Conheça os perigos e os prazeres dos frutos silvestres

Nunca apanhe frutos silvestres para comer se não tiver a certeza de que são inofensivos e, em caso de dúvida, não lhes toque

Beladona (Atropa belladonna L.), a evitar por completo!

Hoje falamos de frutos silvestres, daqueles que abundam nos campos em atraentes cachos de cor vermelha, negra ou púrpura. Quem não se lembra, em miúdo, de apanhar amoras, framboesas ou morangos silvestres? No entanto, temos que ter atenção, pois nem todos os frutos silvestres são comestíveis.

Alguns de aspeto mais apetecível são venenosos e até mesmo mortais. Façamos uma viagem por alguns que devemos evitar por completo, a começar pela beladona (Atropa belladonna L.).

Todas as partes desta planta são perigosas, desde as bagas até às folhas. Cresce entre ruínas e em jardins abandonados e raramente é cultivada devido à sua elevada toxicidade.

Os seus frutos são tóxicos, de cor verde no princípio do verão, passando a negro quando amadurecem (ver imagem). Os sintomas de envenenamento por beladona incluem taquicardia, pupilas dilatadas, alucinação, visão desfocada, garganta seca, entre outros.

O evónimo-europeu (Euonymus europaeus L.), uma árvore ou arbusto alto de copa arredondada, é outra planta perigosa, que surge nos bosques e nas sebes e tem um fruto vermelho-rosado cuja ingestão é prejudicial e pode provocar vómitos intensos no ser humano.

O conhecido teixo (Taxus baccata L.), uma espécie arbustiva ou arbórea de copa piramidal ou alargada, tem apenas os frutos escarlates inofensivos, sendo que todas as outras partes da planta são altamente venenosas, incluindo as sementes no interior do seu arilo carnudo, tendo um efeito paralisante no coração. Outros sintomas de envenenamento das bagas de teixo podem passar por boca seca, vómitos, vertigens, cólicas, dificuldades em respirar, arritmias, quebras de tensão e desmaio.

Outros frutos a evitar são os da briónia (Bryonia dioica L.), do Azevinho (Ilex aquifolium L.) e do alfenheiro (Ligustrum vulgare L.), só para citar algumas plantas.

 

Amoras-silvestres (da silva Rubus ulmifolius S.)

Referidos que estão alguns dos perigos, convido agora o leitor a deixar-se levar pela imaginação e pelo prazer de apanhar frutos silvestres comestíveis, apreciando em plenitude os seus sabores. As amoras-silvestres (da silva Rubus ulmifolius S.) são os mais conhecidos frutos das moitas. A melhor época para as colher é antes de setembro, pois a partir dessa altura tornam-se moles.

As framboesas (do framboeseiro Rubus idaeus L.) pertencem à mesma família das amoras-silvestres e apesar de menos abundantes, são igualmente saborosas, se o leitor me permite a partilha de preferência!

O abrunho, fruto do abrunheiro-bravo (Prunus spinosa L.) amadurece no Verão e, embora seja comestível, possui um travo ácido, pelo que é mais utilizado para fazer vinho ou aromatizar gin.

O conhecido mirtilo (Vaccinium myrtillus L.), o sabugueiro (Sambucus nigra L.) e o morango-silvestre (Fragaria vesca L.) são outras espécies com bagas deliciosas que podem ser apreciadas sem perigos.

Lembre-se desta última recomendação: nunca apanhe frutos silvestres para comer se não tiver a certeza de que são inofensivos e, em caso de dúvida, não lhes toque.

 

Nota: Texto escrito por Ivone Fachada no âmbito do projeto Ciência@Bragança e agora disponibilizado para o projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia” da Associação Portuguesa de Imprensa

 

Autora: Ivone Fachada é diretora executiva do Centro Ciência Viva de Bragança.
Pós-graduação em História da Ciência e Educação em Ciências pela Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra (frequência de um doutoramento interdisciplinar).
Mestre em Gestão e Conservação da Natureza pela Universidade dos Açores.
Licenciada em Engenharia Florestal pelo Instituto Politécnico de Bragança.
Membro da ScicomPt – National Science Communicators Network, fazendo parte da Direção desta Associação entre outubro de 2017 e maio de 2020.
Formadora de professores, credenciada pelo Conselho Científico e Pedagógico de Educação Continuada nos domínios: “A64- Ciências Ambientais” e “D08 – Educação Ambiental”.
Autora ou co-autora de mais de trinta artigos em jornais, conferências e capítulos de livros.

 



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