda de lado. É que o agora líder do Movimento Lagoa Primeiro já tinha sido vereador eleito nas listas do PSD, quando o social-democrata José Inácio Marques Eduardo ganhou a autarquia. Desempenhou então funções como vereador da Cultura, tendo sido um dos pais do Jazz nas Fontes, iniciativa cultural de grande sucesso.

Mas Francisco Martins veio a desentender-se com José Inácio e, nas eleições seguintes, em 2009, candidatou-se à Junta de Freguesia de Lagoa, mas pelo PS, e ganhou. Foi aqui que começou o seu percurso político ligado aos socialistas, agora em rotura.

Quem poderá tirar partido de uma eventual cisão no eleitorado tradicional do PS é o candidato do PSD à Câmara, Mário Vieira, que é atualmente vereador. Lagoa já foi um concelho governado pelos social-democratas – com Jacinto Correia, Joaquim Piscarreta e José Inácio – e o PSD espera recuperar esta Câmara.

 

 

A baralhar ainda mais as contas, há a expectativa sobre o que poderá acontecer com o candidatura do Chega, que é liderada por Hernâni Sousa, gestor comercial.

Há ainda mais três candidaturas à Câmara de Lagoa: Vítor Carapinha, pela CDU, Andreia Pais, pelo Bloco de Esquerda, e Luis Dinis Barroso, pela Iniciativa Liberal (IL).

O partido liderado por João Cotrim Figueiredo, aliás, apenas se candidata à Câmara, não apresentando listas para nenhum dos outros órgãos.

Para a Assembleia Municipal, os socialistas voltam a apresentar, como cabeça de lista, José Águas da Cruz, um respeitado e popular advogado lagoense. O PSD aposta num peso pesado: o antigo presidente da Câmara José Inácio Marques Eduardo. Quanto ao Movimento Lagoa Primeiro, como já se disse, candidata José Alves Pinto.

O Chega apresenta a professora Lurdes Alemão, pelo Bloco de Esquerda concorre Jorge Ramos e pela CDU Carlota Andrade.

Quanto às Assembleias de Freguesia, que atualmente são todas presididas pelo PS, os socialistas voltam a apostar nos mesmos nomes – Joaquim João Paulo em Lagoa e Carvoeiro, Joaquim Varela em Parchal e Estômbar, e Luís Bentes em Porches.

A única exceção é Ferragudo, onde Luís Veríssimo não se recandidata, voltando a ser cabeça de lista Luís Alberto, que já tinha sido presidente desta Junta por três mandatos consecutivos e tem grande experiência autárquica.

Quanto às restantes forças políticas, na Freguesia de Parchal e Estômbar, o Movimento Lagoa Primeiro candidata Clemente Bentes Camarinha, o PSD apresenta Eduardo Ferreira, o BE João Martins, o Chega Bruno Silva Inácio e a CDU Nelson Fernandes.

Na União de Freguesias de Lagoa e Carvoeiro, Elisa Rafael é a candidata do Bloco de Esquerda, Luís Tito (que já foi vereador) representa o PSD, Paulo Bernardo candidata-se pelo Movimento Lagoa Primeiro, Miguel Florindo pelo Chega e João Cabrita pela CDU.

Em Ferragudo, além do regresso de Luís Alberto (PS), os candidatos são Pedro Cardoso (Movimento Lagoa Primeiro), João Rodrigues (PSD) e Helder Almeida CDU.

Nem o Bloco de Esquerda, nem o Chega (nem a IL, como já se tinha visto) se candidatam às Freguesias de Ferragudo ou de Porches.

Assim, em Porches, apresentam-se Manuel Gomes Peres (CDU), Ana Rita Bôto (PSD), e Pedro Fernandes da Silva (Movimento Lagoa Primeiro), além de Luís Bentes (PS), o atual presidente.

Em 2017, votaram no concelho de Lagoa 9.270 pessoas, num universo de 18.793 inscritos, o que corresponde a 49,33% do total (a abstenção foi de 50,67%).

O PS ganhou com maioria absoluta (61%), elegendo 5 dos 7 vereadores, seguido pelo PSD (23,45%, 2 vereadores), Bloco de Esquerda (4,96%), CDU (4,08) e CDS+MPT+PPM (2,56%).

 

 

 

 



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