Setor do mel “imune” à pandemia e espera recuperar dos maus anos apícolas

No Algarve e Alentejo registaram-se colheitas normais de mel

O setor do mel não sofreu um impacto significativo face à pandemia de Covid-19 e espera até recuperar dos maus anos apícolas, marcados por quebras de produção até aos 80%, apesar da vespa asiática continuar a ser um problema.

«Os impactos da pandemia no setor do mel não se fizeram sentir, uma vez que o trabalho nunca foi interrompido (à semelhança das outras atividade agropecuárias) e as vendas do produto não sofreram um impacto significativo», adiantou à Lusa a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP).

Conforme apontou, a venda de mel tem uma «sazonalidade marcada», verificando-se um pico entre o Outono e o Inverno, sendo que as quebras notaram-se apenas nos apicultores que fazem muitas vendas em mercados e feiras, situação que foi também confirmada pela Sociedade dos Apicultores de Portugal (SAP).

Segundo a SAP, as perspetivas são agora «promissoras», apesar de a importação de mel de países terceiros e a «deficiente rotulagem dos mesmos» configurar um «sério obstáculo» à comercialização.

A isto acresce a concorrência com mão de obra mais barata e sem os «requisitos higiossanitários europeus».

Já a FNAP perspetiva que 2021 seja um ano de retoma, após os maus anos apícolas de 2018 a 2020, que, nalguns casos, levaram a quebras de produção de 80% devido, nomeadamente, a perturbações climáticas na época da floração.

«A campanha está a terminar no Norte do país e a perspetiva é que 2021 possa ser um ano de retoma para muitos apicultores», notou, acrescentando que, no Algarve e Alentejo, registaram-se colheitas normais e que os preços do mercado mundial estão estabilizados.

Porém, no Centro e no Norte, onde as crestas (recolha do mel das colmeias) são mais tardias, «ainda não se consegue perspetivar se o ano será de retoma».

No que se refere à vespa asiática, tanto a FNAP como a SAP confirmam que continua a ser um problema, sendo que a sociedade de apicultores sublinhou a falta de prevenção e supervisão.

«A vespa, cada vez mais, continua a ser um grave problema. A extensão para Sul atinge já o Alentejo e não me parece que as entidades competentes lhe estejam a dar a importância necessária. Muitas vezes, as empresas contratadas para a sua eliminação fazem-no de forma incorreta, levando à multiplicação dos ninhos», apontou o presidente da SAP, António Hermenegildo, em resposta à Lusa, assegurando que existe também falta de «supervisão e de prevenção».

De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, a produção de mel em Portugal fixou-se em 9.817 toneladas, sendo 9.643 toneladas das quais provenientes do continente.

Os Açores e a Madeira, por sua vez, produziram, respetivamente, 128 e 46 toneladas.

Portugal tem 747.145 colónias e 43.564 apiários registados, segundo dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), referentes a Setembro de 2020.

A FNAP representa perto de 50 associados, entre cooperativas, agrupamentos de produtores e associações, onde se inclui a SAP.

 


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