Coração de Ana Cabecinha encheu-se no regresso a casa

Marchadora conquistou o 20º lugar na prova dos 20 quilómetros marcha em Tóquio

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

Foi de lágrimas nos olhos que Ana Cabecinha chegou, ao início da tarde desta quarta-feira, 11 de Agosto, à sede do Clube Oriental de Pechão, aldeia do concelho de Olhão, onde estava preparada uma receção surpresa para a atleta. Beijos, abraços, ramos de flores e até um bolo não faltaram para agradecer a prestação da marchadora algarvia e do seu treinador, na conquista do 20º lugar na prova dos 20 quilómetros marcha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Dentro da sede do Clube Oriental de Pechão, organizava-se os últimos preparativos para a chegada de Ana Cabecinha, com a distribuição de cadeiras pela sala, a colocação de aperitivos para os convidados e a disposição de fotografias da atleta pelo espaço.

À hora prevista de chegada, as pessoas começaram a aproximar-se da porta para ficarem na fila da frente, com ramos de flores para oferecer.

A marchadora, algarvia por adoção, e o seu treinador Paulo Murta chegaram numa carrinha do clube, enquanto se ouvia na rua o nome de Ana Cabecinha gritado por aqueles que a esperavam.

Após um ano muito difícil para a atleta, durante o qual, em Janeiro, ficou infetada com Covid-19, e, em Abril, perdeu o pai, a emoção tomou conta da marchadora, que chorou enquanto recebia beijos e abraços da família e de amigos.

«No dia de hoje, com tudo o que tenho passado, num dia de semana, não estava a contar ver ninguém à minha espera, nem mesmo uma sala cheia», confidenciou Ana Cabecinha ao Sul Informação.

Foram dezenas de pessoas que, apesar da pandemia, se juntaram para felicitar a atleta pela conquista do 20º lugar conseguido na prova dos 20 quilómetros marcha, disputada na cidade de Sapporo, no Japão.

Ana Cabecinha ficou «de coração cheio e muito feliz com a presença de toda esta gente», numa tarde de calor em Pechão, numa receção que, «sem dúvida, tem um significado muito especial».

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

A participação nesta edição dos Jogos Olímpicos «ficou aquém das expectativas» da atleta, até porque, garantiu, «não foi para isso que treinei e que, em Dezembro, atingi os mínimos para estar em Tóquio», realçou.

Ainda assim, «este 20º lugar é um grande resultado, depois de um ano tão complicado que tive e depois de tanta coisa que passei».

Para Paulo Murta, treinador da atleta, este 20º lugar «só peca porque a Ana Cabecinha já tinha três Top 8 nas últimas edições dos Jogos Olímpicos», mas «não é o lugar que importa e sim a forma como foi conseguido e trabalhado». E, quanto a isso, garante: «tenho bastante orgulho daquilo que fizemos».

Ainda assim, o treinador lamentou que o reconhecimento dos atletas olímpicos seja passageiro.

«As pessoas só se lembram dos Jogos Olímpicos nesta altura de maior vivência da competição. Foram quatro os atletas que ganharam medalhas, mas os outros 88 que estiveram lá [em Tóquio] também precisam de trabalhar diariamente, precisam de manter viva a chama olímpica». No entanto, faltam, muitas vezes, condições para tal.

É também o caso de Ana Cabecinha. Apesar de «sentir muito orgulho do sitio onde treinamos, já precisávamos de um pouco mais», lamentou, lembrando que, em 2008, foi feita uma promessa de melhoria das condições do espaço de treino do Clube Oriental de Pechão…que ainda continua por cumprir.

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Quanto ao futuro, Ana Cabecinha, de 37 anos, não traça, para já, grandes metas. «Por enquanto, é trabalhar e pôr todas as minhas ideias no lugar», para «saber se, no início da época, vou ter todas as forças para continuar».

A presença nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, ainda não é certa, mas a marchadora algarvia garante que a carreira não fica por aqui: «vou continuar a treinar e depois vamos vendo se o corpo consegue resistir mais três anos».

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 



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