Combate noturno ao incêndio correu bem, mas calor e mudança do vento preocupam

Via do Infante já reabriu

O combate ao incêndio que começou ontem em Castro Marim «decorreu de forma bastante favorável» durante a noite de hoje, mas as autoridades estão preocupadas com as condições meteorológicas que terão de enfrentar, principalmente à hora de maior calor, anunciou há momentos, num briefing, Richard Marques, comandante operacional Regional de Emergência e Proteção Civil.

Este responsável salientou «a noite de trabalho árduo de 613 mulheres e homens», que permitiu «executar plano de combate mesmo sem janela de oportunidade», já depois de as chamas terem alastrado aos concelhos de Tavira e Vila Real de Santo António.

Esta ação permitiu, para já, reabrir a Via do Infante entre Castro Marim e Tavira, que estava cortada ao trânsito desde ontem.

Richard Marques revelou, ainda, que forma retiradas 81 pessoas de 12 localidades, «por precaução».

Parte destas pessoas estão em duas zonas de apoio, uma em Tavira, «ainda com 26 pessoas», e outra em Castro Marim, com sete pessoas, «mas que já estão a regressar às habitações».

Quanto a feridos, houve o bombeiro que sofreu queimaduras, mas que «já está em casa», não se tendo registado nenhum entre a população.

«Estão a decorrer trabalhos de consolidação no perímetro, que é bastante amplo. Estamos a consolidar, com o objetivo de suster a progressão do incêndio e sustentar a capacidade de o travar», disse.

Este tem sido, de resto, um incêndio particularmente difícil de combater, tendo em conta a sua elevada taxa de expansão, que é de «650 hectares por hora».

O incêndio «lavrou com grande intensidade» e tem «um perímetro de 43 quilómetros». A área afetada é de 9000 hectares e o «potencial deste incêndio é de 20 mil hectares», resumiu Richard Marques.

Para esta terça-feira, não se prevê um cenário melhor.

«Ao longo do dia de hoje, o quadro será muito semelhante ao dia de ontem, em relação às temperaturas, que serão elevadas», disse o comandante operacional regional.

O vento é outro grande inimigo, com a agravante que há «uma variável nova, a rotação do vento, que vai coincidir com período crítico do dia e vai trazer maior preocupação na sustentação deste trabalho».

Ou seja, o quadro meteorológico «é desafiante. Temos pontos quentes no perímetro que importa consolidar e um plano estratégico de ação que passa por garantir que não há reativações».

O comandante operacional regional deu conta «de um ponto quente a norte da mata nacional», mas também de uma zona «no flanco direito, a oeste, que requer consolidação em pontos específicos que estão identificados».

«Não podemos dizer que está dominado, só podemos dizer que está quando pudermos garantir que não vai ultrapassar o perímetro. Mas queremos dominá-lo», garantiu Richard Marques.

Na realidade, os bombeiros já conseguiram dominar este incêndio uma vez, mas houve um reacendimento forte, que criou uma nova frente «em direção a zonas mais habitadas».

Isto «levou à priorização da proteção das pessoas».

Apesar de não haver danos humanos, há avultados prejuízos materiais.

E se Marco Henriques, o oficial da GNR presente no briefing, diz que apenas tem informação de uma oficina afetada e que «não houve habitações destruídas», Ana Paula Martins, presidente da Câmara de Tavira, assegura ter visto «edificações parcialmente destruídas, bem como armazéns e bens das pessoas».

«Eu assisti a famílias em desespero porque havia plantações alfarrobeiras, pinheiros, o seu rendimento agrícola, e viram reduzido a zero todo o rendimento. Vi casais jovens em desespero porque viram perdido o rendimento. Já contactei ministério da agricultura, que prometeu ajudas idênticas às que foram para Monchique», descreveu, por seu lado, Francisco Amaral, presidente da Câmara de Castro Marim.

Já Luís Romão, presidente da autarquia de Vila Real de santo António, salientou «a ação cívica das pessoas na retirada dos animais do canil/gatil».

Segundo Richard Marques foram levados daquela infraestrutura e movidos para concelhos vizinhos «80 cães e 110 gatos».

O incêndio deflagrou à 1h05 da madrugada de segunda-feira, no sítio da Pernadeira, na freguesia de Castro Marim, tendo obrigado a evacuar montes  e levar os seus habitantes para o Azinhal.

O ataque musculado dos meios aéreos, ontem de manhã, permitiu que o incêndio entrasse em fase de resolução às 10h20. No entanto, a meio da tarde, houve um reacendimento forte, que se propagou rapidamente.

 

 

 



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