Cada semana que passa não nos deixa esquecer as ameaças que pairam sobre nós devidas às alterações climáticas. Dando um ar de graça, recordo que o chefe da aldeia gaulesa do Asterix o que mais temia era que o céu lhe caísse em cima da cabeça – parece que agora o céu estará mesmo a desabar sobre as nossas cabeças e ninguém dá por isso!
Soa um tanto a estultícia estar a mandar opiniões quando, quer o IPCC, quer tantos investigadores e cientistas mundiais, o fazem regularmente há muitos anos, mas sempre defendi que os cidadãos activos e medianamente informados devem contribuir para a generalização da informação e da formação da opinião pública – por isso alinho nestas considerações.
Os fenómenos climáticos extremos rebentam por todo o planeta, os incêndios catastróficos erguem-se em todo os continentes, uns e outros já bem perto de nós e sem aviso.
Há dias, o Governador de Nova Iorque alertava que a solução para reduzir tragédias como aquela que se abateu sobre a sua região só surgirá quando, em todo o Planeta, houver unanimidade nas acções a empreender. Voz isolada!
A “Zero”, citando transcrições do IPCC, referia: “O Mediterrâneo é uma das regiões mais vulneráveis do mundo às alterações climáticas, porque há uma tendência de diminuição da precipitação anual, acumulada em cada ano”.
Acrescentava: “Dezenas de milhões de habitantes serão afectados por maior escassez de água, riscos de inundações costeiras e ondas de calor potencialmente mortais”.
Por cá, ignorando a nossa condição mediterrânica, a nossa Direcção Regional de Agricultura, seguindo certamente a orientação nacional, continua a incentivar uma cultura “indispensável” à nossa sobrevivência alimentar, o abacate, em vez de culturas alimentares, que continuaremos a importar.
Será preciso que o céu nos caia mesmo em cima para vermos, do Governo, as medidas de médio e longo prazo para o sector primário, que tardam em chegar, e, da opinião pública, a revolta generalizada, porque com palavrinhas mansas não se vai lá.
Autor: Fernando Santos Pessoa é engenheiro silvicultor e arquiteto paisagista…e escreve com a anterior ortografia.
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