Escolas do Algarve e de Odemira com muitos alunos migrantes vão ter mais recursos

Escolas com mais de 20% de alunos migrantes passam a integrar o programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária

Os Agrupamentos de Escolas de Albufeira, Aljezur, D. Dinis (Loulé) e Vila do Bispo, no Algarve, e de São Teotónio e Sabóia, ambos em Odemira, passaram a integrar o programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), por terem mais de 20% de alunos migrantes e vão passar a usufruir de mais recursos e apoios.

O Ministério da Educação deu conta que, conforme o que está  previsto no “Plano 21|23 Escola+”, «o programa TEIP passará a incluir escolas com uma percentagem elevada de alunos migrantes ou que não têm o português como língua materna».

«Através desta iniciativa, as escolas com mais de 20% de alunos migrantes disporão de mais recursos de docentes e técnicos e do apoio de especialistas para o desenvolvimento do seu plano de atividades», segundo o Governo.

«Reconhece-se, assim, a necessidade de apoiar os alunos migrantes para que acedam ao currículo, sobretudo neste momento em que, durante os períodos de confinamento, se viram privados da imersão linguística», acrescenta o ministério.

Esta é uma boa notícia, tanto para José Gonçalves, como para José Carlos Rolo, presidentes da Câmara de Aljezur e Albufeira, respetivamente.

«Esta inclusão é muito importante, porque nos vai permitir aceder a apoios e mais recursos e isso é sempre bom», considerou José Carlos Rolo, em declarações ao Sul Informação.

 

José Carlos Rolo

 

José Gonçalves também realça ao nosso jornal o aumento de recursos, salientando que «é isso que se espera para as baixas densidades, que haja uma atenção especial».

«Desejamos e queremos muito que o reforço de recursos seja a vários níveis. Não só na educação, mas também em outras áreas», disse.

Os concelhos onde se situam estes seis agrupamentos são marcados pela grande quantidade de nacionalidades que coabitam o território.

Este é, de resto, o ponto que une estes seis Agrupamentos, apesar das diferenças sócio-económicas e de densidade populacional que existem entre os concelhos de Albufeira e Loulé, mais populosos e mais abastados, e Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, concelhos com menos habitantes e mais periféricos.

«As escolas de Albufeira chegaram a ter alunos de mais de 70 nacionalidades. Só numa escola do primeiro ciclo, precisamente desse Agrupamento de Escolas de Albufeira, havia 30 ou 40 nacionalidades diferentes», revelou o presidente da Câmara de Albufeira.

«Temos diferentes tipos de imigração. Há um tipo de imigrante, mais sazonal, principalmente vindo da Ásia – Nepal, Índia – que não constitui família. Vêm, juntam dinheiro e voltam», disse.

«Depois, há outras nacionalidades, como as pessoas que vêm do Brasil, mas não só, que se fixam e, em muitos casos, acabam por constituir família», acrescentou José Carlos Rolo.

A atual capacidade de fixação destes territórios é, de resto, notória nos dados preliminares dos Censos 2021, ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, que indicam que a região do Algarve – ajudada por estes quatro municípios – e o concelho de Odemira são aqueles, no país, cuja a população mais cresceu, em termos percentuais, nos últimos dez anos.

 

José Gonçalves

 

«As nossas escolas têm vindo a conhecer, nestes últimos anos, um acréscimo de alunos. E este ano, especialmente, num universo de 500 e poucos estudantes, temos mais 125 alunos. Portanto, é quase 25% mais do que tivemos no ano anterior», contou ao Sul Informação José Gonçalves.

E estamos a falar de um concelho que «só tem ensino até ao 9º ano», com os jovens a terem, a partir do Secundário, de ir estudar para concelhos vizinhos.

«Temos, seguramente, perto de 30 nacionalidades nas nossas escolas, num total de cento e qualquer coisa alunos. Alemães, holandeses, franceses, ingleses, mas também do Egipto, do Nepal e até dos Estados Unidos da América. É um ponto de encontro de culturas interessante, que é muito importante, desafiante e, diria, estimulante», considerou o presidente da Câmara de Aljezur.

O programa TEIP é uma iniciativa governamental, implementada atualmente em quase centena e meia de agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas do país.

Originalmente, a iniciativa destinava-se a instituições que se localizam «em territórios económica e socialmente desfavorecidos, marcados pela pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso escolar mais se manifestam», segundo o Ministério da Educação.

A partir de agora, o programa abrange, igualmente, os territórios com maior percentagem de população migrante.

«São objetivos centrais do programa a prevenção e redução do abandono escolar precoce e do absentismo, a redução da indisciplina e a promoção do sucesso educativo de todos os alunos», conclui a tutela.

 

 

 



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