Projeto pioneiro do CoLAB do Turismo arranca no Algarve para garantir futuro mais sustentável

Este é um «projeto pioneiro em Portugal», que visa valorizar e dignificar o emprego no setor

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação / arquivo

É «um projeto pioneiro em Portugal», que tem sede no Algarve e se destina a preparar o setor turístico para um futuro mais sustentável. Trata-se do Laboratório Colaborativo (CoLAB) do Turismo, que arrancou esta quinta-feira, 8 de Julho. Há já perspetivas de abrir polos a nível nacional e, mais tarde, de trabalhar pelos cinco continentes.

O Laboratório Colaborativo do Turismo, (Knowledge to Innovate Professions in Tourism, na sua designação em inglês, ou apenas KIP) terá sede nas instalações do Inovacenter – Centro de Competências Tecnológicas, localizado na Área Empresarial de Loulé, convite a que a autarquia louletana aderiu.

«É pela inovação que os territórios se conseguem transformar naturalmente, por isso, não podíamos deixar de entrar neste barco e de dar o nosso contributo», revelou Vítor Aleixo, presidente do município de Loulé, durante a sessão de inauguração.

O autarca evidenciou ainda que este Laboratório é fundamental «para podermos encontrar novas formas para que o turismo, nesta região de excelência do país, possa qualificar-se, possa abraçar desafios novos, que passam, neste caso, pela colaboração e sobretudo pela inovação».

A cerimónia de inauguração do CoLAB decorreu na tarde desta quinta-feira, 8 de Julho, no Grande Auditório do campus de Gambelas da Universidade do Algarve, precisamente uma das entidades da academia que participam no laboratório.

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que presidiu à cerimónia, salientou que «os laboratórios colaborativos correspondem a uma nova fase da maturidade científica nacional, em termos do que é o desejo e a ambição de fazermos sempre mais e melhor, e de nos posicionarmos como um país inovador, que produz conhecimento, mas que também valoriza económica e socialmente esse conhecimento».

«Este laboratório não é para ser um centro de investigação, mas tem que ter centros de investigação, não é uma escola, não é uma instituição de ensino superior, não é uma empresa, mas tem que se diferenciar naquilo que este setor precisa em Portugal», reforçou Manuel Heitor.

 

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, que participou via online na sessão, realçou que este é um passo que faltava na região algarvia.

«Hoje é um dia importante porque, como bem sabemos, o Algarve tem todas as condições para desenvolver um turismo de excelência. Aliás, tem sido reconhecido por este mundo fora por essa mesma excelência, mas, de facto, faltava aqui um passo importante».

A governante garante que «o Algarve é, de facto, uma região portuguesa mundialmente conhecida pelo seu setor turístico», mas agora passará a sê-lo também «através deste projeto, pela produção de conhecimento associada ao turismo».

O KIP(Knowledge to Innovate Professions in Tourism) visa valorizar e dignificar o emprego no setor do turismo, «assumindo o fator humano como o centro dos processos de inovação e das vantagens competitivas que contribuem para um desenvolvimento mais resiliente e sustentável», explicou Antónia Correia, uma das responsáveis da comissão instaladora do laboratório.

A trabalhar em parceria com as universidades (mais investigação), com o governo (melhores decisões) e com negócios (mais inovação, melhores competências e mais competitividade), o KIPT quer tornar-se numa referência dentro e fora de Portugal, mostrando ao setor que «é possível crescer na profissão e chegar ao topo da cadeia».

Tem ainda como missão tornar-se numa plataforma colaborativa que apoiará decisores políticos, agentes privados, estudantes e profissionais do setor, através de projetos de investigação e informações atualizadas. O CoLAB irá assim beneficiar o turismo, bem como os negócios, as pessoas e o território.

«Poucos sabiam em que é que este projeto consistia, mas todas [as empresas] aderiram de uma forma entusiástica», revelou Antónia Correia, acrescentando que «somos 20 empresas, poderíamos ser muito mais, mas infelizmente os regulamentos não o permitem».

Apesar de limitadas, Antónia Correia não descartou novas parcerias, reforçando que «convocaremos mais instituições para colaborar connosco, sejam associados, parceiros estratégicos ou apenas colaborações».

«Queremos trabalhar com pessoas e para pessoas, queremos aproximar-nos delas, ajudá-las a desenvolver as competências que necessitam para realizar os seus sonhos», salientou a responsável.

