Casimiro de Brito homenageado em Loulé pelo seu “Prisma de Cristal”

Quando o “Prisma de Cristal” apareceu só havia em Portugal o suplemento de poesia que era coordenado por Natércia Freire no ‘Diário de Notícias’.

Foto: Mira

«Em Portugal, que na altura estava vitimado pela censura, era extremamente difícil fazer qualquer coisa. Mas o que se fez, fez-se com muito amor, com muito carinho, com muito interesse e com muita gente a querer colaborar». As palavras são de Casimiro de Brito que participou esta sexta-feira, 10 de Setembro, na apresentação da compilação fac-similada do suplemento literário “Prisma de Cristal” que este poeta publicou, de 1956 a 1959, no jornal “A Voz de Loulé”.

«Tenho muitas coisas numa arca lá na minha casa que não foram publicadas por causa da censura», avisou o poeta louletano a toda a audiência da Casa do Meio-Dia, agradecendo a homenagem que a Câmara Municipal de Loulé, no âmbito da Bienal Human XXI, lhe prestou.

«Em Portugal, que na altura estava vitimado pela censura, era extremamente difícil fazer qualquer coisa. Isto que aqui está, não é nem pouco nem mais ou menos o que eu queria, porque havia a censura. Eles prendiam as pessoas. Eu estive lá quatro vezes. Mas saía sempre porque os meus argumentos eram melhores do que os deles [risos]. Mas o que se fez, fez-se com muito amor, com muito carinho, com muito interesse e com muita gente a querer colaborar e isto ainda durou alguns anos, durou alguns anos e…pronto, está feito!», afirmou.

Quando o “Prisma de Cristal” apareceu só havia em Portugal o suplemento de poesia que era coordenado por Natércia Freire no ‘Diário de Notícias’.

«A publicação de Prisma de Cristal funcionou como uma sementeira», notou António Carlos Cortez, poeta, ensaísta, crítico literário e professor, que assina o prefácio da compilação fac-similada agora reeditada pelo Município de Loulé.

E sugeriu: «este Prisma de Cristal, como digo neste prefácio, que era vendido a 4 escudos cada, julgo que deve chegar mesmo aos nossos
jovens hoje, nas escolas, aqui da região. Para que vejam, como é que jovens da década de 50, com 18 anos, ou outros ainda mais jovens, se reuniam para fazer cultura, na luta contra a alienação».

«A sua poesia [de Casimiro de Brito], como é normal, foi evoluindo com o tempo. A Poesia 61 é um marco. [Eles] são, porventura, uma das mais radiosas gerações poéticas do século XX português», assinalou Pere Ferré, professor Catedrático da Universidade do Algarve. Nathalie Dias, atual diretora do ‘A Voz de Loulé’, reafirmou, por seu lado, o compromisso jornal com a cultura e com a publicação de poesia popular.

No evento da Casa do Meio-Dia, cuja transmissão está disponível online, estiveram ainda presentes personalidades como o presidente da Câmara de Loulé Vítor Aleixo, a diretora regional de Cultura do Algarve Adriana Nogueira, o diretor da Bienal Human XXI
Carlos Albino, a diretora Municipal Dália Paulo, a chefe da Divisão de Cultura Ana Rosa ou o deputado à Assembleia da República Luís Graça.

 

 



Comentários

pub