Medicina: Câmaras agarraram «oportunidade» de ajudar na «promoção da saúde no Algarve»

As 16 Câmaras do Algarve vão contribuir com 600 mil euros

Não é uma obrigação, nem sequer a «função primeira das autarquias», mas os 16 presidentes de Câmara do Algarve não podiam «deixar fugir a oportunidade» de financiar o aumento de vagas no Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve e, com isso, ajudar à «promoção da saúde» na região, defendeu António Pina, presidente da AMAL.

Nos próximos quatro anos, vão ser investidos quase 2 milhões de euros neste curso da universidade algarvia, ao abrigo de um protocolo assinado na quinta-feira entre a UAlg, a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).

Desta verba, 600 mil euros serão garantidos pelas 16 Câmaras Municipais da região. A universidade entra com 1 milhão de euros e o ministério com 300 mil.

A oportunidade de que fala António Pina foi o desafio lançado há cerca de um ano pelo ministro Manuel Heitor, de aumento das vagas no curso de Medicina.

«E aqui estamos hoje. Este ano, já passámos das 48 para as 64 e queremos atingir as 100 vagas, que é retomar o objetivo inicial. Quando este curso foi criado, era essa a ideia», disse, na quinta-feira, o membro do Governo, à margem da assinatura do protocolo.

 

Manuel Heitor – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Entretanto, houve um processo longo de capacitação da universidade, que respondeu de forma inédita. A recomendação era fazer com mais investigação, com mais formação avançada e com parcerias estratégicas, e a UAlg fê-lo, sobretudo com a Fundação Champalimaud», resumiu Manuel Heitor.

Para o governante, «a universidade e o grupo da Medicina e das Ciências Biomédicas tiveram a capacidade de perceber os outros – os pares, os avaliadores – e de se modernizar».

«Hoje, têm uma oferta totalmente inovadora em termos da formação médica a cientistas, da formação científica para médicos e do reforço dos cuidados de saúde no Algarve», acrescentou.

«Havia uma oportunidade e essa oportunidade era agora. Se não a agarrássemos, não a teríamos mais. E é dentro deste contexto que, embora percebendo que esta não é a função primeira das autarquias, entramos com os 600 mil euros. Não podíamos deixar fugir esta oportunidade», afirmou , por seu lado, António Pina.

«Com este protocolo de quatro anos, vamos conseguir criar as condições para que a Universidade, ao fim deste tempo, tenha o dobro dos alunos de Medicina do que tinha o ano passado, chegando a ultrapassar a centena de alunos, quando antes não chegava à meia centena. O fito é a promoção da saúde no Algarve», acrescentou o presidente da AMAL.

 

António Pina – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

É que, apesar de não serem todos, «há uma percentagem interessante de médicos formados na UAlg que fica no Algarve. Esta é uma forma de garantir que as famílias algarvias têm cada vez mais médicos, porque metade dos que ficam na região vão para os cuidados de saúde primários. A outra metade dispersa-se pelas diferentes especialidades, pelo que vão colmatar as falhas dos tão necessitados quadros do nosso CHUA».

«No fundo, estamos a investir para que os algarvios tenham melhores cuidados de saúde, no futuro», disse o autarca.

Esta ideia foi reforçada por Manuel Heitor. «Hoje em dia, isso faz parte. O reforço da educação e da investigação é um esforço coletivo. E este é um exemplo da articulação de fundos nacionais, com fundos regionais e locais», disse.

«A sinergia entre diferentes tipo de fundos é aquilo que poderá fazer as regiões evoluir», reforçou o ministro.

 

Paulo Águas – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Segundo Paulo Águas, reitor da UAlg, «uma parte substancial deste dinheiro irá para equipamento».

«Isto é uma área muito exigente em termos de equipamento e temos de o renovar constantemente. Também há uma verba destinada aos recursos humanos, mas a maioria é para equipamento», resumiu.

A inclusão de mais recursos humanos nesta “conta” deve-se ao facto de o aumento de vagas a isso obrigar. «Se vamos chegar às 96 vagas, depois os que entram neste ano, passam para o ano seguinte e continuam cá».

«Dentro de pouco tempo, teremos mais cerca de 200 alunos. E precisávamos deste contrato para alavancar esse processo. Depois, entraremos em velocidade de cruzeiro, altura a partir da qual isto será exclusivamente financiado pelo Orçamento de Estado. Até lá, há este contributo», concluiu Paulo Águas.

O ministro Manuel Heitor aproveitou a sua passagem pela UAlg para deixar rasgados elogios ao centro académico Algarve Biomedical Center (ABC), que «não é apenas conhecido aqui na região, é uma referência nacional e europeia».

«O trabalho da Universidade, do ABC, do Nuno Marques e da Isabel Palmeirim, deve ser reconhecido, porque fizeram daqui e de uma instituição algarvia um referência europeia para o que é o funcionamento de um centro académico clínico, articulando a atividade de cuidados de saúde, com a educação médica e atividades de investigação e inovação», afirmou o membro do Governo.

 

 

 

 



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