O Laboratório tem já um «plano de investigação assente em três eixos estratégicos de ação: conhecimento, observação e disseminação», porque a sua equipa acredita que «não pode haver planeamento, nem desenvolvimento, se não tivermos informação, e gostaríamos que esta informação fosse em tempo real e muito interativa», concluiu.

Por seu lado,  Marco Vieira, diretor da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), sublinhou que o Laboratório Colaborativo «será uma importante ferramenta para materializar a aproximação entre as empresas e a academia, contando, neste caso também, com a colaboração e o papel ativo de outros agentes».

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Carlos Moura, vice-presidente da Associação de Hotéis, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), disse ver com agrado dois dos eixos estratégicos, o conhecimento e a observação, «porque dados não são informação e nós temos um défice enorme de conhecimento de informação sobre essas atividades».

«Há quem olhe muitas vezes para a restauração como um parceiro mais pobre do ponto de vista do conhecimento, da investigação, do desenvolvimento e das qualificações. Não é. É pela sua dimensão económica e pela dimensão social, um grande pilar do turismo», acrescentou Carlos Moura.

Antónia Correia, responsável pelo projeto, já tinha anunciado que o trabalho do CoLab estará «dividido em cinco áreas de desenvolvimento: informação;  certificação, qualidade e sustentabilidade; inovação; empreendedorismo; e formação e educação, carreira e competências»,  com o objetivo de «dar resposta aos constrangimentos do setor».

Esta última área foi um dos aspetos que Marco Vieira, diretor do NERA, salientou: «permitam-me sublinhar a importância da formação e educação para a qualidade e sustentabilidade do nosso destino turístico. Digo isto, tendo presente que nos encontramos no Algarve, região onde o turismo tem uma importância determinante na economia e, consequentemente, no emprego».

Também José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, realçou a necessidade de «requalificar a nossa região». «Precisamos de valorizar a nossa resposta do ponto de vista do turismo, mas precisamos todos desse esforço e dessa monitorização» por parte do CoLAB, defendeu.

Já João Fernandes, presidente da Associação Turismo do Algarve, reforçou a importância da criação do Laboratório Colaborativo do Turismo, realçando que Portugal é fraco, quanto à produção do conhecimento relativamente ao setor turístico.

«Se formos ver os índices de competitividade do turismo, percebemos o ranking com que todos nos vangloriamos, de 12º país mais competitivo do mundo no setor do turismo. Mas, relativamente aos indicadores, vemos que, na produção do conhecimento, estamos ainda muito longe daquilo que gostaríamos».

O KIPT resulta de uma iniciativa da Faculdade de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia, que se fez representar por Hélia Gonçalves Pereira, reitora da instituição, «muito defensora da criação deste laboratório».

A reitora salientou o facto deste ser «um laboratório com um perfil altamente diferenciador», que irá «acrescentar valor a uma área que, em termos setoriais, foi e é crítica para o nosso país: o turismo, ligando-o à componente de inovação, esta que é central e que é um fator crítico de sucesso, hoje, em qualquer setor de atividade».

 

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Este projeto conta com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia e terá uma liderança conjunta de entidades parceiras ligadas à ciência, tecnologia e ensino superior, à governação turística, aos sistemas de informação, à certificação, à hotelaria e restauração, à operação, às agências de viagens, à sustentabilidade e à inovação e empreendedorismo.

São elas as Universidades do Algarve, de Évora e Lusófona, os Institutos Politécnicos de Leiria e de Bragança, a UNIAUDAX – Centro de Empreendedorismo e Inovação e ainda o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Fazem também parte o Turismo do Centro, Município de Loulé, Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, bem como as empresas Algardata Sistemas Informáticos, SGS Portugal, Salvor – Sociedade de Investimentos Hoteleiros, Pestana Hotel Group, Vila Galé – Sociedade de Empreendimentos Turísticos, HOTI STAR- Portugal Hotéis, Media Invest MITG, Prizmakat, BLue Geo Lighthouse, Logical Safety e UPSTREAM – Valorização do Território.

O Laboratório Colaborativo do Turismo está já a pensar em internacionalizar a sua investigação e as suas ações.

«Vamos ter, para já, a sede no Algarve, mas temos a ambição de trabalhar em todo o país no próximo ano. Muito provavelmente abriremos polos noutros locais de Portugal. Mais tarde pretendemos também estender o âmbito deste projeto aos países de língua portuguesa e queremos também continuar uma tradição de internacionalização pelos cinco continentes», concluiu Antónia Correia, umas das responsáveis pelo inovador Colab do Turismo.

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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