Ainda há dúvidas, sobretudo em relação aos autotestes, mas, no geral, a medida, anunciada ontem, 8 de Julho, de obrigar à apresentação do certificado de vacinação ou de um teste negativo à Covid-19 para frequentar o interior de um restaurante, ao fim de semana, até é vista como uma forma de abrir a economia, permitindo a estes espaços funcionar num horário mais alargado.
Com um aumento de casos de Covid-19 em todo o país, o Governo decidiu que, já a partir deste sábado, quem quiser comer no espaço interior de um restaurante, nos concelhos de risco elevado ou muito elevado (há 9 no Algarve nesta situação), tem de ter o certificado de vacinação ou um teste negativo contra a Covid-19.
Nos hotéis de todo o país, também passa a ser obrigatório o mesmo procedimento.
Na véspera da entrada em vigor desta medida, o Sul Informação foi falar com empresários, hoteleiros e associações representativas destes setores para perceber o real impacto desta nova regra.
Para Daniel Alexandre do Adro, diretor geral do Hotel Quinta do Lago e vice-presidente da Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), foi «um dado de sinal de abertura da economia», uma vez que, nos concelhos de risco muito elevado, os restaurantes passam a poder funcionar até às 22h30 – e não até às 15h30 como até agora acontecia.
«No geral, são medidas que não podemos deixar de saudar porque é boa para a atividade económica esta abertura. Parece-nos que este é o caminho – é um passo positivo», considerou.

O uso do certificado digital de vacinação era, de resto, «algo que já tinha vindo a ser pedido há algum tempo», mas este responsável ainda vê algumas questões por clarificar, como os autotestes à entrada.
«Neste momento, ainda aguardamos a publicação em Diário da República para clarificar algumas questões, como os autotestes. É um ponto em que os nossos associados estão ainda com muita incerteza: como será operacionalizado? Será necessário um registo depois do teste? E o regime de proteção de dados?», interrogou.
Miguel Gião, proprietário de vários restaurantes em Faro, também considera que a «ideia parece ser abrir um pouco a economia», mas deixa uma sugestão: «se temos a obrigatoriedade de um teste ou certificado, acho que poderíamos funcionar no horário normal».
Quanto aos autotestes, Miguel Gião revelou que, em princípio, haverá, à entrada dos espaços que dirige, «uma nova zona com uma pessoa a controlar e a vigiar os testes».
«Eu, pessoalmente, não vejo nenhum tipo de problema: acho que o futuro passa mais por estes testes e nós vamos ter de nos adaptar», considerou.
E a necessidade de fazer um teste para frequentar o interior de um restaurante não irá afastar os clientes? Daniel Alexandre do Adro acredita que não, porque «há muita vontade de sair».
«Além disso, temos de realçar que esta é uma medida só para o interior dos restaurantes e que, nesta altura de Verão, todos os consumidores pedem mais as esplanadas», explicou.
Também os hotéis foram contemplados com novas medidas, passando a ser obrigatório a apresentação do certificado digital ou de um teste negativo à Covid-19, no check-in.
Ao Sul Informação, João Soares, diretor geral do Dom José Beach Hotel, de Quarteira, e delegado regional da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), disse que as novas regras o apanharam «de surpresa».

«Foi uma medida comunicada a uma quinta-feira, para ser implementada no sábado e que não é fácil de operacionalizar», considerou.
O hoteleiro vê a «questão da fiscalização dos autotestes e do registo» como um problema, mas garante que, a partir de sábado, tudo «estará pronto para receber os clientes».
«Para já, vamos criar um espaço onde se poderão fazer os testes, alocando um empregado para essa zona que fará o registo dos testes na altura do check-in», adiantou.
Neste momento, o Dom José está «com uma ocupação de 50% e, em Agosto, são esperados «números um pouco superiores».
«É importante dizer que nenhum cliente será impedido de fazer férias. Parece-me que, se alargamos esta medida a toda a economia, podemos ter aqui um Algarve, enquanto destino turístico, na sua plenitude porque as pessoas estão todas testadas ou com o certificado», concluiu.
De resto, a própria AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, além de já ter pedido que o certificado digital passasse a permitir um maior funcionamento dos restaurantes, defendeu, esta sexta-feira, que, com as novas regras, os bares e discotecas também deveriam poder voltar a funcionar.
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