Tudo o que existe é feito de átomos. Este jornal, a caneta com que escrevo, eu e o leitor, somos constituídos por átomos. Estes átomos, por sua vez, criam moléculas, que formam os materiais que conhecemos.
Os átomos e moléculas são tão pequenos que, qualquer estrutura nanodimensionada como eles, tem que ser ampliada mais de 10 milhões de vezes para a podermos ver a olho nu. Um nanómetro é exatamente 0,000000001 metro. O prefixo “nano” indica extrema pequenez.
A Nanotecnologia refere-se a tecnologias em que a matéria é manipulada à escala atómica e molecular para criar novos materiais e processos, com características funcionais diferentes dos materiais comuns. O objetivo é controlar a estrutura fundamental e o comportamento da matéria a nível de átomos e moléculas.
Mas como se manipulam e controlam os materiais a uma escala nanométrica? Há duas formas, do topo para a base, onde, a partir de matérias de grandes dimensões se recorre à ultraminiaturização, para daí resultarem dispositivos cada vez mais pequenos, ou da base para o topo, onde o fabrico molecular envolve a manipulação de átomos individuais.
As aplicações possíveis encontram-se especialmente em três áreas principais: a Nanoeletrónica, a Nanobiologia e os Nanomateriais.
No futuro, espera-se vir a ser possível, nas Ciências da Vida, obter um rápido diagnóstico de doenças e beneficiar de tratamentos não invasivos, introduzir medicamentos inteligentes que só atuam nas células doentes ou ainda a criação de tecidos artificiais.
Na área das Tecnologias de Informação e Comunicação espera-se vir a ser possível criar eletrónica transparente e flexível, integrar sistemas tradicionais com sistemas biológicos, obter filmes ultrafinos para eletrónica e fotónica, entre outras vantagens.
No campo da Energia, Transportes e Ambiente podemos ter impactos ao nível da criação de nanopartículas e nanomateriais para conversão e armazenamento de energia, novos revestimentos resistentes à corrosão, sensores mais pequenos, ecomateriais e novas tecnologias de separação (membranas e catálise).
As Nanotecnologias devem ser desenvolvidas de uma forma responsável e segura, onde os princípios éticos devem ser respeitados e os riscos potenciais para a saúde, a segurança ou o ambiente devem ser também regulamentados e estudados cientificamente.
Para que a evolução nas Nanotecnologias seja mais rápida, são necessárias pessoas especializadas, infraestruturas adequadas (mais laboratórios), instrumentos capazes (novas técnicas de microscopia, genericamente designadas por Microscopias de Varrimento por Sonda), coordenação de esforços dos profissionais das várias áreas (Biologia, Química. Física, Engenharias, Medicina e Informática), meios financeiros, e cidadãos com espírito crítico e conhecimentos, para refletir em conjunto e contribuir na decisão de até onde podemos e devemos ir em Nanotecnologia.
Nota: Texto escrito por Ivone Fachada no âmbito do projeto Ciência@Bragança e agora disponibilizado para o projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia” da Associação Portuguesa de Imprensa
Autora: Ivone Fachada é diretora executiva do Centro Ciência Viva de Bragança.
Pós-graduação em História da Ciência e Educação em Ciências pela Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra (frequência de um doutoramento interdisciplinar).
Mestre em Gestão e Conservação da Natureza pela Universidade dos Açores.
Licenciada em Engenharia Florestal pelo Instituto Politécnico de Bragança.
Membro da ScicomPt – National Science Communicators Network, fazendo parte da Direção desta Associação entre outubro de 2017 e maio de 2020.
Formadora de professores, credenciada pelo Conselho Científico e Pedagógico de Educação Continuada nos domínios: “A64- Ciências Ambientais” e “D08 – Educação Ambiental”.
Autora ou co-autora de mais de trinta artigos em jornais, conferências e capítulos de livros.
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