Ainda e sempre as alterações climáticas

Será preciso que o céu nos caia mesmo em cima??

Mapa fornecido pelo IPCC e incluído num artigo de Patrícia Carvalho, no Público

Cada semana que passa não nos deixa esquecer as ameaças que pairam sobre nós devidas às alterações climáticas. Dando um ar de graça, recordo que o chefe da aldeia gaulesa do Asterix o que mais temia era que o céu lhe caísse em cima da cabeça – parece que agora o céu estará mesmo a desabar sobre as nossas cabeças e ninguém dá por isso!

Soa um tanto a estultícia estar a mandar opiniões quando, quer o IPCC, quer tantos investigadores e cientistas mundiais, o fazem regularmente há muitos anos, mas sempre defendi que os cidadãos activos e medianamente informados devem contribuir para a generalização da informação e da formação da opinião pública – por isso alinho nestas considerações.

Os fenómenos climáticos extremos rebentam por todo o planeta, os incêndios catastróficos erguem-se em todo os continentes, uns e outros já bem perto de nós e sem aviso.

Há dias, o Governador de Nova Iorque alertava que a solução para reduzir tragédias como aquela que se abateu sobre a sua região só surgirá quando, em todo o Planeta, houver unanimidade nas acções a empreender. Voz isolada!

A “Zero”, citando transcrições do IPCC, referia: “O Mediterrâneo é uma das regiões mais vulneráveis do mundo às alterações climáticas, porque há uma tendência de diminuição da precipitação anual, acumulada em cada ano”.

Acrescentava: “Dezenas de milhões de habitantes serão afectados por maior escassez de água, riscos de inundações costeiras e ondas de calor potencialmente mortais”.

Por cá, ignorando a nossa condição mediterrânica, a nossa Direcção Regional de Agricultura, seguindo certamente a orientação nacional, continua a incentivar uma cultura “indispensável” à nossa sobrevivência alimentar, o abacate, em vez de culturas alimentares, que continuaremos a importar.

Será preciso que o céu nos caia mesmo em cima para vermos, do Governo, as medidas de médio e longo prazo para o sector primário, que tardam em chegar, e, da opinião pública, a revolta generalizada, porque com palavrinhas mansas não se vai lá.

 

Autor: Fernando Santos Pessoa é engenheiro silvicultor e arquiteto paisagista…e escreve com a anterior ortografia.

 

 



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