Dominar incêndio de Sabóia é «um trabalho de paciência»

EN266 continua cortada

Nelson Inácio|Foto de Arquivo

O incêndio que deflagrou ontem, cerca das 13h00, no sítio de João Martins, na freguesia de Sabóia, em Odemira, ainda está ativo, «mas a percentagem que está dominada está a aumentar», adiantou Carlos Pica, comandante operacional distrital de Beja, no ponto de situação aos jornalistas, feito hoje ao início da tarde.

Para o responsável, controlar este fogo é um «trabalho de paciência», uma vez que «a segurança dos operacionais é sempre posta em primeiro lugar. Estamos a dar passos curtos mas seguros», garantiu.

Carlos Pica adiantou que, durante a madrugada, «houve um trabalho intenso dos operacionais, ajudados pelas máquinas de rasto» que permitiu «conter alguns setores muito complicados». Para isso, contribuiu também «a humidade muito significativa do ar de 80%».

Dos cinco setores do incêndio, há dois ativos, um deles «contido a um determinado espaço entre linhas de água» e outro «a ceder aos meios». Há ainda um terceiro setor que está «15% ativo». Em relação aos dois restantes, um está dominado e outro em vigilância, adiantou Carlos Pica.

Segundo o comandante, foram feitas 17 evacuações preventivas, sendo que as pessoas já regressaram a casa. Carlos Pica não prevê que seja necessário evacuar mais alguém, uma vez que «a área que está a arder não tem qualquer habitação próxima, o que permite direcionar a nossa atenção para o combate direto ao incêndio».

Ainda assim, o responsável diz que os operacionais não podem «baixar a guarda, uma vez que uma faúlha que sai dali pode cair a 500 ou 600 metros, como aconteceu ontem. As projeções vão limitando e condicionando a estratégia».

Para já, o perímetro do incêndio situa-se só no concelho de Odemira, sendo que «não houve situações significativas no distrito de Faro».

Carlos Pica revelou também que o jovem de 20 anos, que ficou ontem ferido, sofreu queimaduras de 1º e 2º graus em 40% do corpo, o que faz dele um ferido grave.

Houve ainda uma pessoa assistida e três feridos leves, «com entorses e más-disposições».

No que diz respeito aos estragos provocados pelo incêndio, José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, considerou que «ainda é cedo para fazer o balanço, mas já temos identificados prejuízos. Ardeu pinhal, montado de sobro e eucalipto» e também «colmeias e zonas de medronhal. Houve projetos agrícolas nessa área que se perderam. Até agora, não temos situações conhecidas de gado afetado, mas o levantamento está a decorrer».

O autarca explicou ainda que na freguesia de Sabóia «a floresta é essencial e predomina aqui essa economia, afetando muita gente».

No que diz respeito a habitações, não há danos a registar, «apenas dois anexos, sem grande expressão», revelou José Alberto Guerreiro.

No combate às chamas estão 694 operacionais, apoiados por 233 veículos, quatro helicópteros e seis aviões.

A EN266 ainda se mantém cortada.

 



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